Diário do Mercado na 5ª feira, 10.08.2017
Ameaças entre EUA e Coreia do Norte seguem desanimando
Resumo.
Com o mercado ainda remoendo a escalada da tensão geopolítica entre EUA versus Coreia do Norte, e domesticamente o postergamento do anúncio da revisão da meta fiscal para o biênio 2017/2018, o terreno se tornou fértil para um movimento de realização de lucros mais forte na renda variável.
Nos mercado de juros e câmbio, embora com oscilação menos pungente, o clima não foi diferente: a sessão viu majoritariamente uma busca dos investidores por instrumentos mais seguros e moedas fortes.
Ibovespa.
Os poucos ativos que se valorizaram na sessão o fizeram parcamente. O destaque entre as perdas ponderadas no índice ficou com a Petrobras, que refletiu forte queda na cotação do petróleo no mercado externo, mas também houve importante contribuição do setor bancário na queda.
Majoritariamente alinhado ao mercado norte-americano, que se retraiu em resposta à promessa de “fogo e fúria” por parte de Trump em retaliação à ameaça nuclear da Coreia do Norte, o Ibovespa findou aos 66.992 pts (-1,00%) com o giro financeiro preliminar da Bovespa em R$ 7,46 bilhões, sendo R$ 7,27 bilhões no mercado à vista.
O capital externo à bolsa, com a entrada de R$ 193,3 milhões em 8 de agosto passou a totalizar no mês saldo líquido de R$ 821,79 milhões. Em 2017 o acumulado situa-se em R$ 8,82 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, a primeira prévia da inflação medida pelo IGP-M de agosto foi uma ligeira queda de 0,03%. Assim como já visto no IGP-DI de julho, e até certo ponto no IPCA, a sequência de surpresas positivas no âmbito inflacionário parece mesmo ter chegado ao fim.
A quase estabilidade representou uma retomada de certa pressão de preços em pouco tempo, tendo em vista a leitura anterior (-0,95%). Na decomposição do indicador, verificou-se que o IPA-M (atacado) caiu apenas 0,19% ante -1,44% na primeira prévia de julho e representou a principal contribuição à diferença entre as margens mensais. O IPC-M (varejo) por sua vez passou a +0,31% ante -0,12% em julho, enquanto o INCC-M (construção civil) variou 0,18% ante 0,06%.
No exterior, as produções industriais na França e Reino Unido apresentaram direções distintas em junho. Enquanto a primeira decepcionou as projeções variando -1,1% (ante -0,6% aguardado), a segunda surpreendeu, mostrando incremento em +0,5% (projeção em +0,1%).
Câmbio e CDS.
O dólar abriu e se manteve próximo da estabilidade até o início da tarde, quando então a retomada da deterioração do clima geopolítico foi tornando a divisa norte-americana o destino de capital em busca de maior segurança ante pares.
A moeda norte-americana findou cotada a R$ 3,1688 (0,61%).
Risco País - O CDS brasileiro de 5 anos também movimentou-se refletindo uma piora da percepção de risco em mercados emergentes e fechou a 207 pontos ante 199 da véspera.
Juros.
Os juros futuros se elevaram ao longo de todos os vencimentos, tendo como pano de fundo a questão EUA x Coreia do Norte, e também ruídos no front fiscal doméstico. Também foram influentes a alta do dólar e o movimento dos US Treasuries, cujos rendimentos recuaram significativamente na sessão.
Para a sexta-feira.
A agenda econômica não reserva nenhum item de peso, ainda que traga divulgações de inflação ao consumidor nos EUA, Alemanha e França. Já que a retomada das tratativas para com a questão fiscal ficou para a segunda-feira, o mercado na última sessão da semana tende a seguir o mercado externo, e oscilar conforme um maior aprofundamento ou alívio da atmosfera de animosidade geopolítica entre EUA e Coreia do Norte.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 5ª feira, 10.08.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, e RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, ambos da equipe do BB Investimento