Diário do Mercado na 4ª feira, 26.07.2017
Selic a um dígito
Resumo.
Antes da decisão de juros do Copom no Brasil, à tarde, o mercado assimilou a manutenção dos juros nos EUA, definição que foi acompanhada de um comunicado considerado dovish (brando), impactando especialmente o mercado cambial.
Por aqui, o mercado acionário viu realização enquanto os juros operaram com viés de recuo. Ao final do dia o Copom revelou a decisão de cortar 100 pontos-base, levando a Selic a 9,25% a.a. – patamar mais baixo desde 2013.
Ibovespa.
Em meio à temporada de balanços a bolsa brasileira mostrou ações com desempenhos mistos, mas o predomínio foi o da realização de lucros das ações ligadas às commodities metálicas como siderúrgicas e mineradoras. A Petrobras, apesar da alta do petróleo na sessão também recuou devolvendo parte dos fortes ganhos vistos nas sessões anteriores.
Ao fim do pregão, o Ibovespa findou aos 65.010 pts (-1,00%) com o giro financeiro preliminar da Bovespa em R$ 6,90 bilhões, sendo R$ 6,66 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
O capital externo para a bolsa, com o ingresso de R$ 53,373 milhões em 24 de julho, passou a somar saldo positivo de R$ 2,476 bilhões no mês. Em 2017, a entrada líquida acumulada situa-se agora em R$ 7,368 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, o COPOM cortou a Selic-meta em 100 pontos-base, em uma decisão unânime, sem viés, e também sem surpresas, já que a amplitude foi idêntica àquela consensual entre analistas.
O comunicado do COPOM que acompanhou a decisão foi dovish (brando), e em nossa análise sinaliza, neste momento, e a depender do andamento das condições econômicas, espaço para um corte de 75 pontos-base na reunião de setembro próximo. Destacadamente no comunicado, foram evidenciados uma menor vinculação das tomadas de decisão da autoridade monetária ao andamento das reformas governistas – as quais foram mencionadas como de dúvidas mais elevadas –, além da manutenção das favoráveis condições de liquidez externa e ainda uma aparente baixa influência da queda dos índices de confiança no movimento de retomada econômica.
Já nos EUA, o FOMC optou pela manutenção dos juros entre os limites mínimo em 1,00% e máximo em 1,25%. A decisão não surpreendeu o mercado, que aguarda novidades do Fed somente em setembro, com a provável divulgação do calendário de redução do balanço da instituição, já que uma nova alta nos juros é prevista neste momento tão somente para dezembro. Para embasar a definição de setembro, no entanto, o mês de agosto trará dados vitais como a inflação pelo PCE de junho e de julho em 1º e 31 de agosto. Entre os destaques do comunicado, no entanto, pesou a afirmação de que “a inflação perdeu força e afastou-se da meta de 2%”. O trecho, isoladamente, influenciou imediatamente no mercado de câmbio.
Câmbio e CDS.
O dólar, que já operava em desvalorização ante a maior parte das moedas mundiais acelerou o movimento após a decisão de juros do Fomc, que acompanhou um comunicado considerado brando.
Ante o real a divisa norte-americana findou os negócios a R$ 3,1402 (-0,95%). O CDS brasileiro de 5 anos acompanhou o movimento e cedeu a 214 pontos, ante o fechamento de 216 da véspera.
Juros.
Antes do fechamento do mercado e do anúncio da definição do Copom, houve incremento nas apostas de última hora quanto a um corte mais agressivo evidenciado pelo recuo dos vencimentos mais curtos. As zonas intermediária assim como a longa também apresentaram predominante viés de queda, embora em menor intensidade.
Para a 5ª feira.
A reação ao comunicado do Copom deve ser branda, já que a definição veio amplamente em linha com o aguardado pelo consenso de mercado. A agenda econômica é leve, e trará destacadamente no Brasil dados de crédito do SFN (Bacen), e inflação ao produtor (PPI).
Nos EUA são esperados pedidos de bens duráveis além de estoques no atacado e varejo.
Confira no anexo a íntegra do relatóriod e análise do comportamento do mercado na 4ª feira, 27.07.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, e RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, ambos da equipe do BB Investimentos.