Relatório Focus (Bacen) - 10 de agosto de 2015
Focus: para 2015, IPCA avançou, taxa Selic estacionou e PIB decaiu; e para 2016, IPCA subiu, taxa Selic estável e PIB baixou.
O relatório semanal Focus do Banco Central, com as projeções de mercado, registrou os seguintes comportamentos em comparação com a semana anterior: o IPCA subiu a 9,32% (9,25% antes) para 2015 (limite superior em 6,50%) e subiu a 5,43% (5,40% antes) para 2016; o PIB declinou a -1,97% (-1,80% antes) para 2015 e cedeu a 0,00% (+0,20% antes) para 2016; e a taxa Selic permaneceu em 14,25% a.a. para 2015 e em 12,00% a.a. para 2016.
Considerações:
- O PIB para 2015 prosseguiu em tendência declinante, assim como o dado para 2016, que agora encontra-se na estabilidade.
- O IPCA seguiu crescente para 2015 (alta pela 17ª semana consecutiva) e a taxa para 2016 tornou a subir, influenciada pela atual percepção sobre a taxa Selic, pela dinâmica do câmbio e pela evolução do impacto das altas dos preços administrados.
- A taxa Selic manteve-se estacionada em 14,25% a.a. para 2015 e em 12,00% a.a. para 2016, com os agentes referendando a sinalização da ata do Copom, de manutenção da taxa por um período mais extenso no atual patamar.
Em suma, a deterioração do cenário doméstico foi renovada pelos agentes. No momento, o cerne da questão são os juros norteamericanos, cuja elevação ainda não está integralmente precificada pelo mercado.
Nos EUA, o mercado de trabalho já se mostra aquecido o suficiente, com a média mensal de criação de vagas na economia (payroll) em 211 mil em 2015 (mais 1,5 milhão de vagas no ano) e a média mensal dos últimos 12 meses em 243 mil (mais 2,9 milhão de vagas), além da taxa de desemprego em 5,3%, sendo que a tendência sazonal é de baixa, dado que o segundo semestre é melhor para o emprego.
Ademais, a inflação monitorada pelo Fed, o núcleo do PCE, gira na casa de 1,3%.
Assim, abre-se espaço para o início do processo de alta de juros de 25 em 25 pontos-base em setembro. A tese é que daqui a 12 meses (8 reuniões) a taxa nominal poderá atingir 2,25% e, mesmo que o PCE se mantenha em 1,3%, haveria um juro real de apenas 1,0%.
Caso a inflação subisse em direção ao objetivo de 2%, prosseguiria o aperto monetário; caso contrário, o Fed poderia, a qualquer momento, estancar a trajetória de alta e aguardar dados
O Copom decidiu por unanimidade, no dia 29 de julho de 2015, elevar a taxa básica de juros em 50 pontos-base, para 14,25% a.a., sem viés - que era consenso de mercado, voltando ao patamar idêntico ao de agosto de 2006.
Em seu comunicado, o comitê citou: "manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no fim de 2016". Esta foi a sétima alta consecutiva, que teve início em 29 de outubro de 2014, quando estava em 11,00% a.a.
A subsequente decisão do comitê está marcada para o próximo dia 2 de setembro.
Fonte: BACEN; elaboração: BB-BI
**Mediana das expectativas de Mercado
*Obs.: dados finais serão ajustados conforme revisões posteriores divulgadas.
Abaixo, estimativas para os indicadores no princípio de 2014 e os números efetivamente realizados naquele ano:
- IPCA: início de 2014 em 5,49%, versus realizado em 6,41%; (maior)
- Taxa de câmbio – final de período (R$/US$): início de 2014 em R$2,45; versus realizado em R$2,6550; (maior)
- Taxa Selic: início de 2014 em 10,50% a.a.; versus realizado em 11,75% a.a.; (maior)
- Conta corrente: início de 2014 com déficit de R$71,30 bilhões; versus realizado com déficit de US$90,95 bilhões; (maior)
- Investimento Estrangeiro Direto: início de 2014 em R$60,00 bilhões; versus saldo final positivo em US$62,50 bilhões; (maior)
- Dívida líquida (%PIB): início de 2014 em 35,00% do PIB; versus realizado de 36,70% do PIB; (maior)
- Produção Industrial: início de 2014 em +2,20%; versus realizado em -3,20%; (menor)
- PIB: início de 2014 em +1,95% versus realizado em +0,10%. (menor)