Diário do Mercado na 4ª feira, 10.06.2020.
Ibovespa recua novamente, no “sobe no boato, realiza no fato”
Comentário.
O índice brasileiro denotou mais um pregão de pressão vendedora. Os agentes aguardavam a decisão do FED nos EUA. Como esperado, o órgão manteve inalterada a taxa de juros no intervalo entre 0,00% e 0,25%, salientando que espera que assim permaneça até o final o próximo ano.
O FED Também, divulgou suas projeções, para 2020: PIB em -6,5%, desemprego em 9,3% e inflação (PCE) em 0,8%; e para 2021: PIB em +5,0%, desemprego em 6,5% e inflação (PCE) em +1,6%.
Em suma, a manutenção da política monetária já era esperada, mas as previsões apresentadas e as citações do presidente do órgão, Jerome Powell, como “grande incerteza sobre o futuro”, trouxeram preocupações aos investidores, que aguardavam um discurso mais brando.
Mais uma vez, houve quedas dos índices acionários nos Estados Unidos e dos principais na Europa, com exceção do índice de tecnologia Nasdaq em Nova York, que atingiu novo recorde histórico.
O dólar comercial subiu acompanhando a piora externa, fechando a R$ 4,9350 (+0,96%). Os juros futuros recuaram em sua grande maioria – apenas ajustes técnicos em alguns curtos.
Ibovespa.
O índice chegou a principiar em alta, mas logo cedeu sob pressão vendedora, girando ao redor de -1,5% a maior parte do dia, denotando oscilação maior na hora dos comentários do Fed, mas perdendo força depois e deslizando na meia hora final. De modo ponderado, mais uma vez, os papéis do setor de bancos, que haviam se destacado nas recentes altas pesaram sobre o índice.
O Ibovespa findou aos 94.685 pts (-2,13%), acumulando +0,05% na semana, +8,33% no mês, -18,12% ano e -2,85% em 12 meses. O firme preliminar giro financeiro da Bovespa foi de R$ 33,9 bilhões, sendo R$ 30,0 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa B3
No dia 8 de junho, a Bovespa apresentou ingresso líquido de R$ 35,096 milhões, acumulando R$ 3,173 bilhões no mês. Em 2020, o saldo negativo cedeu para -R$ 73,673 bilhões (acima a saída líquida anual recorde de -R$ 44,517 bilhões em 2019).
Agenda Econômica.
No Brasil, o IPCA registrou deflação de -0,38% em maio versus -0,31% em abril – a desaceleração foi menor do que o consenso, em -0,47%, mas foi a menor taxa mensal desde agosto de 1998 (-0,51%). O indicador passou a acumular variações de -0,16% no ano e de -1,88% em 12 meses.
A maior contribuição ponderada de baixa veio do grupo Transportes (-1,90%), com -0,38 p.p. no índice geral, com o grupo Alimentos e Bebidas (+0,24%) no lado de alta, com +0,05 p.p.
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário), pouco depois de sua abertura, foi gradualmente subindo, oscilando na hora da divulgação da decisão do Fomc, mas prosseguiu em alta até seu fechamento. Os comentários do Fed deram o tom final ao câmbio.
A moeda encerrou a R$ 4,9350 (+0,96%), acumulando -1,10% na semana, -7,55% no mês, +23,01% no ano e +27,09% em 12 meses.
Risco-País
O risco-país (CDS Brasil de 5 anos) subiu a 223 pts ante 218 pts da véspera.
Juros.
Os juros futuros denotaram baixas em sua grande maioria, com alguns curtos sofrendo tão somente ajustes técnicos. A deflação do IPCA e as incertezas levantadas pelo Fed induziram o comportamento no dia. Assim, os agentes elevaram suas apostas que poderá ocorrer corte de 75 pts-base, em detrimento de redução de 50 pts-base, na decisão do Copom, em 17 de junho próximo. Assim fecharam as taxas em relação a ontem:
DI julho/2020 em 2,44% de 2,48%;
DI outubro/2020 em 2,20% de 2,22%;
DI janeiro/2021 estável em 2,18%;
DI janeiro/2022 em 3,08% de 3,14%;
DI janeiro/2023 em 4,12% de 4,22%;
DI janeiro/2025 em 5,66% de 5,78%;
DI janeiro/2027 em 6,60% de 6,73%.
Agenda. Vide página 3 do relatório anexo.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 4ª feira, 10.06.2020, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, integrante do BB Investimentos
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