Diário de Mercado em 16.08.2016
Indicadores econômicos e fala de Dudley trouxeram dia de incremento de aversão a risco nos mercados globais
por Rafael Freda Reis, CNPI
No destaque de hoje, em meio a dados econômicos que sugerem pressões inflacionárias ainda modestas nas economias desenvolvidas, o mercado foi surpreendido pela fala não programada de William Dudley, presidente do Fed de Nova Iorque, que sinalizou a possibilidade de um aperto monetário nos EUA “antes do previsto pelo mercado”, o que deflagrou cautela por parte dos investidores.
Ibovespa em queda
O Ibovespa encerrou em queda, aos 58.855 pts (-0,49%), passando a acumular +0,96% na semana, +2,70% no mês, +35,77% no ano e +23,89% em 12 meses. O giro financeiro da Bovespa foi de R$ 7,13 bilhões, com o volume à vista somando R$ 6,94 bilhões.
No último dado disponível (dia 12), houve retirada líquida de capital externo de R$ 94 milhões da Bolsa, levando o saldo negativo do mês para R$ 767 milhões, mas ainda permanecendo o acumulado no ano em R$ 16,5 bi positivos.
Indice de Confiança Empresarial, no positivo
Na agenda econômica (pg.3 do anexo), domesticamente, a Confiança do Empresário Industrial medido pela CNI, aumentou 4,2 pontos em agosto, e atingiu um índice de 51,5. É a primeira vez em 28 meses que o número supera os 50 pontos, que indicam o limiar que separa o sentimento positivo e negativo da confiança, indicando que os empresários estão otimistas com a economia.
Ainda que o índice encontre-se na média histórica (51,5) na medição geral, a leitura mostra uma confiança maior por parte das grandes empresas, que registraram 53,1 pontos contra 50,7 das médias e 48,9 das pequenas.
Externamente os IPCs (índices de Preços ao Consumidor) divulgados no Reino Unido e nos EUA trouxeram números majoritariamente em linha com as estimativas, sugerindo no primeiro a manutenção da baixa pressão inflacionária, oriunda da fraca atividade econômica, e no segundo um avanço contido, que - conjuntamente com dados de atividade industrial e utilização da capacidade lançados esta manhã - também sugere crescimento lento, e pouco espaço para elevação na taxa de juros naquela economia.
No mercado de câmbio (interbancário), com a manutenção das “doses homeopáticas” por parte do Bacen nos leilões de swap cambial reverso, o dólar dos EUA se valorizou perante o real, fechando a R$ 3,2039 (+0,56%), acumulando agora +0,35% na semana, -1,39% no mês, -19,11% no ano e -8,526% em 12 meses.
No mercado de juros futuros, em mais um dia de volume fraco, com os investidores de olho nos desdobramentos da agenda fiscal do governo e no dólar, os vencimentos curtos e médios avançaram, enquanto os longos recuaram. Já o CDS brasileiro de 5 anos elevou-se marginalmente, chegando a 254 pts, contra 253 pts na sexta-feira.
Mercados Externos
Nos mercados estrangeiros, na Ásia, mercados predominantemente em queda, com um iene mais forte perante o dólar, e reagindo a uma queda na cotação do petróleo ocorrida durante a madrugada.
Na Europa, também em resposta ao Euro elevando-se contra a moeda norte-americana, e ainda balanceando dados fracos das economias componentes da região, as bolsas também operaram majoritariamente no vermelho.
Nos EUA, os mercados recuaram com os dados neutros da economia e em resposta à fala de Dudley.