Mais uma surpresa positiva no âmbito inflacionário doméstico e manutenção de juro zero mundo afora derrubam dólar e juros
Resumo.
Enquanto juros futuros exprimiram otimismo quanto a espaço para um corte mais agressivo na Selic, o dólar permaneceu em queda refletindo maior probabilidade de fluxo de capitais ao Brasil.
No mercado de renda variável, no entanto, o otimismo viu um hiato com commodities pesando.
O anúncio de elevação de impostos ventilado na sessão da véspera foi confirmado após o fechamento do mercado, com assinatura de decreto pelo Presidente, elevando a alíquota de PIS / Cofins sobre combustíveis ¬– ação estimada pela Fazenda capaz de elevar a arrecadação até o final do ano em R$ 10,4 bilhões.
Ibovespa.
A melhora nos mercados de câmbio e juros não foi capaz de contagiar o Ibovespa, que foi penalizado pela performance negativa das ações da Vale e siderúrgicas, que refletiram por sua vez recuo no preço das commodities metálicas.
Ao fim dos negócios o Ibovespa findou aos 64.938 pts (-0,37%), com giro financeiro preliminar da Bovespa em R$ 8,23 bilhões, sendo R$ 8,08 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
Os capitais externos ingressaram com R$ 138,3 milhões, em 18 de julho, totalizando saldo positivo em R$ 2,09 bilhões em julho. Em 2017, está acumulando agora R$ 6,98 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, a prévia da inflação ao consumidor de julho medida pelo IPCA-15 mostrou deflação de 0,18%, não apenas invertendo a margem medida em junho (0,16%) mas abaixo ainda das projeções de mercado (-0,10%). A safra agrícola recorde é grande responsável pela descompressão dos preços dos alimentos, o que vem direcionando o maior alívio no indicador, que acumula em 12 meses alta de 2,78% – o menor patamar desde março de 1999.
A desaceleração da inflação brasileira – ainda que causada muito por conta do cenário recessivo – tem surpreendido paulatinamente o mercado, e a leitura do indicador de hoje praticamente solidifica as apostas em torno de um corte mais expressivo na Selic pelo Bacen na semana vindoura. Acreditamos, neste momento em uma queda de 100 pontos-base, levando a taxa SELIC a 9,25%.
No exterior, os bancos centrais do Japão e da Europa mantiveram inalteradas suas taxas básicas de juros, e evidenciaram a manutenção dos estímulos. Com o crescimento europeu e asiático próximo à estagnação, não parece existir prazo para a dissipação da política monetária expansionista. Atualmente a Europa opera em taxa zero e o Japão em níveis negativos, o que mantém o capital em circulação.
A situação nos Estados Unidos também migrou nos últimos meses de um viés de aperto monetário para dúvidas quanto a data dos próximos aumentos de juros, por conta da ausência de avanços na agenda de Trump e queda nos níveis de confiança bem como dados erráticos da atividade econômica.
Esta situação é benéfica para o Brasil, que tem sido destino de capital estrangeiro, tendo sido este fluxo uma espécie de colchão atenuador de parte das dificuldades impostas pelo cenário recessivo.
Câmbio e CDS. A expectativa de ingresso de capital estrangeiro permaneceu a tônica, reforçada pela manutenção dos juros e estímulos na Europa e Japão, e também pelo enfraquecimento político recente de Donald Trump.
Com isso a divisa norte-americana findou os negócios a R$ 3,1301 (-0,52%).
Risco País - O CDS brasileiro de 5 anos cedeu a 211 pontos ante 216 do fechamento da véspera.
Juros.
Consolidando as apostas do mercado em torno de um corte de 100 pontos-base na Selic na próxima semana, houve recuo significativo ao longo de todos os vencimentos no mercado de juros futuros, justificado sobremaneira pelo IPCA-15 abaixo do previsto.
Para a 6ª feira.
A agenda doméstica é a única de relevo, sendo previstos saldo em conta-corrente e investimento estrangeiro direto relativos a junho, além da divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas do orçamento.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 5ª feira, 20.07.2017, elaborado por RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, e WESLEY BERNABÉ, CNPI, ambos do BB Investimentos
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