Diário do Mercado na 3ª feira, 06.06.2017
Mercado se animou com ata do Copom mais suave do que o comunicado anterior, com espaço para manter ritmo de corte.
Resumo.
O mundo dá voltas... Até ontem, o humor dos agentes havia azedado depois da “ducha de água fria” do comunicado pós Copom da 4ª feira passada, 31.05, que veio mais ríspido do que o mercado esperava.
Nesta 3ª feira, como o início do julgamento da chapa Dilma-Temer pelo TSE já “estava no preço” (não seu desfecho!), os investidores puderam ter um respiro mais aliviado no pregão, visto que a ata da reunião do Banco Central veio mais amena do que aquele informativo anterior supracitado, e refizeram alguns posicionamentos após as recentes baixas da bolsa, com volume financeiro propício.
O documento divulgado agora pelo Bacen sinalizou que, a depender do balanço de riscos até a decisão subsequente, em 26 de julho próximo, poderá ser mantido o ritmo do corte anterior, que foi de 100 pts-base, apesar de indicar que existe maior possibilidade de redução da magnitude do corte, para 75 pts-base (ou seja, a taxa Selic diminuiria pelo menos para 9,50% a.a.).
A nosso ver, existe um paradoxo por parte da autoridade monetária. Se a não aprovação das reformas poderá influenciar um crescimento menor e estando a inflação em trajetória cadente, devendo se aproximar de 3,0% (limite inferior do intervalo estipulado para este ano) até agosto próximo, a política monetária deveria ser mais contundente.
Ademais, tem-se que levar em consideração que a queda da taxa básica de juros demora cerca de seis a nove meses para fazer efeito sobre a economia e que a política fiscal está “travada” neste momento por conta da debelação do déficit.
Portanto, qualquer nova redução da taxa Selic somente poderá ter efetividade quiçá a partir do início do próximo ano. Já a questão de uma maior desvalorização cambial frente ao dólar norte-americano, induzida pela elevação da aversão ao risco (medida avaliada pelo CDS 5 anos do Brasil, por exemplo), que poderia contaminar em algum grau a inflação futura, mesmo que ocorra, parece ser um problema secundário neste momento, dado que o Banco Central possui espaço para colocar contratos de swap cambial (venda futura) para retirar a volatilidade da moeda, como já atuou recentemente quando a cotação se aproximou de R$3,50.
Ibovespa.
Alguns papéis que tinham caído recentemente, subiram – e vice-versa, mas, o destaque para os ganhos no dia ficou por conta do setor de bancos, o de maior peso no índice.
O panorama externo de baixa foi deixado de lado e o índice brasileiro chegou a testar os 63 mil pts, encerrando em 62.954 pts (+0,81%), com giro financeiro preliminar de R$ 6,639 bilhões na Bovespa, sendo R$ 6,485 bilhões no mercado à vista.
Agenda Econômica.
No Brasil, foram divulgados a mais suave ata do Copom e dados melhores de veículos da Anfavea. Na China, sairão mais tarde as reservas estrangeiras..
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) chegou a navegar inicialmente em alta, mas, logo perdeu força e passou a operar com pequena baixa até seu fechamento.
O melhor humor interno dos agentes suplantou o negativo exterior no dia. A moeda finalizou cotada a R$ 3,2760 (-0,40%).
Risco País. O CDS brasileiro de 5 anos estava em 239 pts, ante 238 pts da véspera.
Juros.
A percepção transpassada pela ata do Copom que poderá ser mantido o mesmo corte da decisão anterior, levou a uma baixa generalizada nos juros futuros, derrubando como um todo a curva de sua estrutura a termo, destacadamente, os DIS de médio prazo.
Para a semana.
- No Brasil, IGP-DI maio, IGP-M 1ª prévia junho e o destaque – IPCA de maio.
- Nos EUA, Crédito ao consumidor e Estoques no atacado.
- Na China, Reservas estrangeiras, Investimento estrangeiro direto, Balança comercial - Exportações e Importações, IPC e IPP.
- Na Europa, decisão do BCE (Banco Central Europeu) sobre juros e dados de produção industrial das principais economias.
- No Japão, PIB 1T17 (final).
Confira no anexo a íntegra do relatório sobre o comportamento do mercado na 3ª feira, 06.06.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, e RAFAEL REIS, CNPI-P