DIário do Mercado na 3ª feira, 03.03.2020
Ibovespa perde tração e cai com percepção negativa no exterior
Comentário.
O índice brasileiro principiou oscilante mais uma vez, contudo, terminou acompanhando com baixa menor a trajetória do índice S&P500 de Nova York. Resumidamente, o evento no dia que centralizou as atenções foi a decisão inesperada de corte de 50 pontos-base na taxa de juros norte-americana pelo Fed, anunciada ao meio dia, para o intervalo entre 1,00% e 1,25%. Logo em seguida, visto que a baixa não era esperada agora, os mercados acionários chegaram a reagir positivamente, mas cerca de uma hora depois, perderam forças e seguiram decaindo.
Neste primeiro momento, esta redução extraordinária efetuada pelo Fed, que terá nova decisão de política monetária no dia 18 deste mês, foi entendida pelos agentes como sendo reflexo do temor da autoridade monetária diante dos efeitos do coronavírus sobre a economia local e global.
Vale lembrar que a última vez que ocorreu uma diminuição atípica pela autoridade monetária, fora das datas anteriormente convencionadas para as reuniões, foi em 8 de outubro de 2008, no auge da crise do subprime (hipotecas) nos mercados, quando também houve redução de 50 pontos-base, para 1,50%. O presidente do Fed, entre outras afirmações, citou: “havia risco para a economia e decidimos agir”; “o coronavírus e medidas contra ele atrapalharam a atividade em vários países”; bem como que a disseminação da doença “trouxe novos desafios”.
Ademais, não houve uma ação coordenada dos maiores bancos centrais do mundo, como era esperada pelos agentes, no encontro do G7 (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido, além da União Europeia), mas uma ação isolada.
No Brasil, o dólar comercial marcou seu nono recorde consecutivo, fechando a R$ 4,5110 (+0,53%). Os juros futuros caíram, com destaque para os contratos curtos e intermediários.
Ibovespa.
O índice principiou rondando a estabilidade e ganhou ímpeto depois do meio dia, com a decisão do corte de juros nos EUA. Todavia, como os mercados acionários norte-americanos digeriram mal a motivação do Fed e foram decaindo, o mercado doméstico seguiu na mesma direção, mas com perda menor no final, amenizada pela percepção dos agentes que deverá haver redução também da taxa Selic pelo Copom no dia 18 deste mês. Ponderadamente, de modo negativo, o setor de bancos se sobressaiu e depois as ações da Petrobras.
O Ibovespa fechou aos 105.537 pts (-1,02%), acumulando +1,31% no mês (e na semana), -8,74% ano e +11,56% em 12 meses. O preliminar giro financeiro da Bovespa foi de R$ 34,5 bilhões, sendo R$ 30,7 bilhões no mercado à vista.
Agenda Econômica
Nos EUA, o Fed decidiu reduzir a taxa de juros norte-americana (Fed Funds) em 50 pontos-base, para o intervalo entre 1,00 e 1,25%, em reunião extraordinária.
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) prosseguiu em tendência ascendente no mercado doméstico, perfazendo seu nono recorde histórico de fechando, motivado agora pela repercussão econômica do “efeito coronavírs”.
A moeda fechou a R$ 4,5110 (+0,53%), acumulando +0,74% no mês (e na semana), +12,44% no ano e +19,31% em 12 meses.
Risco País
O risco-país (CDS Brasil de 5 anos) cedeu para 120 pts versus 127 pts na véspera.
Juros.
Os juros futuros curtos e intermediários tiveram quedas marcantes, com as taxas indo para suas mínimas histórias, enquanto a ponta longa denotou baixa menos acentuada. A visão interna de possível corte da Selic em breve, após a redução de juros pelo Fed, foi preponderante. Em relação ao pregão anterior, assim findaram as taxas:
DI janeiro/2021 em 3,85% de 3,97%;
DI janeiro/2022 em 4,25% de 4,36%;
DI janeiro/2023 em 4,87% de 4,97%;
DI janeiro/2025 em 5,84% de 5,90%;
DI janeiro/2027 em 6,38% de 6,41%.
Agenda. vide página 3 do anexo.
Empresas. Calendário de Balanços de Empresas 4T19 – vide página 4.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 3ª feira, 03.03.2020, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, integrante do BB Investimentos
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