Diário do Mercado na 2ª feira, 20.04.2020
Dia histórico para o petróleo, negociado abaixo de zero no mercado futuro
Comentário.
As dificuldades atuais de precificação (de ativos) sentidas pelo mercado, em face dos impactos do coronavírus, refletiram-se duramente em uma queda acentuada dos preços do petróleo, levando-o a ser negociado em inédito valor negativo, no contrato futuro WTI com vencimento em maio.
Os desdobramentos econômicos da crise sanitária, de fato, ainda são bastante imprevisíveis, incorporando matizes de incerteza nos modelos de projeção e precificação dos ativos, em lugar das habituais variáveis de risco.
Neste contexto, o recuo da atividade já sofrida pelos mercados se refletiu na forte queda de demanda global pelo petróleo e, consequentemente, na elevação recorde dos níveis de estoques, com importantes centros de armazenagem no limite de capacidade.
Na negociação de hoje, como as mesas operadoras não encontraram compradores dispostos a receber o produto físico, os agentes executaram liquidações em massa do contrato futuro de maio, que vence amanhã, a fim de evitar a entrega física do barril.
Como desdobramento, as Bolsas de Nova Iorque cederam, sob pressão em ativos do setor petrolífero, os yields dos títulos do Tesouro dos EUA recuaram, em movimento de busca por proteção, e o dólar se valorizou perante as moedas de países produtores da commodity e frente ao Real.
No entanto, o mercado doméstico reagiu de modo diferente, primeiramente, por conta do vencimento de opções sobre ações, com o índice Bovespa fechando perto da estabilidade. E, paralelamente, os juros futuros caíram, absorvendo novas apostas de redução da Selic, em face de pronunciamentos dovish das autoridades monetárias.
Ibovespa.
O índice abriu em forte queda, passando a subir logo pela manhã, mas fechou perto da estabilidade, respeitando uma importante resistência em torno dos 80.000 pontos.
O Ibovespa fechou aos 78.972 pts (-0,02%), acumulando +8,15% no mês, -31,71% ano e -16,50% em 12 meses. O giro financeiro preliminar da Bovespa foi de R$ 35,1 bilhões, sendo R$ 19,0 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
No dia 16 de abril, a Bovespa contabilizou saída líquida de R$ 1,177 bilhão.
Em 2020, acumula saldo negativo de R$ -65,521 bilhões (acima da saída líquida recorde de R$ -44,517 bilhões em 2019).
Agenda Econômica.
Nos EUA, o índice de atividade nacional elaborado pelo FED de Chicago apresentou recuo de -4,19%, contra a medida anterior em 0,06 (dado revisado, substituindo o publicado anteriormente em 0,16).
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) abriu em alta, com gap de abertura e se manteve em campo positivo até o final do dia. Por volta das 16h, a moeda chegou a tocar o topo histórico em torno dos R$ 5,32, quando o Banco Central realizou um leilão de US$ 500 milhões no mercado à vista.
Pela manhã, a Autoridade havia efetuado o leilão de swaps cambias tradicionais, com venda de US$ 350 milhões.
A moeda fechou cotada a R$ 5,3070 (+1,39%), acumulando +2,14% no mês, +32,28% no ano e +35,04% em 12 meses.
Risco-País
O risco-país (CDS Brasil de 5 anos) se manteve em 295 pontos.
Juros.
Os juros futuros recuaram nos contratos curtos e médios, com elevada liquidez, após os discursos proferidos pelo presidente do Banco Central e do diretor de política econômica, interpretados pelo mercado, como mais dovish. Assim fecharam as taxas em relação ao dia anterior:
DI julho/2020 em 3,18%, de 3,28%;
DI janeiro/2021 em 2,83%, de 3,04%;
DI janeiro/2022 em 3,37% de 3,64%;
DI janeiro/2023 em 4,37% de 4,60%;
DI janeiro/2025 em 5,96% de 6,09%;
DI janeiro/2027 em 6,83% de 6,90%.
Agenda. vide página 3 e 4 do relatório anexo.
Confira no anexo a íntegra do relatório sobre o comportamento domercado na 2ª feira, 20.04.2020, elaborado por RENATO ODO, CNPI-P, integrante do BB Investimentos