Historicamente correlacionados, dólar e CDS Brasil se descolaram nos últimos dias, em uma configuração pouco comum, acompanhando uma semana de reunião do Copom e de pronunciamento do FED.
Como resultado, os agentes intensificaram seus ajustes no DI futuro, alternando as atuais expectativas com a baixa inflação doméstica e novas perspectivas de alta do juro básico norte-americano.
Na mesma linha, as principais referências da renda fixa brasileira repercutiram tais movimentos, ora elevando os yields em movimentos de aversão ao risco, ora regredindo a demanda por prêmios, mas culminaram em um recuo geral dos yields, corrigindo excessos, após a declaração da presidente do FED sinalizar um ritmo mais lento de alta dos juros básicos nos EUA.
Dessa forma, embora o risco-país tenha seguido a tendência baixista apontada desde a virada do ano – em direção ao suporte em 210 pontos –, a cotação do dólar frente ao real, porém, experimentou forte volatilidade e oscilou em movimento de alta, entre os extremos da banda calculada no último estudo – R$ 3,03 e R$ 3,15.
Para os próximos dias, a depender do resultado do emprego nos EUA (payroll), os juros nacionais continuam em tendência de queda e o dólar perde força, tendendo a se alinhar com o CDS.
Derivativo de juros – DI Futuro (% a.a.)
Apesar de volátil, curva DI retomou a queda de seus yields, notadamente entre os vencimentos médios (de out/2017 a out/2021), com expressivo volume de negociação (em média diária de 1.321,7 mil operações),
O movimento acompanhou a divulgação do IPC-Fipe em deflação (-0,08% em fevereiro) e os dados do CAGED piores que o esperado (com fechamento de 40,9 mil empregos, contra uma expectativa de 36 mil)
Externamente, o discurso da presidente do FED influenciou um movimento geral de ajustes, tanto nos US Treasuries quanto nos contratos DI, corrigindo excessos anteriores ao pronunciamento (o qual sinalizou alta do juro já no próximo FOMC, mas em ritmo mais brando que o estimado até então)
O enfraquecimento da inflação se manifestou no Relatório Focus, com recuo da estimativa para preços administrados (em 2017 e 2018) e melhoria para o PIB de 2017 (0,49%) e 2018 (2,39%), e estabilidade para as demais variáveis (ao final de 2017: IPCA em 4,36%, câmbio em R$ 3,30, Selic em 9,25%)
Juro Real pela NTN-B (IPCA + cupom % a.a.)
A curva da NTN-B recuou em quase todos os vencimentos, com maior intensidade até mai/2021 O rendimento dos papéis, em seu conjunto, reduziu-se de 5,38% para 5,34% (considerando o yield médio da curva em todos os vencimentos)
FRA Cambial (% a.a.)
Os rendimentos do FRA Cambial apresentaram um duplo comportamento, reduzindo-se entre os vencimentos mais curtos (até mai/2018), seguindo a queda do DI futuro, e elevando-se nos demais, acompanhando o menor desconto cambial pelo dólar futuro
Dólar Comercial (BM&F)
A volatilidade prevaleceu e a moeda cumpriu os objetivos apontados no último estudo, oscilando entre os extremos do atual movimento (R$ 3,15 e R$ 3,03)
A cotação se enfraqueceu, em busca do suporte em R$ 3,03, mas a tendência, porém, se torna indefinida (em face da recente configuração gráfica em forma de cunha, em oposição à linha de tendência de baixa iniciada na virada do ano)
Embora menos provável, se a cotação superar os R$ 3,15 de modo consistente, a moeda poderá oscilar na faixa entre R$ 3,20 e R$ 3,10.
Confira no anexo a integra do relatório de análise do comportamento semanal do mercado de Renda Fixa, elaborado por RENATO ODO, CNPI-P, e JOSÉ ROBERTO DOS ANJOS, CNPI-P, ambos da equipe do BB Investimentos