Relatório Focus, de 15.08.2016
por Rafael Reis, CNPI
rafael.reis@bb.com.br
Análise: Menor margem para afrouxo visando 2017
No relatório semanal Focus, do Banco Central, entre as projeções de mercado (mediana) sedestacaram como relevantes alterações ante a semana anterior:
(i) a elevação da taxa Selicmeta ao final de 2016
(ii) o avanço da inflação pelo IPCA ao término de 2016 e
(iii) a manutenção de todos os quatro principais indicadores para 2017.
Em resumo, o sentimento dos agentes nesta semana recaiu sobre a ainda presente pressão inflacionária medida pelo IPCA de julho divulgado na semana passada, que veio em 0,52% - acima das estimativas do mercado, na mediana em 0,45%.
Em nossa análise, ainda que o cenário percebido já tenha vivido um momento de inflexão e opere desde meados de maio com prognósticos em constante melhoria, a inflação ainda levanta dúvidas quanto ao seu arrefecimento concreto, especialmente por conta da pressão nos preços dos alimentos.
Ainda que alterações na Selic não consigam mais influenciar a inércia inflacionária este ano, os agentes consideram que um corte menos agressivo ao longo das próximas reuniões ainda esse ano pode ser a saída a ser adotada pelo Copom para pressionar a inflação ao centro da meta (4,5%) ao final de 2017.
Elevação da Selic-meta projetada.
A principal mudança desta semana, em nossa visão, foi a Selic para 2016, que passou de 13,50% para 13,75% hoje. Ainda que o mercado enxergue espaço para corte ao longo das próximas três reuniões do Copom em 2016, o faz agora sob a premissa de menor margem, alinhando-se, inclusive, à taxa implicita pela curva do DI, que já trazia tal conotação menos expansionista há algumas semanas.
Avanço na inflação.
Também ganhou relevância o avanço do IPCA projetado para 2016, de 7,20% na semana anterior para 7,31% hoje. Apesar da inflação medida por outros indicadores, como o IGP-DI e a prévia do IGP-M divulgados na semana passada mostrarem alguma desaceleração de preços de alimentos no atacado, entendemos que o mercado não deixa de mostrar certo ceticismo, ao se deparar mês a mês com um indicador que insiste em não ceder em ritmo satisfatório, apesar da recessão e da manutenção da selic no atual patamar já há mais de 12 meses.
Câmbio estático.
Para os dois horizontes de tempo estimados, o câmbio não se alterou nesta semana. Na esteira da elevada liquidez mundial, que não dá sinais de aridez no curto prazo, e com a divisa norte-americana com viés de desvalorização perante o real, não descartamos novas quedas nas projeções em semanas vindouras.
Retomada da melhora do PIB.
Apesar do viés um pouco mais negativo desta semana no Focus, o mercado continua melhorando, embora de maneira marginal, a projeção para o PIB 2016, que saiu de -3,23% na semana passada para -3,20% hoje. Conforme mencionado em relatórios anteriores, vislumbramos este número continuar a trajetória e caminhar para próximo de 3% ao final do ano.
Confira no anexo a íntegra do estudo, sobre o Boletim Focus de 15.08.2016, elaborado por RAFAEL REIS, CNPI, analista de investimentos do BB INVESTIMENTOS