Diário de Mercado na 5ª feira, 03.08.2017
Mercado se reajusta após votação na Câmara
Resumo.
A votação da denúncia da presidência pela Procuradoria Geral da União na Câmara dos Deputados virou mais uma página na odisseia política, que se arrastava desde o dia 17 de maio – conhecido no mercado como Joesley Day.
A vitória do governo na véspera, no entanto, carregou um ar de incerteza quanto ao próximo capítulo: a continuidade das reformas em pauta, já que o placar foi favorável, mas não tanto quanto o aguardado pelos agentes.
De um lado a rapidez do processo foi considerada positiva, mas os 263 votos angariados (ante estimativa de aproximadamente 300) inflama discussões em torno da aprovação da reforma da previdência, que precisa de 308 votos a favor.
Ibovespa.
Como um respiro, a bolsa cedeu após cinco pregões ininterruptos de alta, e lucros foram então realizados, na confirmação do fato ao qual os investidores já vinham se posicionando desde a semana anterior: a vitória do presidente na votação da denúncia da PGR.
A maior alta do dia ficou por conta da Eletrobras (ELET6), em um movimento considerado de troca de papéis que se desvalorizaram recentemente e ainda mediante incremento de expectativas com um resultado positivo a ser apresentado no balanço do 2T.
O Ibovespa findou aos 66.777 pts (-0,53%) com o giro financeiro preliminar da Bovespa em R$ 7,00 bilhões, sendo R$ 6,80 bilhões no mercado à vista. O capital externo para a bolsa, com o ingresso de R$ 273,09 milhões em 1º de agosto, deu o arranque do mês no positivo, mantendo a tendência de apetite a risco por parte do estrangeiro visto em julho. Em 2017, a entrada líquida acumulada situa-se agora em R$ 8,270 bilhões.
Agenda Econômica.
Na zona do Euro, as vendas no varejo em junho se elevaram em 0,5% e surpreenderam analistas, cujas projeções apontavam, na média, para estabilidade (0,0%).
No Reino Unido, o BoE (Bank of England) optou em uma decisão não unânime (6 a 2) pela manutenção da taxa de juros em 0,250%. A decisão foi considerada dovish (branda), reforçando a manutenção do cenário de franco afrouxo monetário na região, interpretação advinda tanto de maiores dúvidas quanto à dificuldades de crescimento e estabilidade pós-Brexit, bem como pela divisão dos votante, que foi maior do que a definição anterior (5 a 3).
Já nos EUA, que vive um momento de dúvidas quanto à dinâmica do ciclo de normalização da economia em meio à fraqueza política de Donald Trump e sua dificuldade em avançar a agenda de reforma tributária e expansão do setor de infraestrutura, os dados seguem apresentando vieses mistos. Os pedidos de fábrica em junho se elevaram em 3%, revertendo a queda de 0,3% vista em maio, mas vindo em linha com as projeções de mercado, enquanto os pedidos de bens duráveis, na última prévia de junho dispararam 6,4% ante expectativa de estabilidade (0,0%).
Câmbio e CDS.
Com dificuldades de romper o patamar dos R$ 3,10, o dólar operou novamente comportado e próximo à estabilidade, refletindo ausência de direcionadores na sessão, e fechou a R$ 3,1152 (-0,20%).
Risco País - O CDS brasileiro de 5 anos cedeu a 201 pontos ante o fechamento de 204 da véspera.
Juros.
A votação favorável ao governo e também ao prosseguimento da agenda de reformas deflagrou recuo moderado ao longo de todos os vencimentos da curva de juros, em especial na seção longa, que melhor reflete os riscos associados ao âmbito político.
Para a sexta-feira.
A agenda pesa com o dado mais relevante da semana: o payroll norte-americano, que pode direcionar novas apostas quanto à dinâmica de juros nos EUA.
No Brasil, os ecos da votação da noite de quarta-feira tendem a prosseguir, agora com os agentes buscando calcular a probabilidade de avanço na agenda reformista – em especial à da previdência – enquanto o governo mantém a articulação para angariar mais apoio frente à pauta, que deve dominar os noticiários nas semanas vindouras.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 5ª feira, 03.08.2017, elaborado por Hamilton Moreira Alves, CNPI-T, e Rafael Freda Reis, CNPI-P, ambos do BB Investimento