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Economia e Finanças

29 de Junho de 2018 as 02:06:06



BACEN Relatório prevê Cenário confortável para inflação e PIB, só a 1,6%


Relatório de inflação: projeções de inflação reforçam cenário de estabilidade da taxa Selic 
Mario Mesquita
Economista-Chefe do Banco Itaú
28.06.2018
 
Modelos do BCB apontam para inflação abaixo ou próxima da meta em todos os cenários para 2018, 2019 e 2020.
 
 
O relatório de inflação apresenta projeções de inflação em torno de 4,2% para 2018 e 4,1% para 2019 e 2020 no cenário com taxa de juros constante a 6,50% a.a. e taxa de câmbio constante a R$ 3,70/US$, ante metas de 4,5%, 4,25% e 4,0% para os mesmos anos.
 
 
Cenário de Mercado
 
No cenário de mercado, que considera projeções de taxas de juros e câmbio em linha com o relatório Focus, que atualmente assume a taxa Selic estável em 6,50% até o final de 2018, e subindo para 8,0% em 2019, as projeções de inflação situam-se em torno de 4,2% para 2018 e de 3,7% para 2019 e 2020.
 
Nesse cenário, considera-se uma taxa de câmbio de R$ 3,63 ao final de 2018 e R$ 3,60 ao final de 2019, com projeção de inflação de preços de administrados em 7,2% para 2018, de 4,6% para 2019 e 3,8% para 2020.
 
As projeções de inflação para 2019 (abaixo da meta no cenário de mercado e próxima da meta no cenário de referência) são consistentes com a manutenção da taxa Selic no nível vigente.
 
 
Cenário Híbrido
 
No cenário híbrido que assume taxa de câmbio constante e juros em linha com a expectativa de mercado, as projeções de inflação situam-se em torno de 4,2% para 2018, 3,9% para 2019 e 3,7% em 2020. Por fim, no cenário híbrido que assume taxa de câmbio em linha com as expectativas de mercado e juros constantes, as projeções de inflação apontam para 4,2% em 2018, 3,8% em 2019 e 4,1% em 2020.
 
Conforme mostrado na tabela abaixo, as projeções de inflação estão abaixo ou próximas da meta em todos os cenários para 2018, 2019 e 2020. Segundo o Banco Central, contribuem para que as projeções de inflação de 2019 e 2020 sejam consistentes com as metas, o fato de as expectativas de inflação estarem ancoradas, a diminuição dos efeitos da depreciação cambial ao longo do tempo e a trajetória de recuperação da atividade econômica.
 
Nesse sentido, o BCB indica que a política monetária estimulativa favorece o estreitamento da capacidade ociosa dos fatores de produção, contribuindo para a convergência da inflação para a meta.
 
 
PIB - Estimativa cai para 1,6% em 2018
 
Como de costume, o RI inclui em seus boxes revisões de cenário e alguns estudos interessantes. A propósito, a projeção de crescimento do PIB em 2018 ofreu revisão significativa, de 2,6% para 1,6%, incorporando o arrefecimento da atividade no início do ano, a acomodação dos indicadores de confiança e impactos diretos e indiretos da paralização dos caminhoneiros. 
 
No que diz respeito a estudos, o boxe “Componentes privados da demanda agregada em ciclos de retomada da atividade econômica” analisa os padrões de ciclos recentes e conclui que o ritmo de recuperação do setor privado no ciclo atual  é similar ao de 1999 e 2001, mas fica aquém dos ciclos de 2003 e 2009.
 
 
Financiamento às Empresas
 
Explorando novamente o tema de boxes presentes em RIs anteriores, o BCB apresenta no estudo “Financiamento amplo das empresas” um indicador de condições amplas de financiamento para o setor privado, construído com base em informações individualizadas por CNPJ.
 
De forma similar aos outros estudos, conclui-se que o financiamento das grandes empresas via mercado de capitais e emissões externas mais que compensou o recuo do crédito via BNDES, levando o financiamento amplo para empresas com maior capacidade financeira a crescer 3,1% desde o fim de 2016.
 
No entanto, essa tendência não se confirma no caso de empresas de menor porte. Por ter tipicamente menos acesso ao mercado de capitais, esse grupo de empresas passou por um acentuado processo de desalavancagem, na medida em que suas operações de crédito com recursos livres e direcionados tiveram forte contração.
 
 
Inflação
 
O RI de hoje também trouxe boxes interessantes sobre a modelagem de inflação usada pelo BCB. No boxe “Novas medidas de núcleo de inflação”  o BCB introduz métricas que expandem o conceito do indicador subjacente de serviços para a alimentação no domicílio (mantendo apenas os itens menos voláteis) e bens industriais – excluindo etanol (devido à volatilidade vinda de condições de oferta) e cigarro, automóveis novos, usados e eletrodomésticos (por serem itens muito afetados por questões tributárias).
 
O novo núcleo IPCA-EX2 agrega os novos indicadores subjacentes de alimentação e bens industriais ao de serviços, enquanto o IPCA-EX3 agrega apenas serviços e industriais. Segundo o estudo, os novos núcleos mostram maior aderência ao hiato do produto e  parecem incluir componentes da inflação mais sensíveis ao ciclo econômico.
 
No boxe “Modelo de preços desagregados de pequeno porte” são apresentados os coeficientes estimados para o repasse cambial sobre preços de produtos industriais, alimentação no domicílio e o núcleo EX0 (que exclui alimentação no domicílio e preços administrados).
 
A inflação do setor de alimentação no domicílio é a que tem a maior e mais rápida reação ao câmbio: os efeitos de uma depreciação permanente de 10% concentram-se nos dois primeiros trimestres e chegam ao seu máximo em quatro trimestres, com aumento de 2,2 p.p.
 
Bens industriais apresentam repasse menor, subindo 0,9 p.p. em quatro trimestres e o repasse é ainda menor no caso do núcleo EX0 (devido à presença de preços de serviços, que reagem menos ao câmbio): a variação acumulada do núcleo EX0 atinge 0,4 p.p. no quarto trimestre. 
 
 
Cenário Inflacionário Confortável
 
Em resumo, as projeções de inflação do banco central, bem como a nova projeção para o crescimento de 2018, divulgadas no RI de junho, apontam para um cenário inflacionário prospectivo relativamente confortável. De fato, em todos os quatro cenários divulgados pelo BCB a taxa de inflação projetada encontra-se abaixo ou próxima da meta ao final de 2019 e 2020.
 
Em cenários que contemplam a taxa de juros de mercado, as projeções de inflação tendem a ficar abaixo da meta tanto em 2019 quanto em 2020, o que indica que a atual trajetória da pesquisa Focus (8,0% ao final de 2019 e 2020) contempla aumentos da taxa Selic que hoje não parecem necessários, segundo os modelos do BCB.
 
Mantemos a visão de que a taxa Selic permanecerá em 6,50% até pelo menos o final deste ano.
 
 
Confira no anexo a íntegra do estudo preparado pelo departamento pesquisa macro econômica do Banco Itaú, a respeito do Relatório de Inflação de junho/2018 elaborado pelo Banco Central
 
 
Mario Mesquita – Economista-Chefe

Clique aqui para acessar o aquivo PDF

Fonte: ITAÚ BBA Departamento Econômiico





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