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Investimentos

Terça-Feira, Dia 28 de Abril de 2020 as 01:04:50



SETOR FINANCEIRO - Revisão de Preço-Meta das Ações na B3 pelo Impacto da COVID


Setor Financeiro  -  Revisão de Preço
 
Setor será impactado pelo COVID-19, mas ainda restam dúvidas sobre a intensidade
 
Estamos divulgando nossa revisão do preço-alvo 20E das empresas do setor financeiro (bancos e não bancos) em nosso universo de cobertura. Dentre os principais ajustes realizados, consideramos:
 
(i)  A incorporação dos resultados referentes ao 4T19;
(ii) As implicações decorrentes do surto do Covid-19, cujo início no Brasil deuse ao final de fevereiro.
 
A crise do coronavírus causou um impacto imediato no setor financeiro e no modus operandi dessas companhias, em diferentes escalas, dependendo da 
 
(i)   exposição de cada uma aos públicos mais afetados, 
(ii)  composição de capital, 
(iii) capacidade de adaptação para o trabalho remoto e 
(iv) funcionalidade de seus apps.
 
Ao longo do mês de março, o que pôde ser notado foi uma corrida das empresas aos bancos com o objetivo de captar crédito para garantir suas capacidades de pagamento de curto prazo, diante de um cenário de não faturamento, sem saber a duração e intensidade.
 
O Bradesco, por exemplo, citou que a demanda por crédito das grandes empresas, nos três primeiros dias da quarentena, saltou 10x (passou de números próximos de R$ 2 bilhões/dia para chegar a R$ 20 bilhões).
 
Passada essa euforia inicial, a demanda por crédito foi normalizando à medida que as empresas começaram a ter mais noção do cenário que teriam pela frente. Entretanto, é importante entendermos a “encruzilhada” que ocorre com os bancos em um momento de crise, haja vista a necessidade de escolher entre dois caminhos possíveis: 
 
(i)  se optarem por uma posição muito conservadora quanto à concessão de crédito, poderiam levar seus clientes (seja PF ou PJ) a terem mais dificuldade financeira, e irem à falência, além da queda abrupta em suas receitas, que é inevitável; 
 
(ii) por outro lado, caso optem por manter os níveis de desembolso de crédito na mesma velocidade, poderiam se deparar com problemas de inadimplência em momentos posteriores, visto que muitos clientes terão dificuldades de pagamento.
 
Outro ponto muito sensível nesse momento é o custo do crédito. Partindo do pressuposto que os principais componentes da taxa de juros cobrada é o custo de captação e o custo de inadimplência, o custo de funding eleva-se consideravelmente em momentos como esse, em função do aumento do risco global.
 
Sendo assim, os preços dos títulos que servem como benchmark para a captação, ficam muito voláteis e sem referência confiável, dificultando uma real mensuração do verdadeiro custo de captação.
 
Quanto à inadimplência, o problema incorre em medir a probabilidade da mesma, uma vez que ainda não se sabe quando essa crise acabará e como será a dinâmica após as atividades começarem a retornar. Em resumo, os dois principais componentes do custo de crédito estão sem referência, o que leva os bancos a ficarem mais receosos a emprestar e assumir risco.
 
Diante disso, o BCB tem apresentado inúmeras medidas que auxiliam nessas duas pontas. Quando o BCB anuncia medidas que visam a estabilização do mercado e o aumento da liquidez, o objetivo é diminuir a volatilidade dos ativos de dívida (que servem como referência para o custo de captação), auxiliar na fluidez do mercado secundário (para que os fundos consigam honrar os pedidos de resgate), entre outros objetivos. 
 
Em paralelo, quando o governo anuncia que irá compor linhas de crédito específicas para determinados clientes, o objetivo é auxiliar na redução do risco de inadimplência, para que não tenhamos uma crise no setor bancário. Abaixo, temos um resumo das medidas tomadas pelo BCB no sentido de auxiliar o mercado financeiro e a saúde dos bancos:
 
Medidas de Liquidez:
 
 Empréstimo para bancos com lastro em papéis (LF) (impacto de R$ 650 bilhões): Os bancos obtêm dinheiro emprestado do BCB, oferecendo LF’s como garantia, sendo que o dinheiro retorna em até um ano;
 
► Redução de Compulsório e LCR (impacto de R$ 200 bilhões): redução do depósito compulsório sobre depósitos a prazo;
 
► Empréstimo com garantia de debêntures e compulsórios (impacto de R$ 200 bilhões): parecido com a proposta dos empréstimos com garantia das LF’s, o BCB empresta dinheiro para os bancos com a garantia de debêntures adquiridas no período da crise;
 
► Novo Depósito a Prazo com Garantias Especiais – NDPGE (impacto de R$ 200 bilhões): título especial, emitido por bancos, que possuem garantia do FGC com limites muito superiores ao dos investimentos, que chega a R$ 20 milhões. Os bancos poderão emitir esses títulos com um limite de volume a 1x o Patrimônio Líquido;
 
► Operações compromissadas com títulos públicos federais em dólar (impacto de R$ 50 bilhões): objetivo de dar liquidez aos papeis de títulos soberanos denominados em dólar nas carteiras dos bancos, reduzindo assim a oscilação atual desse mercado, ao mesmo tempo que oferece liquidez em dólar para os bancos nacionais;
 
► Flexibilização nas LCA (impacto de R$ 2,2 bilhões): O BCB modificou o cálculo dos recursos captados em LCAs para aumentar a liquidez de bancos pequenos e médios.
 
Quanto à questão de crise bancária que tanto se discute nesse momento, é importante fazer uma comparação com o cenário em 2008. Naquele momento, a crise inicia-se com a quebra de um banco nos EUA, e leva a uma quebra de confiança no setor financeiro.
 
Essa falta de confiança desencadeia em uma crise no setor bancário, visto que os bancos precisam que os clientes confiem em sua continuidade para exercer sua atividade e, quando isso é interrompido, a instituição financeira pode vir à falência. 
 
Nesse atual momento, a crise nasce na economia real (choque de oferta e demanda), e afeta os bancos conforme explicado acima, mas não significa, ainda, que tenhamos uma crise bancária.
 
Nesse ponto, acreditamos que a posição dos bancos no Brasil é muito mais confortável que em 2008, com índices de Basiléia bem mais confortáveis, o que nos faz crer que passarão por essa crise de forma mais tranquila.
 
Sendo assim, nas próximas páginas, trazemos um resumo do desempenho das companhias em 2019 e nossas expectativas quanto às estratégias de negócios para os próximos períodos, com a incorporação de um cenário de aumento na inadimplência, redução da demanda de crédito e redução de receitas de serviços.
 
Além desses pontos, ajustamos em nossos modelos o custo de capital (ke), de forma a refletir 
 
(i)  a maior aversão ao risco por partes dos investidores, elevando o prêmio de mercado e o CDS, e 
 
(ii)  a redução da taxa livre de risco, devido ao movimento de “flight to quality” (fuga para ativos de menor risco) e a redução dos retornos esperados.
 
Guidance 2020
 
Algumas companhias citadas nesse relatório divulgaram guidance para esse ano; entretanto, acreditamos que a maioria não serve mais como referência para nossas projeções, visto a mudança brusca em todo ambiente macroeconômico. 
 
Sendo assim, baseamos nossas projeções em conversas com as companhias, projeções de cenários feitas pela nossa equipe de macro, além de simulações feitas com base em crises anteriores.
 
Aproveitamos ainda a oportunidade para alterar nossa recomendação de Outperform para Market Perform para Santander Brasil (SANB11), Banrisul (BRSR6), IRB Brasil RE (IRBR3) e BMg (BMGB4).
 
Para os demais, mantemos as recomendações anteriores: Outperform para Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4), BTG Pactual (BPAC11), Banco ABC Brasil (ABCB4), e Market Perform para Banco Inter (BIDI4).

Clique aqui para acessar o aquivo PDF

Fonte: BB INVESTIMENTOS





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