NATURA - Resultado 2º trimestre de 2017
Um trimestre neutro, mas um semestre bom
Consideramos os resultados da Natura no 2T17 mistos mais uma vez, com vendas abaixo das nossas já conservadoras projeções (-2,6% A/E), mas uma margem bruta mais forte que o estimado (+2,3 p.p. A/E), uma vez que esperávamos estabilidade na operação nacional e uma pressão adicional oriunda da apreciação do real na Latam.
Ainda assim, quando levamos em consideração a antecipação das vendas do Dia das Mães para o 1T17 e consideramos o desempenho do 1S17 como um todo, com o top line avançando 1,2% a/a (com vendas estáveis no Brasil), uma alta de 18,1% a/a na geração de EBITDA e uma recuperação de 8,8 p.p. na margem líquida, temos que reconhecer que o atual planejamento estratégico da companhia está, de fato, trazendo bons resultados.
Outro destaque positivo quando olhamos o 1S17 como um todo foi a geração de fluxo de caixa operacional, a qual atingiu R$ 337 mi no período (contra R$ 39 mi no 1S16), refletindo um forte e efetivo gerenciamento do capital de giro.
Dito isso, esperamos que NATU3 apresente uma reação positiva, especialmente quando consideramos a forte desvalorização da ação durante os últimos 2 meses.
Preço alvo de R$ 36,00
Mantemos nossas projeções inalteradas, com um preço alvo de R$ 36,00 para o final do ano, mas elevamos nossa recomendação para Outperform, dada a recente queda da cotação da ação da companhia, conforme acima mencionado.
De acordo com as nossas estimativas, NATU3 está sendo negociada a 35,7x P/L e 11,5x EV/EBITDA para o final de 2017, contra uma média histórica (últimos 5 anos) de 21,9x e 12,2x, respectivamente.
Top line impactado principalmente pela desaceleração das vendas no Brasil.
A receita bruta consolidada apresentou uma leve queda de 0,2% a/a no 2T17, impactada pelo deslocamento das vendas do Dia das Mães no mercado doméstico e um efeito desfavorável do câmbio nas operações internacionais.
No Brasil, as vendas reduziram 3,0% a/a no trimestre, refletindo uma queda de 12,6% a/a no volume vendido, junto com o menor número de consultoras (-9,1% a/a), o que foi só parcialmente compensado pela melhora de 4,2% a/a na produtividade das mesmas.
Na Latam, as vendas cresceram 15,6% a/a em moeda local, com o volume expandindo 2,2% a/a e o número de consultoras 6,1% a/a, mas a taxa de câmbio desfavorável levou a um aumento de apenas 3,0% a/a em R$.
Em relação à Aesop, as vendas expandiram 20,3% a/a (+30,6% em moeda local), refletindo um crescimento de vendas em mesmas lojas de 12% e a abertura de 33 novas lojas no último ano.
EBITDA pressionado por despesas com marketing e itens não recorrentes.
A margem bruta consolidada aumentou 1,6 p.p. no trimestre, para 70,1% (+2,3 p.p. A/E), beneficiada pela operação nacional (+1,3 p.p. a/a, para 69.1%), devido ao mix de vendas mais favorável, à menor pressão inflacionária e cambial sobre custos de produção e à uma política de preços mais assertiva.
A margem EBITDA, por sua vez, caiu 2,3 p.p. a/a no período, para 14,7% (-1,3 p.p. A/E), refletindo: (i) maiores investimentos em marketing no Brasil (+7,6% a/a); (ii) o ritmo acelerado de abertura de lojas na Aesop e (iii) R$ 35,6 mi em despesas não recorrentes relacionada à aquisição da The Body Shop, as quais esperávamos que ocorressem apenas em agosto. Desconsiderando este último efeito, a margem EBITDA teria caído apenas 0,5 p.p. a/a no trimestre, para 16,5% (+0,5 p.p. A/E).
Confira no anexo a integra do relatório de análise do resultado apresentado pela
NATURA, no 2º trimestre/2017, preparado por MARIA PAULA CANTUSIO, CNPI,
Analista Sênior, do BB Investimentos