Diário do Mercado na 6ª feira, 10.03.2017
Otimismo com dinâmica inflacionária doméstica e forte criação de vagas nos EUA são destaque
Resumo do dia.
O final da semana trouxe primordialmente uma reversão da tendência de piora vista ao longo da semana. A aguardada divulgação do payroll nos EUA, apesar de forte geração de postos, mostrou salários médios menores do que o previsto pelo consenso nos EUA, e sua leitura foi ofuscada pelo IPCA de fevereiro, que imprimiu ainda mais otimismo com o momento de alívio monetário em curso.
Respondendo a esta melhora, especialmente os mercados de juros e câmbio movimentaram-se favoravelmente.
Mercado de Ações.
A melhora no humor tanto no âmbito externo quanto doméstico promoveu a inversão da tendência vista ao longo dos últimos quatro pregões, que somados impuseram queda de mais de 3% ao longo da semana.
Favorecido principalmente pelas ações do setor financeiro, ao final dos negócios o Ibovespa encerrou aos 64.675 pontos (0,14%), e acumula agora -3,16% na semana, --2,98% no mês, 7,39% no ano e 30,47% em 12 meses. O volume transacionado na bolsa foi preliminarmente de R$ 8,73 bilhões, sendo R$ 8,27 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
Quanto ao capital externo à bolsa, março vem apresentando significativa evasão líquida, chegando a R$ 2,02 bilhões. Em 2017, no entanto, o saldo ainda é positivo em R$ 4,81 bilhões.
Agenda Econômica.
Internamente, a inflação ao consumidor medida pelo IPCA (IBGE) de fevereiro foi de 0,33%. O dado surpreendeu positivamente o mercado, não apenas por vir menor do que o apurado em janeiro (0,38%), mas também abaixo das expectativas (consenso 0,43%), registrando o menor avanço para um mês de fevereiro desde 2000.
No comparativo ante fevereiro de 2016, a variação foi de 4,76%, reforçando a franca desaceleração inflacionária, ao menor comparativo ano contra ano desde setembro de 2010, quando o IPCA marcou 4,70%.
Ainda que o resfriamento inflacionário tenha se dado devido à recessão econômica, os prognósticos oriundos de sua divulgação trazem melhora, pois reforçam as visões da continuidade do atual ciclo de afrouxo monetário pelo Copom.
Nos EUA, o dado mais aguardado da semana terminou por trazer uma interpretação mista. O payroll (criação de vagas na economia norte-americana) revelou o ganho de 235 mil postos em fevereiro, acima do previsto (consenso 200 mil), além da revisão para cima dos números previamente divulgados em janeiro e dezembro.
Apesar do ganho em postos (já antecipado inclusive pelo relatório ADP divulgado na quarta-feira), verificou-se que os salários médios avançaram abaixo do previsto (0,2% ante 0,3% aguardado), o que levantou dúvidas quanto à adequação do ritmo de aperto monetário sinalizado pelo Fed.
Mesmo com as novas dúvidas pairando, as apostas do mercado, em decorrência do dado não modificaram-se, mantendo-se em ~100% de probabilidade de alta para a reunião da semana que vem (4ª feira, 15.03).
Juros.
Refletindo especialmente o dado favorável do IPCA de fevereiro, houve forte recuo ao longo da curva de juros futuros. A probabilidade de corte de 100 pontos-base pulou de 55% ontem para 70% hoje, refletindo o dado que sugere espaço para um maior corte na Selic por parte do Copom em sua próxima reunião, em 12 de abril.
Dólar e CDS.
Ainda que a interpretação do payroll tenha trazido algumas dúvidas, a visão de que a economia norte-americana segue em ritmo considerado adequado predominou, o que favoreceu o ganho de outras moedas perante o dólar na sessão.
No Brasil, o otimismo com o dado do IPCA contagiou inclusive o mercado de moedas, que identificou na maior probabilidade de aceleração de cortes na Selic uma melhor visão conjuntural para o país, levando o real a ganhar terreno ante a divisa norte-americana.
No interbancário, a moeda fechou cotada a R$ 3,1595 (-1,52%), acumulando 0,57% na semana, 1,95% no mês, -3,05% no ano e -13,11% em 12 meses.
Risco Brasil
O CDS brasileiro de 5 anos, no horário apurado, oscilava em torno dos 233 pts, ante 236 pontos na véspera.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 6ª feira, 10.03.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, RAFAEL REIS, CNPI-P, ambos do BB Investimentos