Diário do Mercado em 07.03.2017
PIB de 2016 confirma recessão histórica, mas abre espaço para aceleração no alívio monetário pelo Copom
07.03.2017
Resumo do dia.
A agenda começou a ganhar corpo na semana, com destaque, internamente para o PIB, que confirmou enfim as estimativas de um 2016 de atividade econômica em severa retração.
Externamente os radares continuam atentos aos movimentos do BC norte-americano, e os investidores aguardam para 6ª feira o relatório do Payroll (criação de vagas na economia).
Mercado de Ações.
A bolsa brasileira até abriu em alta, mas harmonizou-se com os demais mercados bursáteis mundiais por conta da abertura em queda do mercado norte-americano.
Sem novidades positivas no radar, os agentes posicionaram-se na defensiva, aguardando o relatório do Payroll ao final da semana, que pode consolidar a visão da alta de juros nos EUA já na reunião do próximo dia 15.
Principalmente prejudicado pelo setor financeiro, ao final dos negócios o Ibovespa encerrou aos 65.742 pontos (-0,90%), e acumula agora -1,38% no mês, -1,56% na semana, e 9,16% no ano e 33,50% em 12 meses. O volume transacionado na bolsa foi preliminarmente de R$ 7,34 bilhões, sendo R$ 7,16 bilhões no mercado à vista.
Capital Externo na Bolsa
O fluxo de capital estrangeiro à bolsa brasileira em março está negativo em R$ 897 milhões, permanecendo, no entanto, o acumulado do ano em positivos R$ 5,99 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, o PIB do 4º trimestre de 2016 recuou 0,9% em relação ao trimestre anterior. Com o recuo – o oitavo trimestral consecutivo – o acumulado do ano de 2016 foi uma queda de 3,6%, ligeiramente acima do consenso de mercado, que apontava para -3,5%, e marcando oficialmente a maior recessão brasileira desde 1930.
O dado, embora negativo, pouco influenciou nos negócios, não apenas por sua já amplamente prevista retração, bem como pelo caráter positivo que carrega apesar de tudo: a fraca atividade econômica, juntamente com o positivo momento de inflação mais comportada favorece a manutenção do atual ritmo de cortes de juros por parte do Copom.
No âmbito inflacionário, o IGP-DI de fevereiro avançou 0,06%. Houve significativa desaceleração ante o apurado em janeiro (0,43%), mas apesar disso, o indicador veio marginalmente acima do aguardado pelo mercado (0,05%).
Apesar de menos relevante para as definições de política monetária do Copom quanto a taxas de juros, o IGP-DI segue corroborando o viés de um favorável momento desinflacionário, e afugenta maiores probabilidades de contágio na inflação ao consumidor oriundas de aumento de preços no atacado.
Juros.
Em um movimento de correção à queda da véspera, e pressionado também pela alta dos US Treasuries, bem como elevação na cautela com o cenário político, os juros futuros avançaram, em sua maioria.
Dólar e CDS.
A moeda norte-americana inverteu o movimento do dia anterior e perdeu terreno ante moedas pares de economias exportadoras de commodities. No Brasil, catalisando o movimento de apreciação do real ante a divisa, colocações do presidente do BC na véspera, indicando que pode haver ao longo do mês de março a rolagem, mesmo que parcial do estoque de swaps.
Na prática, uma rolagem significa a manutenção, por parte da autoridade, de uma posição vendida em dólar futuro.
No interbancário, a divisa fechou cotada a R$ 3,1180 (-0,32%), acumulando 0,29% no mês e -4,12% no ano.
Risco País - O CDS brasileiro de 5 anos, no horário apurado, oscilava em torno dos 221 pts, ante 218 pontos na véspera.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 3ª feira, 07.03.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, e RAFAEL REIS, CNPI-P, ambos do BB INVESTIMENTS