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Investimentos

03 de Setembro de 2023 as 21:19:03



JBS - Resultado no 2º Trimestre/2023: Recuperação de rentabilidade e geração de caixa


 
JBS - Resultado no 2º Trimestre/2023
Recuperação gradual de rentabilidade e de geração de caixa
Por Mary Silva, CNPI-P e
Melina Constantino, CNPI-P
15.08.2023
 
A JBS voltou a reportar prejuízo líquido no resultado consolidado, mas mostrou uma importante evolução após os resultados bastante fracos do trimestre passado.
 
O EBITDA ajustado totalizou R$ 4,4 bilhões no 2T23, recuo de 57% a/a, impactado pela menor rentabilidade em todas as unidades de negócios, mas com destaque para margens bastante pressionadas na operação de bovinos nos EUA (JBS Beef North America) diante dos altos custos de aquisição de gado, e de um quadro de desequilíbrio entre a oferta e demanda de carne de aves no mercado global que tem desafiado a rentabilidade do segmento (impactando a Seara e a Pilgrim´s). 
 
Para os próximos trimestres, a empresa acredita que a queda de preços dos grãos já poderá beneficiar sua estrutura de custos, bem como a melhora do cenário de demanda para a operação de carne bovina no Brasil, com abertura de novos mercados para exportação e a expansão de produtos de maior valor agregado no mercado doméstico. 
 
No aspecto financeiro, no entanto, a alavancagem financeira mostrou novo avanço, para 3,87x dívida líquida/EBITDA (ante 3,14x no 1T23), refletindo a piora do resultado operacional no acumulado de doze meses. Vale lembrar que, neste trimestre, a JBS anunciou o processo de dupla listagem de suas ações no Brasil e nos EUA, com o objetivo principal de destravar valor para a companhia e permitir a desalavancagem da empresa através da redução do seu custo de capital.
 
Apesar da perspectiva de melhora gradual dos custos de produção, acreditamos que o cenário global da indústria de proteínas permanecerá desafiador no aspecto da demanda, principalmente considerando os dados mais fracos de atividade na economia chinesa. Neste sentido, até incorporarmos os resultados trimestrais recentes e novas premissas de preços de commodities, mantemos nossa recomendação Neutra para as ações JBSS3.
 
Destaques por unidade de negócio
 
No Brasil, a Seara registrou receita líquida de R$ 10,3 bilhões, queda de 3% a/a em razão da queda do preço médio em dólares da exportações (-7% a/a) ocasionada pelo excesso de oferta de carne de aves no mercado, dinâmica que também ocorreu no mercado doméstico.
 
O EBITDA ajustado atingiu R$ 420 milhões, com margem de 4,1% , uma queda de 10,0 p.p. a/a, mas com avanço (+2,7 p.p.) em relação ao trimestre anterior, quando a empresa reportou problemas operacionais.
 
A JBS Brasil apresentou leve retração de 0,9% a/a na receita líquida, mas crescimento de 15% t/t. O 2T23 refletiu a retomada das importações da China após quase um mês de suspensão das exportações brasileiras ao país no trimestre passado e, com isso, a receita proveniente do mercado externo teve alta de 10% a/a como resultado do maior volume de vendas. 
 
No mercado doméstico, a receita líquida também cresceu (+2% a/a), impulsionada pelo crescimento do volume de vendas, em linha com a maior disponibilidade de animais para abate e a expansão do mix de produtos de maior valor agregado. O EBITDA totalizou R$ 675 milhões, queda de 15,9% a/a, com margem de 4,8% (-0,9 p.p. a/a).
 
A rentabilidade da JBS Beef North America continuou refletindo o ciclo desfavorável da pecuária na região, com EBITDA ajustado de R$ 434 milhões, queda de 86% na comparação anual, com margem de apenas 1,5% (versus 11,2% no 2T22). 
 
No entanto, a sazonalidade favorável do trimestre, em relação ao 1T23, contribuiu para um ganho sequencial na margem EBITDA, de 1,1 p.p. A menor demanda asiática por carne bovina dos EUA também impactou os resultados desta unidade de negócios – os principais destinos das exportações norte-americanas da proteína continuam sendo Coréia do Sul, Japão e China. 
 
A JBS Australia apresentou melhora sequencial bastante relevante, tendo reportado EBITDA ajustado de R$710 milhões, com margem de 9,5%, versus margem negativa de -0,2% no 1T23. Na comparação anual, apesar da queda na receita líquida (-9,3% a/a), justificada por menores preços no mercado externo (especialmente na Ásia), houve ganho de margem EBITDA ajustada (+0,9 p.p.) como consequência de menores preços de aquisição de gado.
 
A receita líquida da JBS USA Pork contraiu 15,3% a/a, enquanto o EBITDA teve queda de 43,2%, para R$ 386 milhões, com margem de 4,4%, resultado da forte queda de preços da carne suína no mercado doméstico, assim como reportado no 1T23, ainda como reflexo do excesso de oferta. 
 
Por fim, a Pilgrim’s reportou receita líquida de R$ 21,3 bilhões, queda de 6,4% a/a e certa estabilidade em relação ao 1T23 (-1,4%). O EBITDA ajustado totalizou R$ 1,8 bilhão, recuo de 49% a/a, mas crescimento de 33% t/t, quando haviam sido reportados resultados bastante fracos. O desequilíbrio entre oferta e demanda de carne de frango continua desafiando a rentabilidade do segmento, mas a companhia têm focado em iniciativas de eficiência operacional em busca de recuperação de margens
 
Destaques operacionais e financeiros
 
No consolidado, a receita líquida atingiu R$ 89,4 bilhões (-3,0% a/a), o EBITDA ajustado recuou 56,9% na comparação anual, para R$ 4,4 bilhões, e a margem EBITDA ajustada retraiu 6,2 p.p. em relação ao 2T22, para 5,0%, marcando uma retomada em relação aos números decepcionantes do 1T23, mas ainda bastante aquém da capacidade operacional da companhia.
 
O resultado financeiro foi negativo em R$ 1,6 bilhão (ante R$ 2,5 bilhões negativos no 2T22), beneficiado pelo resultado positivo de variações cambiais, mesmo com maiores despesas com juros sobre empréstimos e financiamentos. Com isso, a empresa registrou prejuízo líquido de R$ 264 milhões, revertendo o lucro líquido de R$ 3,9 bilhões no mesmo período do ano anterior. 
 
No 2T23, o fluxo de caixa livre foi de R$ 1,8 bilhão (representando uma importante recuperação em relação ao consumo de caixa de R$ 6 bilhões no 1T23, que havia sido o pior patamar desde 2017), com destaque para a melhora do capital de giro em razão da redução de estoques e da melhora de contas a receber.
 
A JBS encerrou o trimestre com dívida líquida de R$ 80,2 bilhões, crescimento de 2,8% a/a, com alavancagem em reais de 3,87x dívida líquida/EBITDA (versus 3,14x no 1T23), refletindo a queda do EBITDA acumulado nos últimos doze meses. O prazo médio da dívida da companhia é de 9,3 anos, com custo médio de 6,13% ao ano, sendo 86,7% do endividamento em dólar. 
 
Desempenho do papel e perspectivas
 
Os papéis da JBS mostraram recuperação nos últimos meses, após a desvalorização acentuada no primeiro semestre, diante da queda de preços de grãos (principalmente do milho), que beneficiam sua estrutura de custos. Os papéis também reagiram positivamente ao Fato Relevante sobre a dupla listagem de suas ações no Brasil e nos Estados Unidos, em meados de julho. 
 
No entanto, as preocupações com a deterioração dos resultados das operações nos EUA (JBS Beef North America) persistem e têm se refletido, de fato, nos números dos últimos trimestres. Além disso, a falta de visibilidade em relação à reversão do ciclo desfavorável de preços de aquisição de gado na região, combinada a uma demanda mais enfraquecida, tanto no mercado interno como para as exportações, reforçam a cautela em relação a projeções mais otimistas para a rentabilidade da empresa, dada a relevância desta unidade de negócios nos resultados consolidados. 
 
Apesar da perspectiva de melhora gradual dos custos de produção, acreditamos que o cenário global da indústria de proteínas permanecerá desafiador no aspecto da demanda, principalmente considerando os dados mais fracos de atividade na economia chinesa. 
 
Neste sentido, até incorporarmos os resultados trimestrais recentes e novas premissas de preços de commodities, mantemos nossa recomendação Neutra para as ações JBSS3.
 
Confira no anexo a íntegra do relatório a respeito, elaborado por
MARY SILVA, CNPI-P e MELINA CONSTANTINO, CNPI-P,
analistas do BB Investimentos.

Clique aqui para acessar o aquivo PDF

Fonte: MARY SILVA, CNPI-P e MELINA CONSTANTINO, CNPI-P, analistas do BB Investimentos





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