A mudança na dinâmica do crescimento e a experiência do País com crescimento inclusivo, no período 2004-2011, foi o tema da palestra proferida pela presidente do IPEA, Vanessa Petrelli Corrêa, no Congresso Internacional de Desenvolvimento, no RJ.
A mudança na dinâmica do crescimento no Brasil foi o tema da conferência proferida pela presidente do Ipea, Vanessa Petrelli Corrêa, no primeiro Congresso Internacional de Desenvolvimento, promovido pelo Centro Celso Furtado, de 15 a 17 de agosto. A palestra da presidente estava inserida no tema geral do evento, A crise e os desafios para um novo ciclo de desenvolvimento, e ocorreu na quinta-feira, 16.
Além da presidente do IPEA, foram palestrantes Luciano Coutinho, presidente do BNDES, Tania Bacelar, da UFPE, Bresser-Pereira, da FGV, Carlos Pinkusfeld, da UFRJ e Luiz Gonzaga Belluzzo, da UNICAMP, além de Maria da Conceição Tavares.
A presidente do IPEA falou sobre a experiência brasileira de crescimento inclusivo no período 2004-2011, atribuindo-o à combinação de três fatores. O primeiro fator foi o cenário internacional favorável.
O segundo fator foi a dinâmica redistributiva interna, por meio de aumentos do salário mínimo, das transferências públicas de renda e do crédito às famílias.
Por fim, foi fundamental o papel do Estado na coordenação e no financiamento dos investimentos privados, complementados por investimentos públicos.
“Inicialmente, o crescimento foi puxado pelo setor externo, mas após 2006, ele foi puxado pelo mercado interno, uma especificidade brasileira”,
informou ela.
De acordo com os dados recentes, o crescimento médio real da economia brasileira entre 2004 e 2011 foi de 4,3% ao ano, quase o dobro, portanto, da média observada nas duas décadas imediatamente anteriores — e pouco menos de dois terços da média observada entre 1947 (o primeiro ano para o qual existem dados oficiais) e 1980.
Segundo Vanessa, o crescimento puxou a arrecadação, o que gerou aumento da carga tributária e possibilitou mais transferências de assistência e previdência às famílias, além do aumento do salário mínimo.
Tudo isso mudou a dinâmica interna da economia brasileira. Afinal, a arrecadação tributária após 2004 passou a crescer não pela criação de novos tributos ou aumento de alíquotas, mas devido ao aumento do emprego, da formalização do mercado de trabalho, da lucratividade das empresas e do crescimento da economia em geral.
A arrecadação tributária maior tornou possível utilizar isenções tributárias como instrumento de políticas de desenvolvimento produtivo e permitiu a ampliação dos gastos sociais e dos investimentos públicos sem aumentar o endividamento público.
Para a presidente do Instituto, o crescimento inclusivo envolve políticas sociais universais, disponibilidade de crédito para as famílias e para as empresas, crescimento da renda e do consumo, e investimentos privados, coordenados pelo Estado e complementados por investimentos públicos.
“Mesmo com a piora do ambiente externo, o governo tem condições de reverter o quadro”,
disse Vanessa, que defende a capacidade de avanço do modelo brasileiro de crescimento inclusivo, frente os vários desafios.