RAIA DROGASIL - Resultado no 4º trimestre de 2015
Resultado sólido, perspectivas para o futuro seguem positivas
A Raia Drogasil reportou um resultado sólido, reafirmando a resiliência do seu negócio e sua capacidade de execução. No consolidado de 2015, as receitas cresceram 20,6% A/A, apesar de uma base comparativa forte de 2014 (+18,5% A/A). De acordo com o IMS Health, as vendas do mercado brasileiro de farmácias avançaram 14,3% no ano passado.
Além de uma forte performance do top line, o crescimento robusto das vendas em mesmas lojas de 12,5% em 2015 (mesmo com uma alta base de comparação de 11,4% do ano anterior) foi um destaque positivo. As melhorias no fluxo de caixa, impulsionadas pelo melhor gerenciamento do capital de giro, também foram importantes.
Devido à sua sólida estrutura financeira, especialmente quando comparada aos seus pares de mercado, a Raia Drogasil tem ganhado mais poder de barganha frente aos seus fornecedores conforme a situação macroeconômica se deteriora.
Também destacamos a habilidade do management em racionalizar custos e aprimorar a eficiência, o que viabilizou ganhos de rentabilidade em um ano marcado por pressão inflacionária, maiores despesas com energia elétrica e elevadas taxas de juros.
Do lado negativo, destacamos a provisão para devedores duvidosos de R$ 5,8 milhões, realizada durante o trimestre, referente a programas de benefícios de medicamentos (PBM), o que, de acordo com a companhia, aconteceu pela primeira vez desde o início deste tipo de programa (mais de 15 anos atrás).
Devido ao episódio, o management da companhia decidiu adotar uma política mais conservadora em relação aos programas de PBM de agora em diante e provisionou mais R$ 1,1 bilhões visando amparar possíveis novas perdas.
No release de resultado da companhia, o guidance de abertura de novas lojas para os próximos anos foi confirmado: 165 unidades em 2016 e 195 em 2017.
Além do acelerado plano de crescimento orgânico, a empresa pretende desenvolver novos formatos de lojas, especialmente focados em custo menor, que possam ser inseridos em locais reduzidos e atinjam uma variedade maior de consumidores.
As melhorias em gestão de categorias também continuam no radar. Através do novo sistema de CRM (em parceria com a consultoria Dunhumby), uma presença multicanal e um programa de fidelidade renovado, a Raia Drogasil espera aperfeiçoar a análise do comportamento de seus clientes e melhorar a experiência de compra, aumentando o efeito de cross-selling em suas vendas, especialmente no que se refere a produtos de beleza.
Os números da companhia vieram em linha com as nossas estimativas e com o consenso de mercado, o que acabou gerando um efeito neutro sobre o desempenho da ação na bolsa. Dito isto, seguimos otimistas em relação à performance da Raia Drogasil tanto no curto quanto no longo prazo.
Além das perspectivas futuras favoráveis ao mercado de farmácias no Brasil, devido ao envelhecimento da população, a empresa possui diversas vantagens competitivas em relação aos seus principais competidores.
Preço Alvo de R$ 46,50
Entretanto, acreditamos que estes fatores já estão precificados no valor da ação. Assim, mantemos nossa recomendação para RADL3 em Market Perform, com um preço alvo de R$ 46,50 estimado para o final de 2016. RADL3 está sendo negociada a 32,3x P/E e 16,3x EV/EBITDA contra respectivos 17,6x e 13,2x de seus pares de mercado.
Top line. A receita bruta expandiu 20,3% A/A no 4T15 impulsionada por:
(i) crescimento robusto de 12,0% no período das vendas em mesmas lojas, mesmo com uma forte base comparativa do 4T14 (+13,0%);
(ii) acelerado ritmo de crescimento das aberturas de novas lojas (+150 unidades nos últimos 12 meses);
(iii) ganhos de market share (+0,9 p.p., para 10,6%), especialmente nas regiões sudeste, sul e nordeste;
(iv) sólida performance nas vendas de itens de higiene/cuidado pessoal e OTC, que cresceram respectivamente 22,2% e 20,7% no trimestre em um perspectiva A/A.
Margens Operacionais
A margem bruta aumentou 1,0 p.p. A/A no 4º trimestre/2015, atingindo 29,1%, impulsionada por:
(i) melhorias nas negociações com fornecedores;
(ii) menores perdas de estoques;
(iii) reajustes de preço e
(iv) maior participação de produtos de higiene pessoal e beleza no mix de vendas.
A margem EBITDA ajustada, por sua vez, cresceu em um ritmo menos acelerado, pressionada principalmente por:
(i) elevação das despesas com folha de pagamento;
(ii) custos de energia elétrica mais altos;
(iii) maiores despesas pré-operacionais
relacionadas aos processo de ramp up das novas lojas;
(iv) custos logísticos mais altos referentes à operação da companhia na região nordeste.
O EBITDA ajustado, que exclui os efeitos das despesas não recorrentes, somaram R$ 8,8 mi no 4T15, relacionadas à:
(i) custos incorridos na integração da transação da empresa 4Bio (R$ 1,9 mi);
(ii) provisão para devedores duvidosos de um programa específico de PBM de terceiros (R$ 5,8 mi) e
(iii) alteração na política de provisionamento dos recebíveis dos programas de PBM, refletindo uma política mais conservadora (R$ 1,1 mi).
Considerando este efeito, a margem EBITDA seria de 6,9% no período.
Bottom line e endividamento.
A margem líquida avançou 0,1 p.p. A/A no trimestre, em um ritmo inferior à margem EBITDA ajustada, pressionada por despesas financeiras maiores relacionadas à dívida da companhia e por ajustes a valor presente de itens do estoque, o que só foi parcialmente compensado pelo imposto de renda menor no período (devido à utilização de todo o limite legal permitido para pagamento de juros sobre capital próprio).
O nível de endividamento permaneceu praticamente estável e em um patamar bastante confortável de 0,04x Dívida líquida/EBITDA.
Fluxo de Caixa.
Em 2015, a geração livre de caixa foi positiva em R$ 110 milhões contra R$ 76 milhões em 2014, apesar dos maiores investimentos feitos no período (R$ 389 milhões em 2015 versus R$ 271 milhões em 2014), beneficiada pelo maior nível de atividade da companhia e por melhorias no capital de giro, especialmente em relação às negociações mais vantajosas junto a fornecedores.
Confira no anexo a íntegra do relatório sobre o desempenho da RAIA DROGASIL no 4º trimestre/2015, elaborado por MARIA PAULA CANTUSIO, CNPI Senior Analyst e VICTOR PENNA, CNPI Chief-Analyst, do BB INVESTIMENTOS.