As buscas por desaparecidos continuam, com Holanda, Suíça e Luxemburgo também afetadas
O número de mortos por inundações catastróficas no oeste da Alemanha e na Bélgica subiu para mais de 170, à medida que os serviços de emergência continuaram suas buscas por centenas ainda desaparecidos.
O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, disse estar "atordoado" com a devastação causada pelas inundações e prometeu apoio às famílias dos mortos e às cidades e cidades que enfrentam danos significativos. É o pior desastre natural da Alemanha em mais de meio século.
"Na hora da necessidade, nosso país está unido",
disse Steinmeier na tarde de 6ª feira, 16.07.2021.
"É importante que mostremos solidariedade para aqueles de quem o dilúvio levou tudo."
Autoridades do estado alemão da Renânia-Palatinado disseram na manhã de sábado que 93 pessoas haviam morrido lá, incluindo pelo menos 12 moradores de uma instalação de vida assistida para pessoas com deficiência, enquanto a vizinha Renânia do Norte-Vestfália colocou o número de mortos em 43.
As autoridades alertaram que os números poderiam aumentar ainda mais. Cerca de 1.300 pessoas no distrito de Ahrweiler, na Renânia-Palatinado, permanecem desaparecidas, embora os esforços para contatá-los estivessem sendo dificultados por danos às redes telefônicas.
Especialistas disseram que o Sistema Europeu de Conscientização contra Enchentes (EFAS) emitiu um aviso de inundação extremo no início desta semana e questionaram por que o pedágio era tão alto. Hannah Cloke, uma hidróloga, disse ao Politico que o desastre foi "uma falha monumental do sistema".
O serviço meteorológico alemão DWD disse que passou o aviso às autoridades locais, que deveriam ter sido responsáveis pela organização de quaisquer evacuações necessárias. O ministro do Interior, Horst Seehofer, disse que a Alemanha "deve se preparar muito melhor" no futuro, acrescentando que "isso é uma consequência das mudanças climáticas".
Steinmeier pediu maiores esforços para combater o aquecimento global.
"Somente se retomarmos decisivamente a luta contra as mudanças climáticas seremos capazes de limitar as condições climáticas extremas que estamos experimentando agora",
disse Steinmeier.
Especialistas disseram que tais desastres provavelmente aconteceriam com mais frequência devido às mudanças climáticas.
"Algumas partes da Europa Ocidental...... recebeu até dois meses de chuva no espaço de dois dias",
disse a porta-voz da Organização Meteorológica Mundial, Clare Nullis.
Embora ela tenha dito que era muito cedo para culpar as inundações e as ondas de calor anteriores ao aquecimento global, Nullis disse que a crise climática estava "aumentando a frequência de eventos extremos, enquanto muitos eventos individuais têm se mostrado piorado pelo aquecimento global".
A ministra do Interior belga, Annelies Verlinden, disse que o número de mortos no país subiu para 20, com outros 20 ainda desaparecidos. A maioria dos mortos foi encontrada ao redor de Liège, uma cidade de 200.000 pessoas, apesar de uma ordem para que os moradores dos distritos centrais e áreas fronteiriças ao rio Meuse evacuassem.
Verlinden disse que os níveis de água nos Meuse que correm para os Países Baixos permaneceram críticos.
"Há uma série de diques no Meuse onde é realmente tocar e ir se eles vão entrar em colapso",
disse ela.
O exército foi enviado para quatro das 10 províncias do país para ajudar nas operações de resgate e evacuações, juntamente com equipes de trabalhadores de emergência enviadas da Itália e da França. Moradores de algumas cidades, incluindo o resort de Spa, que está debaixo d'água desde a tarde desta quarta-feira, estavam sendo acomodados em tendas.
Embora até agora não tenham sofrido nenhuma perda de vidas, a Suíça, o Luxemburgo e os Países Baixos também foram severamente afetados, com enchentes que varreram as aldeias suíças de Schleitheim e Beggingen, várias cidades do Grão-Ducado evacuaram na quinta-feira, e milhares disseram para deixar suas casas na cidade de Maastricht, no sul dos Países Baixos.
O nível da água nos Maas, como o Meuse é conhecido em holandês, atingiu sua altura máxima de previsão em Maastricht na noite de quinta-feira, mas ficou abaixo do que as autoridades haviam chamado de "cenário de destruição", evitando inundações generalizadas.
Pelo menos 550 residências foram evacuadas em Roermond, enquanto as autoridades de Venlo evacuaram cerca de 200 pacientes hospitalares devido à ameaça iminente de inundação do rio. O primeiro-ministro zelador, Mark Rutte, declarou formalmente um desastre, liberando fundos estatais para pagar os danos.
De longe, o maior número de mortos foi na Alemanha, onde 114.000 famílias estavam sem energia e os socorristas na sexta-feira estavam concentrando seus esforços em ajudar as pessoas presas em suas casas na cidade de Erftstadt, sudoeste de Colônia.
Autoridades regionais disseram que várias pessoas morreram ou foram dadas como desaparecidas depois que suas casas desabaram quando o chão abaixo delas afundou repentinamente em um grande deslizamento de terra. Fotos aéreas mostraram o que parecia ser um enorme buraco.
"Conseguimos tirar 50 pessoas de suas casas ontem à noite", disse Frank Rock, um funcionário local. "Sabemos de 15 pessoas que ainda precisam ser resgatadas... É preciso assumir que, dadas as circunstâncias, algumas pessoas não conseguiram escapar."
As estradas ao redor de Erftstadt eram intransitáveis, com equipes de resgate tentando alcançar os moradores de barco e tendo que contar com walkie-talkies para se comunicar.
"A rede móvel entrou em colapso. A infraestrutura entrou em colapso. Hospitais não podem levar ninguém. As casas de repouso tiveram que ser evacuadas",
disse um porta-voz do governo regional em Colônia.
Mais chuva foi prevista para partes da região, onde os níveis de água no Reno e seus afluentes continuaram a subir. Cerca de 1.000 soldados foram destacados para ajudar nas operações de resgate e limpeza de escombros nas cidades e vilas afetadas.
Pelo menos 24 pessoas foram confirmadas mortas em Euskirchen, uma das cidades mais atingidas. Repórteres no local descreveram um centro normalmente bem ordenado transformado em uma montanha de escombros e frentes de casas arrancadas pelas inundações.
Milhares de pessoas permanecem desabrigadas depois que suas casas foram destruídas ou consideradas em risco pelas autoridades, incluindo várias aldeias ao redor do reservatório steinbach que especialistas dizem que poderiam entrar em colapso sob o peso das inundações.
"Temo que só veremos toda a extensão do desastre nos próximos dias",
disse a chanceler alemã, Angela Merkel,na tarde desta quinta-feira em Washington, onde está visitando Joe Biden, chamando-o de um dia "caracterizado pelo medo, desespero, sofrimento".
Ela disse que seu governo não deixaria os afetados "sozinhos com seu sofrimento", acrescentando que estava fazendo o seu "máximo para ajudá-los em sua angústia".
O governador conservador da Renânia do Norte-Vestfália, Armin Laschet, que está concorrendo para suceder Merkel como chanceler nas eleições previstas para setembro, convocou uma reunião de emergência do gabinete para sexta-feira.
"É uma realidade que eventos climáticos extremos influenciarão nossa vida cotidiana com mais força no futuro",
disse Laschet, acrescentando:
"Temos que continuar o caminho da Alemanha para a neutralidade climática em um ritmo mais rápido".
Mas ele também disse que os problemas causados pela crise climática "não podem ser resolvidos na Vestfália do Norte-Renânia, ou na Alemanha". Malu Dreyer, governadora da Renânia-Palatinado, disse que a mudança climática "não era mais abstrata. Estamos experimentando isso de perto e dolorosamente.
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