Setor de Papel e Celulose
Maio: paradas na produção com a greve dos caminhoneiros
01.06.2018
Maio pode ser dividido em dois cenários para o setor: o primeiro antes da greve dos caminhoneiros e o outro após. Desde o começo do ano, a apreciação do USD ante o Real, contribuindo para receitas maiores na exportação, tem impulsionado as ações das empresas. Os preços de celulose estão também em níveis mais altos, juntamente com uma demanda ainda positiva.
A sorte estava a favor do segmento. Entretanto, com o desdobramento da greve dos caminhoneiros e a mesma levando mais tempo que o previsto, as companhias começaram a sofrer com falta de insumos e incapacidade de escoar a produção.
Em 25 de maio, as empresas anunciaram que o impacto seria inevitável; no dia 28, Suzano e Fibria anunciaram a parada em suas plantas; e após quatro dias, elas informaram o retorno gradual de suas operações.
Acreditamos que, por estarmos ainda no meio do trimestre, as empresas devem conseguir compensar a menor produção destes dias sem um grande impacto negativo nos volumes no 2T18.
Com relação aos preços de celulose, houve melhora no mês, espelhando os anúncios de aumento de preço no começo do ano. Entretanto, podemos ver agora um enfraquecimento na tendência de alta.
Na Europa, os preços BHKP foram a USD 1.050/t e, na China, para USD 770/t, aumento de 1,2% e estável nas últimas quatro semanas, para ambos os mercados, respectivamente.
O spread entre a os preços das celuloses NBSK e BHKP também aumentou, para USD 122/t, ante USD 92/t em março, ultrapassando a média histórica de USD 100/t. Os estoques na China ficaram estáveis em 36 dias, igual à média do ano passado.
Os embarques globais em abril (último dado disponível) somaram 4,1Mt, uma queda de 6,1% a/a, com celulose de fibra curta aumentando 21,3% m/m e 3,0% a/a, e fibra longa caindo 2,2% m/m, apesar do aumento de 8,9% a/a.
Em abril, de acordo com a Ibá¹, a produção brasileira de celulose chegou a 1.685 kton, aumento de 4,4% comparado a abril/17. As exportações apresentaram comportamento semelhante, subindo 11,1% a/a em abril, para 1.127, apesar da queda de 18,9% m/m. Durante o mês, a China respondeu por 41% do total exportado, seguido pela Europa com 32%.
Já para o segmento de papel, a produção subiu para 879 kton, 3,0% acima a/a, principalmente devido a maior produção de tissue (+3,0% a/a) e papel para embalagem (+3,8% a/a). O consumo aparente no Brasil ficou em 763 kton em abril, estável a/a. Como anunciado pela ABPO², as vendas de caixas de papelão subiram 8,9% em abril, comparada ao mesmo mês de 2017.
Como mencionamos, Suzano e Fibria, especialmente, foram altamente beneficiadas pelo dólar mais forte no período. Entretanto, o impacto da greve dos caminhoneiros deve ser levado em consideração e observaremos de perto se as empresas conseguirão retomar e compensar estes dias sem produzir.
Com relação à operação Suzano+Fibria, as autoridades antitruste nos EUA aprovaram, em 01;06.2018, a compra da Fibria pela Suzano, um importante passo para a conclusão da negociação. Lembramos que a agência de antitruste brasileira, o CADE, ainda não emitiu nenhum comentário sobre a transação.
A Fibria anunciou um aumento de 10% em seu plano de investimentos para 2018, que deverá agora ficar em BRL 4,080 mm. Klabin também foi afetada pela greve, porém em menor nível, pois a maior parte de sua estrutura é composta de frota própria e por ferrovias.
Durante o mês, a Fitch confirmou o rating da Klabin em BB+, com perspectiva estável.
Outlook.
A autorização da compra Suzano+Fibria pelas autoridades americanas deve acelerar outros órgãos antitruste no mundo, incluindo o CADE a informar sobre suas posições no acordo. Sendo este o caso, podemos ver a “Nova Suzano” já operando no final deste ano. Em relação ao mercado, a demanda continua firme na China, apesar dos preços se manterem estáveis nos próximos meses, com leve melhora.
A apreciação do dólar deve impulsionar as receitas no trimestre, como mencionamos, e devemos vê-lo em níveis elevados devido às incertezas do período eleitoral este ano. Já para papel, os fundamentos se mantêm positivos, com a demanda interna ainda crescente. O impacto da greve dos caminhoneiros deve minimizar ganhos futuros, apesar de em níveis mais baixos.
¹ Ibá – Indústria Brasileira de Árvore
² ABPO – Associacao Brasileira de Papel Ondulado
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise a respeito, preparado por Gabriela E. Cortez, CNPI, Analista Senior do BB Investimentos
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