SIDERURGIA E MINERAÇÃO
Relatório Setorial
11.03.2019
Fevereiro: Preços de MF subindo; cenário internacional influenciando
Fevereiro foi marcado pelos impactos de Brumadinho nos preços do MF e, mais recentemente, pelos novos dados divulgados pelas economias chinesa e norte-americana, confirmando umaa possível desaceleração global.
Tivemos também a temporada de resultados do 4T18 das siderúrgicas no mês, com destaques para a CSN, com a CSNA3 valorizando 28% m/m, após apresentar resultados acima de nossas expectativas com métricas importantes em termos de desempenho de mercado e melhorias operacionais.
Quanto à Gerdau, as ONs Brasil e Aços Especiais desapontaram, afetando negativamente os resultados. Negativo também foi o resultado da Usiminas com menores volumes e maiores custos prejudicando as margens. A Vale divulgará seus números em 27 de março.
No cenário internacional, dados de alguns economistas reafirmam a iminente desaceleração na economia global. O Federal Reserve sinalizou um possível fim de ciclo de alta nas taxas de juros, mencionando a inflação lenta e a desaceleração do crescimento na Europa e na China. Mais tarde, foi a vez da OCDE projetar uma desaceleração global, revisando para baixo o PIB de diversos países.
Ainda, a China decepcionou ao trazer números piores do que o esperado na balança comercial. As exportações em fevereiro recuaram 21% a/a, contra o consenso de - 6%, já contando com o impacto do Ano Novo chinês. As importações também caíram 5,2% a/a, ante uma expectativa de -2,5% a/a. O governo chinês, então, revisou sua previsão do PIB para 6,0% - 6,5% dos 6,5% previamente, já incorporando os impactos da guerra comercial.
Em relação ao segmento de mineração, em fevereiro, os estoques chineses de MF chegaram a 143,5 Mt, um aumento de 11% m/m, em um movimento de reabastecimento após o Ano Novo chinês e as ameaças de escassez devido à adequação de produção da Vale (~-40 Mt para 2019E).
Quanto aos fretes, o frete de Tubarão (BZ) para Qingdao (China) ficou estável em US$ 12,8/t em fevereiro, caindo 21,5% m/m. Quanto aos metais básicos, os preços do cobre melhoraram 5,3% m/m, devido à redução da oferta. Os preços do níquel também subiram 5,5% m/m. O mesmo para o zinco e o alumínio, com alta de 0,6% e 2,2% m/m, respectivamente.
De acordo com a WSA¹, a produção mundial de aço bruto totalizou 146,7 Mt em janeiro (dados mais recentes), estável em m/m (+1,0% a/a). A produção chinesa somou 75 Mt, caindo 1,5% m/m, mas subindo 4,3% ante 2017, enquanto o Brasil melhorou 11% m/m e 2,3% y/y, para 2,9 Mt. O PMI Manufatura na China caiu para 49,2 pts, abaixo dos 50 pts, conforme a confiança se deteriora com as pressões de Trump e a guerra comercial entre EUA e China. Atingiu seu nível mais baixo desde fev/16.
Em relação aos EUA, o governo divulgou a criação de apenas 20 mil vagas em fevereiro, bem abaixo do consenso de 185 mil. Além disso, a taxa de desemprego atingiu 3,8% no mesmo período. O ISM dos EUA caiu 3 pts em fevereiro, para 54 pts, refletindo preocupações sobre a melhoria futura da economia americana. Quanto aos preços do aço, eles continuaram em níveis confortáveis, esperando pelos próximos passos das negociações entre EUA e China.
Em relação ao Brasil, o relatório do IABR² mostrou melhorias com a produção de aços planos e longos em janeiro subindo 1,0% a/a e 7,3% a/a, respectivamente. As vendas do MI continuam avançando para aços planos, subindo 8,4%, mas recuando para o aço longo, com queda de 26% em relação a 2017.
Outlook.
Para este mês [de março/2019], há grandes expectativas para a conclusão das discussões dos EUA e da China sobre a guerra comercial e os termos entre os dois países. Internamente, as companhias mantêm o discurso otimista para a economia doméstica, embora ainda preocupadas com a habilidade do governo de lidar com as reformas prometidas durante o período eleitoral.
A demanda no mercado interno deve encerrar o 1T19 estável em relação ao 4T18, consequentemente. O preço do minério de ferro também deve continuar em níveis elevados.
Confira no anexo a íntegra do relatório elaborado por GABRIELA E. CORTEZ, Analista Senior, e CATHERINE KISELAR, Analista, ambos do BB Investimentos