Relatório Setorial - VAREJO
Julho: ainda desafiador, apesar de um impacto menor que o esperado da greve
Em julho, o Ibovespa valorizou 8,9% m/m, recuperando parte da queda observada nos dois meses anteriores, quando o índice foi impactado negativamente pela greve dos caminhoneiros e pela desaceleração nos indicadores macroeconômicos, causada pelos jogos da Copa do Mundo e pela instabilidade do cenário externo.
Dentre os varejistas, os destaques positivos foram:
(i) AMAR3 (+15,4% m/m), ainda apresentando bastante volatilidade e sendo negociada abaixo de seus múltiplos históricos;
(ii) VVAR11 (+14,4% m/m), beneficiada pelas notícias referentes à sua migração para o “Novo Mercado” (o maior nível de governança da B3) e seu processo de venda;
(iii) RADL3 (+12,0% m/m), por conta de movimentos de short squeeze e (iv) LLIS3 (+9,7% m/m), impulsionada pela divulgação de resultados robustos no 2T18.
Embora a pesquisa do comércio divulgada pelo IBGE tenha vindo melhor que as expectativas de mercado em maio (-0,6% m/m em volume contra -1,0%), a maioria dos varejistas performou abaixou do Ibovespa durante o mês.
O cenário macroeconômico tem apresentado uma recuperação mais lenta que o esperado nos últimos meses, o que levou as estimativas do mercado referentes ao crescimento de PIB e da inflação a deteriorar nas últimas semanas.
O Banco Central, por exemplo, reduziu sua projeção para o consumo das famílias em 2018 para um crescimento de +2,1%, contra +3,0% anteriormente.
Ainda assim, a atividade varejista tem mostrado alguma recuperação, mesmo que de forma lenta e gradual. Nos últimos 12 meses, de acordo com o IBGE, as vendas no varejo expandiram 3,7% em volume e 3,1% em receita.
Após os impactos da greve e dos jogos da Copa do Mundo durante o 1S18, o cenário político deve representar uma pressão adicional sobre a recuperação do setor durante o 2S18, prejudicando a confiança do consumidor e o mercado de trabalho ainda mais.
A liberação dos fundos inativos do Pis/Pasep pode ajudar a compensar parcialmente a situação. Entretanto, uma recuperação mais efetiva só deve ser vista após o período eleitoral.
Na nossa visão, os segmentos com maior demanda represada, como bens duráveis e vestuário, devem continuar apresentando um desempenho acima da média do varejo, ao mesmo tempo que os supermercados devem se beneficiar da maior inflação de alimentos durante o 2S18. Seguindo este racional e focando em valuations atrativos, mantivemos B2W Digital, Lojas Renner e Pão de Açúcar em nossa carteira sugerida fundamentalista do mês de agosto.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise setorial sobre o VAREJO, referente ao mês de Julho/2018, elaborado por MARIA PAULA CANTUSIO, CNPI, Analista Senior do BB Investimentos
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