Diário do Mercado na 5ª feira, 23.04.2020
Ibovespa recua com preocupações externas e questão fiscal
Comentário.
O índice brasileiro chegou a abrir em alta, mas na parte da tarde sucumbiu às perdas de forças das bolsas de Nova York e a percepção da questão doméstica fiscal.
Externamente, declaração do presidente norte-americano, Donald Trump, deu a entender que o isolamento social por causa do coronavírus poderia ser estendido, podendo postergar seu plano de reabertura da economia local. De outra mão, foi noticiado que testes clínicos de um possível medicamento eficaz contra a patologia não trouxeram inicialmente os resultados favoráveis esperados.
Também, houve por parte dos agentes uma elevação da aversão ao risco em relação aos emergentes, por conta de temores em relação aos futuros déficts fiscais desses países.
Internamente, boatos de troca no primeiro escalão do governo chegaram a trazer instabilidade, mas logo foram deixados de lado. Neste cenário, os índices acionários norte-americanos fecharam divergentes, mas não distantes da estabilidade.
O dólar comercial avançou para novo recorde histórico, encerrando a R$ 5,5290 (+2,22%). Os juros futuros com firmes altas levantaram como um todo sua curva de estrutura a termo.
Ibovespa.
O índice iniciou positivo, mas foi perdendo forças após meio dia e meia foi perdendo forças, entrando definitivamente em campo negativo depois das 13h40min, chegando a cair -2,56% na mínima do dia.
O Ibovespa fechou aos 79.673 pts (-1,26%), acumulando +0,86% na semana, +9,11% no mês, -31,11% ano e -16,94% em 12 meses. O preliminar giro financeiro da Bovespa foi de R$ 24,8 bilhões, sendo R$ 22,4 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
No dia 20 de abril, a Bovespa computou entrada líquida de R$ 1,322 bilhão, apurando saída líquida de R$ 347,419 milhões no mês (após retirada líquida mensal recorde de R$ 24,207 bilhões em março). Em 2020, acumula saldo negativo de -R$ 64,684 bilhões (acima a saída líquida anual recorde de -R$ 44,517 bilhões em 2019).
Agenda Econômica.
Nos EUA, o PMI manufatura baixou a 36,9 pts na prévia de abril ante 48,5 em março. Já as vendas de casas novas caíram -15,4% em março (-4,6% em fevereiro).
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) teve um início oscilante, mas, depois das 10:15min, prosseguiu em trajetória ascendente ao longo da sessão até seu fechamento.
O Banco Central efetuou dois leilões de swap cambial, no montante de US$ 1 bilhão para suprir liquidez ao mercado. Todavia, uma maior aversão ao risco sobre emergentes e a visão dos agentes sobre a futura situação fiscal do País terminaram por pressionar par cima a divisa.
A moeda fechou na máxima do dia em novo recorde histórico, cotada a R$ 5,5290 (+2,22%), acumulando +5,64% na semana, +6,41% no mês, +37,81% no ano e +41,01% em 12 meses.
Risco-País
O risco-país (CDS Brasil de 5 anos) subiu a 330 pts versus 322 pts na sessão anterior.
Juros.
Os juros futuros denotaram firmes escaladas no dia. As taxas curtas marcam apostas de redução de 75 pts-base na taxa Selic na decisão do Copom, em 6 de maio próximo. Todavia, as altas das taxas longas transparecem a percepção das preocupações dos investidores com a questão fiscal do País. Assim fecharam as taxas em relação ao pregão anterior:
DI julho/2020 em 3,02% de 3,01%;
DI outubro/2020 em 2,80% de 2,76%;
DI janeiro/2021 em 2,72% de 2,62%;
DI janeiro/2022 em 3,37% de 3,19%;
DI janeiro/2023 em 4,53% de 4,21%;
DI janeiro/2025 em 6,26% de 5,86%;
DI janeiro/2027 em 7,18% de 6,80%.
Agenda. vide página 3 do anexo.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 5ª feira, 23.04.2020, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, integrante do BB Investimentos.
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