Diário do na 2ª feira, 28.01.2019
Queda da Vale após desastre derruba bolsa
Comentário.
No primeiro pregão após o triste desastre humanitário e ambiental de Brumadinho, o Ibovespa encerrou abaixo dos 96 mil pts, caindo 2,29% ao final da sessão.
Os papéis da mineradora Vale, com relevante peso na carteira do índice, registraram a maior queda em mais de 25 anos, fechando com perdas superiores a 24%.
A tragédia, que já contabilizou diversas mortes, acarretou, no âmbito corporativo, a suspensão do pagamento de JCP e dividendos, e ampla possibilidade de revisão para baixo do rating da empresa, bem como o bloqueio de mais de R$ 11 bilhões do seu caixa.
Além disto, no exterior, os principais mercados acionários também caíram, influenciando negativamente o Ibovespa, ante elevação de aversão ao risco oriunda tanto da desaceleração global como dos possíveis desdobramentos da já longa guerra comercial nos resultados das empresas norte americanas.
Domesticamente, o dólar e os juros futuros encerraram praticamente estáveis, contrapondo a forte penalização da bolsa.
Ibovespa.
O principal índice doméstico sofreu firme recuo logo nos primeiros minutos de pregão, refletindo, principalmente, a acentuada queda das ações da Vale, após o desastre de Brumadinho.
O Ibovespa chegou a operar abaixo dos 95 mil pts, ao mesmo tempo que outra blue chip, a Petrobras, também registrava fortes perdas, acompanhando a queda do preço do barril do petróleo no exterior. Ao final, o prejuízo do índice apenas não foi pior, em razão dos firmes ganhos de Ambev e dos bancos. Ao todo, 26 dos 65 papéis caíram.
O Ibovespa fechou aos 95.443 pts (-2,29%), acumulando alta de 8,60% no mês e no ano, e de 11,59% em 12 meses. O robusto giro financeiro preliminar da Bovespa foi de R$ 24,6 bilhões, sendo R$ 23,7 bilhões no mercado à vista.
Agenda Econômica.
Relatório Focus: a mediana do IPCA para 2019 caiu de 4,01% para 4,00%, bem abaixo da meta (4,25%) para o ano. Já a mediana do PIB de 2019 recuou de 2,53% para 2,50%, ao passo que a estimativa mediana para o crescimento em 2020 foi reduzida de 2,60% para 2,50%.
O país registrou novo déficit em conta corrente de US$ 815 milhões em dezembro, ante resultado negativo de US$ 795 em novembro – abaixo do consenso de US$ 300 milhões.
Câmbio e CDS.
A divisa norte americana fechou com ligeira alta ante o real, distante, entretanto, da máxima do dia, quando o dólar chegou a se aproximar dos R$ 3,79. No exterior, a moeda teve comportamento misto, mas o recuo ante as moedas emergentes na 6ª feira, 25.01, quando o mercado doméstico estava fechado, favoreceu o real na sessão de hoje aliviando o avanço.
O dólar comercial (interbancário) encerrou em R$ 3,7670 (+0,12%), acumulando uma queda de -2,79% no mês e uma alta de 20,04% em 12 meses.
Risco País
O risco medido pelo CDS Brasil de 5 anos subiu a 173 pontos ante 172 pontos da última sessão.
Juros.
Os juros futuros encerraram a sessão regular praticamente estáveis em toda a estrutura a termo, mas com ligeiro viés de alta nos contratos de longo prazo em dia de elevada cautela e liquidez reduzida.
A desaceleração do dólar na parte final da sessão também contribuiu para o fechamento das taxas em patamares próximos ao da quinta-feira (24).
Para a semana.
Brasil: IGP-M; PNAD contínua; Dados fiscais; Indicadores do mercado de crédito; Produção industrial; PMI.
EUA: Decisão Fomc; PIB; Payroll; ADP; entre outros indicadores represados pelo shutdown, caso haja a resolução do mesmo.
Alemanha: IPC; PMI.
França: IPC; PMI;
Japão: Produção industrial; PMI;
China: PMI.
Confira no anexo a integra do relatório de análise do comportamento do mercado na 2ª feira, 28.01.2019, elaborado por RICARDO VIEITES, CNPI, do BB Investimentos