Boletim Focus, de 23.04.2018 - Comentários
Inflação recuou para 2019 e restante ficou quase inalterado
No relatório semanal Focus do Banco Central, as projeções de mercado desta semana não mostraram significativas alterações em relação aos dados recentes, com o cenário como um todo permanecendo benigno.
O destaque positivo ficou por conta da queda da expectativa do IPCA para 2019, que baixou para 4,00%, ante 4,07% antes. Para 2018, após onze semanas estável em R$ 3,30, a taxa de câmbio esperada para o final de 2018 subiu a R$3,33, mas, ainda é cedo para saber se houve mudanças de expectativas ou apenas um pontual movimento de mercado.
Já a estimativa de inflação medida pelo IPCA, depois de 11 semanas decaindo, teve mínima alta a 3,49% (3,48% anterior) para 2018, mas, baixou a 4,00% (4,07% anterior) para 2018.
O PIB para 2018 cedeu levemente a 2,75%, versus 2,76% antes, mas manteve-se em 3,00% para 2019. Enfim, o quadro geral permaneceu corroborando para a baixa previamente anunciada pelo Banco Central de 25 pts-base na taxa Selic na decisão do Copom em 16 de maio próximo, para 6,25% a.a.
A continuar um panorama favorável, com a inflação baixa e bem comportada, os agentes poderão até antever um possível corte de mais 25 pts-base na subsequente resolução do Bacen de 20 de junho de 2018 - o que levaria a taxa básica de juros para um piso histórico de 6,00% a.a.
Vale ressaltar que no curto prazo o principal risco para a continuidade de um ambiente doméstico economicamente propício, tanto para o crescimento, como para incremento de investimentos advém do cenário internacional, se sobressaindo agora a visão dos agentes em relação a futuras elevações de taxa de juros nos Estados Unidos.
Na 6ª feira passada, 20.04, o IBGE divulgou que o IPCA-15, considerado como dado preliminar para o IPCA mensal, foi de +0,21% em abril, ante +0,10% em março – inferior ao consenso de mercado de 0,25%.
Vale realçar que a taxa ficou idêntica a de abril de 2017 e foi a menor para meses de abril desde 2006. O indicador passou a acumular +1,08% no ano e +2,80% em 12 meses.
Os maiores impactos ponderados vieram dos grupos Saúde em +0,69% (+0,48% em março), com 0,04 p.p.; Alimentação em +0,15% (-0,07% em março), com 0,04 p.p.; e Habitação em +0,26% (+0,13% em março) com +0,04 p.p. Todos os demais grupos foram positivos, com exceção de comunicação em -0,15% (-0,19% em março).
O ministério do trabalho divulgou que o CAGED (criação de empregos formais) mostrou geração líquida de 56.151 postos de trabalho em março (sem ajuste), com 1.340.153 admissões e de 1.284.002 demissões. O maior destaque foi o setor de serviços com 57.384 vagas, seguido pela indústria de transformação com 10.450 e pela construção civil com 7.728. O indicador passou acumular 204.064 novos empregos em 2018, versus perda de 22.138 no primeiro trimestre do ano passado, e soma agora criação de 223.367 vagas em 12 meses. Já no regime de trabalho parcial, foram registradas 6.851 admissões e 3.658 desligamentos, gerando saldo de 3.193 empregos.
Síntese
- O IPCA quase estável em 3,49% (3,48% antes) e recuou a 4,00% (4,07% antes) para 2019.
- A taxa Selic ficou inalterada no piso histórico de 6,25% para 2018 e em 8,00% para 2019.
- O dólar subiu a R$ 3,33 (R$ 3,30 antes) para 2018 e aumentou levemente a R$ 3,40 (R$3,39 antes) para 2019.
- O PIB arrefeceu ligeiramente a 2,75% (2,76% antes) para 2018 e se manteve em 3,00% para 2019.
- O CDS (Credit Default Swap) do Brasil de 5 anos (CBIN) se manteve quase estável em 169 pts (20/abr), ante 168 pts (13/abr) da semana anterior.
Confira no anexo a íntegra do estudo realizado por HAMILTON MOREIRA ALVES e WESLEY BERNABÉ, ambos do BB INVESTIMENTOS