Diário do Mercado na 5ª feira, 16.03.2017
Mercado põe os “pés no chão”, após euforia de ontem com discurso do Fed e melhoria de perspectiva pela Moody’s
Resumo do dia
As incertezas domésticas voltaram à tona, depois do otimismo momentâneo da véspera, que esteve apoiado no discurso da presidente do Fed, Janet Yellen, que manteve o tom suave anterior sinalizando com mais duas elevações de juros para este ano – como esperado pelo mercado, e com a melhoria da expectativa do rating soberano do Brasil pela Moody’s.
Os agentes digeriram os fatos e precificam que os juros subirão nos EUA este ano em duas reuniões do Fed – ou seja, pelo menos duas elevações já estão dadas. Já em relação ao Brasil: teve sua perspectiva melhorada de negativa para estável pela agência de rating, mas, sua classificação inalterada em Ba2 – ou seja, ainda dois degraus abaixo da escala de “grau de investimento”.
Ademais, nesta manhã, a vice-presidente da instituição, Samar Maziad, citou que a reforma da previdência já estava considerada nessa revisão ascendente.
Domesticamente, o mercado passou a olhar com maior precaução a evolução do trâmite da reforma da previdência no Congresso Nacional e a questão fiscal. Em suma, o humor azedou entre os investidores hoje, que optaram por embolsar os ganhos de ontem.
Mercado de Ações
A vigorosa alta da véspera foi contraposta na sessão desta quinta-feira com um movimento de correção. O mercado acionário brasileiro já iniciou em baixa, mas esta se acentuou ao final da manhã com a abertura do mercado norte-americano, que caminhou na mesma direção respondendo primariamente a uma nova queda do petróleo.
A dobradinha Petrobras/Vale, na véspera responsável pela positiva performance do índice, atuou desta vez na mão oposta, formando o destaque da queda.
Ao final dos negócios, o índice doméstico encerrou aos 65.782 pontos (-0,68%), e acumula agora 1,71% na semana, -1,32% no mês, 9,22% no ano e 37,73% em 12 meses.
O volume transacionado na bolsa somou preliminarmente R$ 7,54 bilhões, sendo R$ 7,23 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
O capital externo manteve sua evasão da bolsa brasileira em março, até o último dia 14, com saldo negativo de R$ 2,35 bilhões. Já em 2017, no entanto, o acumulado está positivo em R$ 4,54 bilhões.
Agenda Econômica
Domesticamente, houve criação de 35.612 novos postos de emprego em fevereiro, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O número positivo já era esperado, mas veio acima das projeções dos analistas (consenso: 26 mil), e representou o primeiro mês com criação líquida de vagas desde março de 2015 (22 meses), e o primeiro mês de fevereiro a mostrar avanço desde 2014.
No Reino Unido, o BOE (Bank of England) manteve a taxa de juros em 0,25%, em uma decisão que foi marcada pela ausência de unanimidade, ainda que apenas pela dissidência de uma diretora do Banco Central Inglês, que optou pela elevação da taxa em 25 pontos-base.
Juros
Com a redução da volatilidade do exterior pós-Fed, o mercado de juros terminou por devolver parte da queda dos vencimentos vista na véspera, de olho no cenário doméstico.
A elevação da aversão ao risco justificou-se pela maior aspereza nos trâmites da reforma da previdência, bem como por possibilidade de aumento de impostos para o cumprimento da meta fiscal do governo. Além disso, a ligeira alta do dólar contribuiu para o movimento.
Dólar e CDS.
O dólar apresentou ante o real trajetória distinta de seus pares no mercado global de moedas. Enquanto em outras praças os ecos da decisão do Fed na véspera prolongaram os ganhos de outras divisas perante o dólar, internamente as preocupações advindas do front fiscal mantiveram os investidores na defensiva, e houve a devolução de parte da acentuada queda vista na quarta-feira.
No interbancário a moeda fechou cotada a R$ 3,1315 (0,18%), acumulando -0,89% na semana, 1,05% no mês, -3,91% no ano e 16,65% em 12 meses.
Risco Brasil
O CDS brasileiro de 5 anos, no horário apurado, oscilava em torno dos 217 pts, ante os 222 pontos da véspera.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análse do comportamento do merrcado na 5ª feira, 16.03.2017, elaborado po HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, e RAFAEL REIS, CNPI-P, ambos do BB Investimentos.