Carta de Conjuntura do IPEA indica crescimento moderado da economia
"Não tem tendência tão firme e sustentada de expansão, mas está em expansão. Em grande parte pela recuperação da produção industrial. Os investimentos também estão em crescimento, mas consumo das famílias perdeu um pouco o fôlego, tem crescimento mais devagar do que vinha ocorrendo."
A elevação da taxa de juros pelo Banco Central reflete a preocupação da autoridade monetária com a necessidade de reverter as expectativas inflacionárias e de recolocar a taxa da inflação em níveis mais próximos ao centro da meta.
A avaliação foi feita pelo economista do IPEA, Fernando José da Silva Paiva Ribeiro, ao comentar para a Agência Brasil, a Carta de Conjuntura de junho de 2013. O documento indica crescimento moderado da economia.
O documento segundo Fernando Ribeiro, mostra que a economia está em processo de recuperação do crescimento, mas é uma recuperação em ritmo bastante moderado, inferior ao desejado.
“Não tem tendência tão firme e sustentada de expansão, mas está em expansão. Em grande parte pela recuperação da produção industrial. Os investimentos também estão em crescimento, mas consumo das famílias perdeu um pouco o fôlego, tem crescimento mais devagar do que vinha ocorrendo”,
disse.
Piora nas contas externas, efeito negativo sobre a atividade econômica
Sua análise mostra um cenário de indefinição.
“A inflação tem se mantido persistentemente acima da meta já há bastante tempo, com pressões difíceis de reverter. E tem ainda o déficit externo crescente. A nossa balança comercial está piorando. Nós temos déficit em serviços e isso faz com que a gente tenha uma piora das contas externas, que não apresenta nenhum risco de curto prazo, mas acaba sendo um elemento que tem efeito negativo sobre a atividade econômica”,
analisou.
Em 28.06, o CMN Conselho Monetário Nacional anunciou a manutenção da meta de inflação para 2015 em 4,5%, medida pelo IPCA, percentual mantido desde 2005. Como ocorre habitualmente, poderá haver variação de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Desonerações Fiscais reduzem Superavit Primário
De acordo com o economista, o governo também está sofrendo queda de receita, porque a atividade econômica cresce devagar ou porque está havendo desonerações.
“Já há dois anos que o governo vem com um processo amplo de desonerações, redução de impostos e mudança de cálculo de impostos. Tudo isso se reflete em um desempenho ruim da arrecadação tributária”,
segundo Fernando Ribeiro.
A consequência dessa política, de acordo com o economista, é que as contas públicas ficam com um superávit primário menor do que o previsto anteriormente.
“O governo está tentando administrar isso reconhecendo a queda do superavit primário, mas reafirmando o compromisso de ter uma política fiscal responsável”,
explicou.
No futuro, alguma redução no rítimo de criação de empregos
Para o economista, o fato positivo neste momento vem do mercado de trabalho. A taxa de desemprego está em um nível historicamente baixo.
“Certamente, é o ponto mais positivo que tem na conjuntura. O salário real continua crescendo, quer dizer, os salários continuam tendo aumento acima da inflação e, portanto, a renda real do trabalhador está subindo. O mercado de trabalho continua numa situação bastante positiva”,
explicou.
Fernando Ribeiro disse que a diminuição do ritmo de criação de empregos em comparação ao que foi em um passado recente era esperada.
“Mas, dado que a taxa de desemprego já está mais baixa, é normal que a criação de emprego desacelere, até porque já não tem tanta gente desempregada disponível para entrar no mercado de trabalho. A expectativa é que a taxa continue baixa e continue havendo ganho real de salário. O mercado de trabalho vai continuar sendo um elemento positivo da conjuntura",
explicou.
A indústria tem registrado crescimento, com destaque para bens de capital, o que, de acordo com o economista, significa aumento de investimentos.
“O quadro geral da indústria é ainda de recuperação, tanto que a produção ainda está em níveis inferiores aos que estava há dois anos. Ela ainda está recuperando o que perdeu no ano passado, que foi um ano de retração, e está crescendo a uma taxa lenta, inferior ao desejável, mas é um processo que parece ser firme ao longo do ano”,
disse Ribeiro.