Risco de guerra comercial aumenta e turbulência continua
Os riscos relacionados ao comércio internacional aumentaram nas últimas semanas, com EUA e China se aproximando ainda mais de uma guerra comercial capaz de reduzir o crescimento econômico global. Nossa expectativa é que o quadro não se deteriore além da rodada inicial de tarifas, mas como a retórica do presidente americano dificilmente mudará antes das eleições no Congresso, em novembro, a ameaça tende a se manter nos próximos meses.
Ainda assim, o crescimento global permanece saudável. Houve um aperto das condições financeiras internacionais desde o início do ano, mas estas seguem consistentes com expansão econômica acima do potencial, o que nos levou a manter as projeções para o PIB mundial inalteradas em 3,9% neste ano e 3,7% em 2019.
Na América Latina, o ambiente externo continua pressionando as moedas. Países com menos vulnerabilidades estão em recuperação. No Brasil e na Argentina, a atividade tem decepcionado e revisamos para baixo as projeções de crescimento para ambos.
De modo geral, a postura de política monetária na região é de aperto. O banco central do México retomou os aumentos de juros e, na Argentina, o banco central apertou ainda mais a política monetária.
No Chile, Colômbia e Peru, os bancos centrais dão indicações mais claras de que não há espaço para flexibilização adicional.
No México, o candidato de oposição Andrés Manuel López Obrador (AMLO) venceu a eleição presidencial com margem maior do que o esperado e a sua coalizão terá controle da Câmara de Deputados e do Senado. A nosso ver, a chance de mudanças drásticas na política econômica é baixa, mas há risco de adoção de medidas capazes de limitar o investimento em determinados setores, o que reduziria o crescimento do PIB.
No Brasil, as incertezas pesam negativamente sobre a atividade econômica. A contínua deterioração das condições financeiras – refletida na alta das taxas de juros de mercado, no aumento do risco-país, na queda da bolsa e na depreciação cambial (revisamos a projeção para a taxa de câmbio para 3,90 reais por dólar no fim de 2018 e 2019) – nos levou a diminuir as projeções de crescimento do PIB para 1,3% em 2018 e 2,0% em 2019 (vindo de 1,7% e 2,5% anteriormente).
Com a moeda mais enfraquecida e reajuste acima do previsto nas tarifas de eletricidade, elevamos as previsões de inflação para 4,1% em 2018 e 4,2% em 2019.
Quanto à política monetária, o aumento das incertezas, expectativas bem ancoradas e baixa inflação corrente reforçam a perspectiva de estabilidade da Selic até o fim do ano.