GRUPO NATURA&CO - Resultado no 2º Trimestre/2022
Avon International e The Body Shop ainda sofrem;
NEGATIVO
Por Georgia Jorge, CNPI
12.08.2022
O resultado do 2T22 do Grupo Natura&Co foi negativo, em nossa visão. Praticamente todas as divisões de negócios apresentaram perda de margem operacional e, apesar do prejuízo reportado estar “poluído” por impactos de efeito não caixa, o fato é que o Grupo segue com fluxo de caixa livre negativo, que acumulou R$ 585,6 milhões no trimestre.
Desempenho das Ações e Perspectivas.
Os papéis NTCO3 acumulam alta de ~17% nos últimos 30 dias, seguindo a onda das companhias do setor de consumo voltando ao radar dos investidores.
Contudo, entendemos que esse movimento de alta para o Grupo Natura&Co não apresenta fundamentos muito sólidos, dado o momento desafiador pelo qual as divisões Avon International e The Body Shop vêm vivenciando.
Mesmo a Aesop, cujo crescimento e margens são robustos, está deixando “na mesa” parte da rentabilidade para pavimentar seu crescimento de longo prazo, o que contribui negativamente em um momento em que as demais divisões de negócios já se encontram bastante penalizadas.
Por essa razão, mantemos nossa recomendação em Neutra mesmo com o expressivo potencial de valorização frente ao nosso preço-alvo para o final de 2022 (R$ 29,10), à medida em que entendemos que esse upside depende da apresentação de resultados mais robustos para ser destravado.
Desempenho econômico-financeiro
A receita líquida consolidada do Grupo Natura&Co veio em R$ 8,7 milhões, queda de 8,6% a/a em reais (+4,3% r/e) e praticamente estável em moeda constante (+0,4% a/a).
Enquanto a divisão Natura&Co Latam e Aesop contribuíram positivamente, com crescimentos em moeda constante de 5,6% e 24,5%, respectivamente, as divisões Avon International e The Body Shop foram as responsáveis por deteriorar as vendas consolidadas, com quedas em moeda constante de 11,4% e 11,8%, respectivamente.
O lucro bruto também sofreu um decréscimo na comparação anual (-11,5% a/a e +1,4% r/e), impactado pela pressão inflacionária em matérias-primas em todas as divisões de negócios.
Já o EBITDA Ajustado do Grupo totalizou R$ 695 milhões, queda de 16,5% a/a, mas superior às nossas estimativas em 7,3%.
Apesar de as divisões Avon International e The Body Shop angariarem perda de alavancagem operacional, e da divisão Aesop ter elevado as despesas para pavimentar seu crescimento sustentável no futuro, a Natura&Co Latam conseguiu manter estável sua margem EBITDA Ajustada, o que ajudou a anular a queda de margem bruta com as sinergias capturadas pela integração das operações. Com isso, a margem EBITDA Ajustada do Grupo atingiu 8,0%, queda de 0,8 p.p. a/a e +0,2 p.p. r/e.
O resultado líquido, por sua vez, foi ainda impactado por uma piora do resultado financeiro líquido com efeito não caixa decorrente de variações cambiais, além de uma alíquota de Imposto de renda mais favorável no 2T21 por ocasião da integração da Avon e da otimização da estrutura de capital.
Nesse cenário, o Grupo entregou um prejuízo de R$ 767 milhões no trimestre, equivalente a uma margem líquida de -8,8% (-11,3 p.p. a/a e -5,9 p.p. r/e).
Vale pontuar que houve a elevação da alavancagem financeira do Grupo nos últimos 12 meses em R$ 2,5 bilhões, o que implicou na elevação da relação Dívida Líquida/EBITDA para 3,46x no 2T22, ante 2,02x no mesmo período do ano anterior.
CONFIRA no anexo a íntegra do relatório elaborado a respeito por
GEORGIA JORGE, CNPI, analista senior do BB INVESTIMENTOS
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