Resultado 4T15 e Revisão de Preço:
Impairment e preços mais baixos afetam resultados.
O resultado da Vale para o 4T15 foi, como esperado, fortemente afetado pela queda nos preços das commodities, devido ao ambiente econômico enfraquecido, com destaque para a desaceleração Chinesa. A Receita Líquida totalizou US$ 5.899 bi no trimestre, recuando 9,3% T/T e 35,0% A/A.
No lado positivo, a Vale reportou produção anual recorde de minério de ferro (345,9 MT), níquel (291 mil toneladas) e cobre (423,8 mil toneladas) que parcialmente compensaram os preços mais baixos, e contribuíram positivamente para as receitas no período.
Os custos, por sua vez, apresentaram uma leve alta de 1,6% quando comparado ao 3T15, chegando a US$ 5,119 bi, devido ao aumento no volume de vendas nos segmentos de minerais ferrosos e metais básicos. As despesas operacionais, entretanto, caíram 63% T/T em razão do efeito positivo não recorrente de ajuste de Obrigações para Desmobilização de Ativos (ARO) e outros reajustes melhor explicados à frente.
Minerais Ferrosos: fortemente comprimido pelos preços do minério.
As receitas do segmento somaram US$ 3.830 bi, um decréscimo de 11,2% T/T, principalmente impactado pela queda de 10,4% nas receitas de minério de 11,7% nas de pelotas, durante o período. O preço efetivo da Vale ficou em US$ 36,6/t, ante US$ 44,6/t no trimestre anterior. Positivamente, o custo caixa do minério entregue na China chegou a US$ 32/t, contra US$ 34,2/t no 3T15 devido a três principais razões:
(i) produto de melhor qualidade com teor de ferro em 63,7% (antes 63,5%),
(ii) o ramp up das minas de N4WS, N5S e Itabiritos e
(iii) a queda de US$ 2,3/t nos custos do frete (T/T). Apesar do volume produzido ter alcançado um novo recorde anual, especialmente para o MF, os preços mais baixos da commodity somado aos custos e despesas maiores no segmento resultaram em um EBITDA Ajustado de US$ 1,409 bi, 14,7% abaixo do trimestre anterior.
Metais Básicos: receitas sobem, mas impairment reduz EBITDA.
Os preços mais baixos do níquel e do cobre, juntamente com a baixa contábil nos estoques foram decisivos para os resultados deste segmento. Apesar de as receitas terem crescido 8,2% T/T para US$ 1,458 bi, com volumes maiores de níquel (+16,3%) e cobre (+14,9%), contribuindo significativamente para o período, o EBITDA Ajustado veio em US$ 111 mi, uma queda de 42,5% comparado ao 3T15.
Resultados Consolidados e Impairment.
Como os preços do minério de ferro e níquel (principalmente) despencaram no período, as receitas acabaram altamente impactadas, neutralizando o desempenho operacional positivo da Vale, no que tange produção. As vendas na Ásia caíram 10%, sobretudo impactada por uma redução de 15% na China, enquanto em outras regiões asiáticas as vendas aumentaram 12%. A redução nos preços de vendas, em geral, levaram a um EBITDA de R$ 1,391 bi, 25,8% menor que o trimestre passado.
Em resposta às novas dinâmicas esperadas para o cenário onde a companhia está inserida, a Vale divulgou impairments em alguns de seus ativos e o reconhecimento de alguns contratos onerosos, os quais, juntos, somaram US$ 9,372 bi em 2015. Excluindo os ajustes em investimentos, os impactos mais importantes vieram de:
(i) queda nos preços do minério no sistema Centro-Oeste e a consequente revisão nos planos de produção (por volta de US$ 879 mi);
(ii) redução dos preços do carvão e revisão dos planos de mineração das plantas na Austrália (US$ 635 mi), e custos de logística em Moçambique (US$ 2,403 bi); e,
(iii) preços mais baixos de níquel na Nova Caledônia (US$ 1,362 bi) e Newfoundland e Labrador (US$ 3,460 bi).
Ao final, a Vale reportou um prejuízo líquido de US$ 8,569 bi, comparado ao resultado negativo de US$ 2,117 bi divulgado no 3T15.
Endividamento.
A dívida líquida avançou 4,2% T/T e chegou a US$ 25,234 bi. O índice Dívida Líquida/EBITDA, por sua vez, subiu para 3,6x ante 3,1x no 3T15. Com um capex de USD 2,2 bi no 4T15 e US$ 8,4 bi para o ano, a Vale fechou 2015 com investimentos 16% menor do que o estimado no começo do ano passado. Seu principal projeto, o S11D, alcançou 67% de progresso físico, sendo 80% na mineração e 57% em logística.