Diário de Mercado de 28.04.2020, 3ª feira
Ibovespa se descola do exterior com percepção de alívio interno
Comentário.
O índice brasileiro principiou ascendente e operou descolado positivamente das bolsas de Nova York. Internamente, os investidores passaram digerir um pouco mais que o pior da turbulência da parte final da semana anterior já havia passado, continuando a precificar pelo segundo pregão consecutivo a ratificação da permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes.
O dado de deflação do IPCA-15 no dia, que induziu a visão aos agentes da possibilidade de corte maior da taxa Selic pelo Copom em sua decisão no próximo dia 6 de maio, foi mais um elemento que contribuiu positivamente.
Externamente, mesmo com o presidente norte-americano tentando elevar ainda mais o ânimo em relação ao retorno pós pandemia do coronavírus, a recente escalada dos mercados acionários de Wall Street e os balanços de empresas levaram a realizações de lucros, com o índice de tecnologia (Nasdaq) sofrendo maior revés. Amanhã, 30.04, haverá reunião do Fed (FOMC).
O dólar comercial abriu com “gap de baixa” e foi decaindo, findando a R$ 5,5150 (-2,48%). A curva de estrutura a termo da taxa de juros caiu firmemente como um todo, influenciada pela inflação baixa e pela queda da cotação do dólar, além de um melhor cenário interno.
Ibovespa
O índice já abriu em rápida ascensão e logo passou a circundar os 81 mil pts com pequenas variações até seu fechamento. Destaques ponderados no dia para as ações do setor de bancos, depois pela Petrobras.
Individualmente, a maior alta do dia foi a Via Varejo (VVAR3; R$ 9,04; +19,42%), que continua se recuperando com a percepção favorável dos analistas em relação ao varejo digital.
O Ibovespa fechou aos 81.312 pts (+3,93%), acumulando +7,94% na semana, +11,36% no mês, -29,69% ano e -15,51% em 12 meses. O preliminar giro financeiro da Bovespa foi de R$ 27,4 bilhões, sendo R$ 24,9 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa B3
No dia 24 de abril, a Bovespa contabilizou retirada de R$ 2,419 bilhões, com a saída líquida indo a -R$ 4,741 bilhões no mês (após retirada líquida mensal recorde de R$ 24,207 bilhões em março). Em 2020, acumula saldo negativo de -R$ 69,078 bilhões (acima a saída líquida anual recorde de -R$ 44,517 bilhões em 2019).
Agenda Econômica.
No Brasil, o IPCA-15, considerado como prévia do IPCA fechado do mês, registrou deflação de -0,01% em abril versus +0,02% em março, sendo a mais baixa taxa para meses de abril desde o plano real (1994). O indicador passou a acumular +0,94% no ano e +2,92% em 12 meses. O grupo Transportes (-1,47%) contribuiu com -0,30 p.p. e o grupo Alimentos e Bebidas (+2,46%) participou com +0,48 p.p., no índice geral.
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) já principiou com “gap de baixa” e seguiu declinando paulatinamente até o meio da tarde, com leve correção para cima a partir daí. O melhor ambiente doméstico e a desvalorização da divisa no mercado internacional foram responsáveis pela trajetória ao longo do dia.
A moeda fechou a R$ 5,5150 (-2,48%), acumulando -2,68% na semana, +6,14% no mês, +37,46% no ano e +40,30% em 12 meses.
Risco-País
O risco-país (CDS Brasil de 5 anos) subiu a 356 pts versus 372 pts na véspera.
Juros.
Os juros futuros tiveram expressivas baixas, derrubando firmemente toda a sua curva de estrutura a termo. A deflação do IPCA-15 e a queda do dólar foram determinantes par o comportamento da sessã0. Assim fecharam as taxas em relação ao pregão anterior:
DI julho/2020 em 3,12% de 3,28%;
DI outubro/2020 em 2,93% de 3,24%;
DI janeiro/2021 em 2,83% de 3,20%;
DI janeiro/2022 em 3,74% de 4,22%;
DI janeiro/2023 em 4,85% de 5,70%;
DI janeiro/2025 em 6,62% de 7,50%;
DI janeiro/2027 em 7,60% de 8,46%;
Agenda. vide página 3.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 3ª feira, 28.04.2020, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, integrante do BB Investimentos
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