Embaixador dos EUA declara aguardar informações de Washington sobre espionagem no Brasil delatadas por SNOWDEN
Após uma hora de reunião, nesta 2ª feira, 08.07, em Brasília, sobre a existência de um sistema de espionagem de telefonemas e e-mails de cidadãos brasileiros por parte de agências de informação do governo norte-americano, a Embaixada dos EUA no Brasil informou à Agência Brasil que aguarda “instruções de Washington” para se manifestar.
O governo norte-americano havia informado domingo último, 07.07, que não responderá publicamente ao pedido de esclarecimento apresentado pelo Ministério das Relações Exteriores sobre o tema.
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, está nesta 2ª feira em Belo Horizonte para uma palestra sobre política externa na UFMG Universidade Federal de Minas Gerais. No domingo, o chanceler disse que foram solicitados esclarecimentos aos Estados Unidos por intermédio da Embaixada do Brasil em Washington e também ao embaixador dos EUA no Brasil.
Patriota admitiu que recebeu com “grave preocupação” as informações de que contatos eletrônicos e telefônicos de cidadãos brasileiros estariam sendo monitorados. O ministro disse que o governo do Brasil apresentará iniciativas na ONU pelo estabelecimento de normas claras de comportamento para os países quanto à privacidade das comunicações dos cidadãos e a preservação da soberania dos demais Estados.
O Itamaraty pretende ainda pedir à UIT União Internacional de Telecomunicações, em Genebra, na Suíça, o aperfeiçoamento de regras multilaterais sobre segurança das telecomunicações.
As informações sobre espionagem a cidadãos brasileiros vieram à tona a três meses da primeira visita de Estado da presidenta Dilma Rousseff aos EUA. A visita da presidenta está prevista para 23 de outubro e foi confirmada pelas autoridades. A visita de Estado é considerada pelos norte-americanos como especial por ser autorizada apenas a alguns parceiros.
O embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, está prestes a deixar o cargo. Para o lugar dele foi designada a diplomata Liliana Ayalde. A informação foi confirmada há um mês, mas por enquanto não há data para a substituição ocorrer. Ayalde é atualmente secretária-assistente adjunta de Estado para Cuba, América Central e Caribe, no setor de Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado Americano.
Por intermédio de e-mail, o Departamento de Estado norte-americano havia informado que dará resposta apropriada à demanda brasileira.
“O governo dos Estados Unidos vai responder apropriadamente a nossos parceiros no Brasil pelas vias diplomáticas e de inteligência. Não vamos comentar publicamente ou especificar supostas atividades de inteligência. Como política, deixamos claro que os EUA obtêm inteligência estrangeira do tipo coletado por todas as nações",
diz o texto.