Diário do Mercado na 4ª feira, 09.08.2017
EUA e Coreia do Norte colocam mercado na defensiva
Resumo.
A troca de ameaças entre os EUA e a Coreia do Norte ainda na véspera deflagrou um sentimento de maior aversão ao risco em âmbito global. Com isso, os investidores buscaram abrigo em ativos considerados portos seguros, enquanto aguardam a poeira baixar.
Há um consenso de que um conflito é extremamente improvável, mas as personalidades dos líderes políticos de ambas as potências bélicas são imprevisíveis o suficiente para que os investidores optem pela parcimônia momentaneamente, e também realizem alguns lucros.
No âmbito doméstico, apesar da agenda econômica predominantemente positiva, a ausência de novidades no campo fiscal manteve os agentes na retranca de olho no exterior.
Ibovespa.
A bolsa já arrancou no negativo, refletindo o clima de incremento da aversão ao risco em âmbito global gerado pela tensão bélica entre os EUA e a Coreia do Norte. A queda foi puxada pelos papéis mais líquidos, como Vale e bancos, cuja performance em julho foi positiva.
O Ibovespa findou aos 67.671 pts (-0,33%) com o giro financeiro preliminar da Bovespa em R$ 6,47 bilhões, sendo R$ 6,26 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
O capital externo à bolsa, com a entrada de R$ 287,05 milhões em 7 de agosto passou a totalizar no mês saldo líquido de R$ 628,49 milhões. Em 2017 o acumulado situa-se em R$ 8,625 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, a inflação medida pelo IPCA em julho registrou alta de 0,24%. A leitura, não apenas mostrou inversão da deflação medida no mês anterior (-0,23%) mas também veio ligeiramente acima do consenso de mercado (0,18%). No comparativo contra julho de 2016, a margem ficou em 2,71%, e apesar de também ter ficado acima das projeções, marcou a mínima recorde na série histórica.
A interpretação inicial de uma quebra na sequência de surpresas positivas no IPCA ao longo dos últimos meses na verdade fica nebulosa dada a queda do índice de difusão, que indicou que a alta observada não foi generalizada, e sim devido a itens isolados, como o caso da energia elétrica, que refletiu a tarifa “bandeira vermelha” do mês passado, bem como combustíveis, que foram impactados pelo aumento de impostos.
Segundo o Caged, em julho foram criados 35.900 postos formais de trabalho. Após a criação de 9.821 postos no mês anterior, o dado de julho veio forte, e ficou acima do teto das projeções dos analistas, cuja média apontava para 5.750 vagas. A principal contribuição veio da indústria de transformação, que criou 12.594 postos, seguida por comércio (10.156) e serviços (7.714).
Câmbio e CDS.
O dólar rompeu uma sequência de pregões praticamente inertes, e subiu, tendo sido destino de capital em busca de proteção. A moeda norte-americana findou cotada a R$ 3,1496 (+0,82%).
O CDS brasileiro de 5 anos fechou a 199 pontos ante 197 da véspera.
Juros.
Os juros futuros se elevaram nos vencimentos longos refletindo as animosidades entre EUA e Coreia do Norte, e também a perda de alguma tração do otimismo com o âmbito fiscal doméstico. A seção curta operou com viés de estabilidade.
Para a 5ª feira.
A agenda econômica esmorece, trazendo de relevo apenas a primeira prévia do IGP-M de agosto no Brasil, e no exterior as produções industriais da França e Reino Unido relativas a junho, além dos pedidos de seguro-desemprego nos EUA.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 4ª feira, 09.08.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, e, RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, ambos da equipe do BB Investimentos