Em entrevista a Reuters, o presidente da BUNGE, Pedro Parente, afirmou que espera e confia em uma mudança na política brasileira de preços do etanol, para que o segmento de produção de açúcar e alcool volte a ser lucrativo e receba novos investimentos.

Parente reconhece que tem sido economicamente desinteressante para o consumidor o abastecimento de automóveis com etanol, que seu consumo está em queda e que as usinas estão assim produzindo menos.

Do lado da produção, ele considera que os preços praticados na atual conjuntura estão possivelmente levando empresas do segmento a operar com margem negativa.

A despeito disso, revela que a própria BUNGE mantém planos de investimentos de US$ 2,5 Bilhões, até 2016, na ampliação da capacidade industrial, na renovação de canaviais e na moagem de cana, com o que almeja elevar sua capacidade de moagem para 30 milhões de ton. ao ano, a partir dos 21 milhões atuais, os quais já a situam entre as cinco mairoes empresas do setor sucroalcooleiro no Brasil.

Sua produção não deverá alcançar esse limite na safra 2012-13, em razão de esse ramo de atividade depender do regime de chuvas. A empresa prevê moer algo entre 17 milhões e 19 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, estimando um nível de ociosidade média de 14,3%.

Pedro Parente – que já foi ministro do planejamento no governo de Fernando H. Cardoso – salientou a premência de uma mudança na política de preços do etanol e sua confiança em que o Governo Federal venha a implementá-la. Para ele, o segmento de biocombustíveis deve voltar a ser lucrativo para que os investimentos no setor possam ser retomados.

O Segmento Sucroalcooleiro

O setor sucroalcooleiro contabiliza, até 15 de agosto/2012 uma colheita de 261,1 milhões de ton de cana, representando queda de cerca de 38 milhões de ton. (-12,6%) em relação ao mesmo período do ano anterior, conforme divulgado em 23.08 pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Única).

Otimista, a associação empresarial considera que essa defasagem poderá ser recuperada em meados de dezembro próximo, caso o regime de chuvas continue favorecendo a colheita.

Sua preocupação reside no índice médio menor de ATR Açúcares Totais Recuperáveis que, no acumulado da safra desde abril último alcançou 126,6 kg por tonelada de cana moída na safra 2012-13, cerca de 3% menor em no mesmo período de 2011.  

Somadas ambas as perdas, a da safra de cana no período, de 12,6%, e a da ATR, de quase 3,0%, a quantidade da matéria prima disponível para a produção de açúcar e etanol foi 15,1% menor que a de 2011, levando à queda de 10,0% na produção de cada um dos itens, etanol e açúcar, no período abril-agosto/2012.

Fonte: Rogério Mian, da Agência UDOP de Notícias; Roberto Samora e Reese Ewing, da Agrolink.