Diário do Mercado na 4ª feira, 11.01.2017
Copom surpreende com antecipação do afrouxo.
Primeira coletiva de Trump reforça expansionismo e traz alívio
Resumo do dia.
Nesta 4ª feira, 11.01, destacou-se sobremaneira a definição do Copom sobre a taxa Selic, optando a autoridade monetária – surpreendendo o esperado pela maior parte dos analistas – por um corte de 0,75%.
No front internacional, a continuidade da boa performance das commodities embalou ativos de renda variável, enquanto a aguardada entrevista coletiva de Donald Trump trouxe um viés de alívio ao mercado, com sua fala desenvolvimentista que refletiu sobretudo nos mercados de juros e câmbio, que inverteram os sentidos vistos pela manhã.
Mercado de Ações.
O Ibovespa foi favorecido na sessão por desempenho positivo de papéis ligados a siderurgia e mineração como Metalúrgica Gerdau (GOAU4: R$ 5,55; +4,91%) e Vale (VALE5: R$ 26,91; +2,83%; VALE3: R$ 29,13; +2,07%), que avançaram na continuidade das altas das commodities metálicas por conta de melhor percepção com a economia chinesa.
Ao término do pregão regular o índice marcou 62.446 pontos (+0,51%), com o movimento financeiro da bolsa registrando preliminarmente R$ 6,77 bilhões.
Agenda Econômica.
Domesticamente, a inflação ao consumidor medida pelo IPCA – o índice oficial do governo, que embasa o Copom em suas tomadas de decisões de política monetária –avançou 0,3% em dezembro ante novembro.
O número, apesar de acelerar ante os 0,18% apurados no mês anterior representou a menor variação para um mês de dezembro desde 2008, e sacramentou o cumprimento da meta de inflação ao denotar um avanço em 2016 de 6,29%, dentro do limite superior da banda estipulada pelo governo, em 6,5%, o que não acontecia desde 2014.
O indicador, ao evidenciar o arrefecimento inflacionário ao longo do ano passado, elevou a segurança do Copom em sua tomada de decisão de corte de juros.
Redução da Selic
A taxa Selic teve sua meta reduzida em 75 pontos-base pelo Copom. Dando continuidade ao ciclo de afrouxo monetário iniciado em 2016, com dois cortes de 25 pontos base nas últimas duas reuniões do ano, a autoridade monetária nesta decisão elevou a magnitude do corte, embasando o movimento no franco arrefecimento inflacionário, além da ausência de sinais claros da retomada econômica esperada pela autoridade.
Coletiva de Trump
No EUA, a primeira coletiva de imprensa do presidente eleito dos EUA Donald Trump, apesar de não representar um fato econômico em si, ganhou relevância no dia.
O evento, que contou com perguntas abertas ao republicano, auxiliou os analistas no rastreio de seu eminentemente imprevisível comportamento, e marcado por discursos alinhados ao que se previa – primando pelo desenvolvimentismo da economia norteamericana, e atenuando questões polêmicas, como as relações diplomáticas com a Rússia, e a construção do muro na fronteira com o México – trouxe alívio ao mercado.
Juros.
A curva de juros futuros apresentou viés de estabilidade na maior parte de sua configuração.
A divulgação do IPCA não distante das projeções dos analistas não foi capaz de influenciar movimentos na curva, com os investidores enfim posicionados à espera da decisão do Copom, que foi divulgada após o fechamento do mercado.
A entrevista de Trump ganhou evidência e foi o fator que mais pesou nas negociações, trazendo a curva para próximo da linha d’água com seu discurso sem surpresas, após ligeira elevação, especialmente nos vencimentos mais longos no período da manhã.
Dólar e CDS.
A moeda norte-americana até iniciou as negociações em alta, com as apreensões em torno da entrevista de Donald Trump. A divisa, no entanto, inverteu a mão tão logo o término do evento, com o viés de alívio no discurso do presidente eleito, e registrando nova mínima no intraday desde 8 de novembro.
Ao término das negociações, a paridade findou próxima à estabilidade, aos R$ 3,1930 (-0,13%). Já o CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos (CBIN), fechou aos 256 pts, ante 261 pontos da véspera.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 4ª feira, 11.01.2017, elaborado por Hamilton Moreira Alves, CNPI-T Rafael Reis, CNPI-P, ambos do BB Invesimentos
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