Diário do Mercado na 5ª feira, 27.04.2017
Proximidade do feriado e agendamento de greve geral induzem cautela entre os agentes
Resumo.
A votação favorável à aprovação da reforma trabalhista na madrugada de quarta para quinta-feira na Câmara dos Deputados, por 296 a 177 votos, trouxe certo alívio aos mercados pela manhã.
Ao longo do dia, no entanto, preocupações acerca da reforma da previdência e do trâmite da reforma trabalhista no Senado tornaram a pesar e a cautela sobrepujou o bom humor.
Também, como pano de fundo, surgiram temores entre os agentes em relação aos efeitos futuros da greve geral agendada pelos sindicatos para a 6ª feira em todo o País.
Ibovespa.
A performance negativa da Vale, que acompanhou seus pares setoriais no mercado externo, após divulgar o resultado do 1º trimestre de 2017 que já havia sido precificado pelo mercado, foi em parte contrabalanço por mais uma rodada positiva em relação ao setor financeiro após o resultado do Bradesco, que foi bem recebido pelo mercado.
Ao término, o pessimismo geral foi ligeiramente superior, refletindo também o sentimento dos investidores quanto ao andamento da reforma da previdência bem como da greve geral no horizonte.
Assim, o Ibovespa findou aos 64.676 pts (-0,29%), com prévio giro da bolsa chegando a R$ 7,78 bilhões, sendo R$ 7,55 bilhões no mercado à vista.
Agenda Econômica.
No Brasil, a inflação medida pelo IGP-M de abril recuou 1,10%, versus +0,01% em março, com deflação maior do que a esperada pela (consenso: -1,02%). Esta taxa marcou a maior queda para um mês de abril no indicador desde sua criação em 1989, e reforçando a leitura de desaceleração para o atual momento inflacionário no País. O IGP-M passou a acumular variações de -0,66% no ano e +3,37% em 12 meses.
Já no front fiscal, o resultado primário do governo central em março registrou um déficit de R$ 11,1 bilhões, com um desempenho pior do que o projetado pelo mercado (média: R$ -8,6 bilhões) e o pior resultado para o mês desde 1997. Em 2017, o governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e o Banco Central ) acumula um déficit de R$ 18,297 bilhões.
Na Europa, o BCE (Banco Central Europeu) optou pela manutenção da taxa de juro zero na região, em uma decisão sem surpresas pela autoridade monetária. Também, sem sustos, foi a redução do volume alvo de recompra de ativos pelo BC Europeu, que passou a EUR 60 bilhões, de EUR 80 bilhões anteriormente.
A decisão foi considerada tranquila, especialmente após a fala do chairman Mario Draghi, que sinalizou que os juros irão permanecer baixos bem além do fechamento do programa de recompra de ativos.
Juros. Assim como ontem, os juros encerraram próximos de seus níveis anteriores, tendo alternado baixa e alta na sessão, refletindo as diversas incertezas.
Apesar da votação da reforma trabalhista na câmara, os agentes elevaram o ceticismo com a aprovação da reforma da previdência, de votação reagendada para o dia 3 de maio na comissão especial da Câmara. A greve geral da sexta-feira também manteve os agentes na retranca.
Câmbio e CDS.
A desaceleração da queda do preço do petróleo no período da tarde ajudou a conter o movimento de alta do dólar, que subia com firmeza anteriormente, na esteira do acúmulo de incertezas no panorama doméstico.
A divisa findou em R$ 3,1810 (+0,25%). Na leitura do momento, o CDS Brazil 5 anos (CBIN) oscilava aos 222 pts ante 222 pts de ontem.
Para a 6ª feira.
Domesticamente, sem agenda política de relevo, os agentes irão medir a magnitude da greve geral nacional marcada para a 6ª feira, que poderá ou não fazer preço em relação as reformas pretendidas.
A agenda econômica seguirá carregada e apresentará destacadamente no Brasil a taxa de desemprego, o resultado do setor público consolidado e a confiança do consumidor pela CNI Confederação Nacional das Indústrias.
Já externamente despontam a prévia do PIB, o consumo das famílias e o índice de confiança da Universidade de Michigan nos EUA, além da prévia do PIB no Reino Unido.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 5ª feira, 27.04.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, Analista Sênior, e RAFAEL REIS, CNPI-P, Analista, ambos do BB Investimentos.