Mantega: momento internacional é doloroso, mas Brasil está bem posicionado
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que neste momento o mundo está vivendo
“um momento doloroso, como um parto para um novo ciclo da economia mundial”.
Mântega afirmou que o Brasil está bem posicionado para uma transição entre a crise global iniciada em 2008 e o crescimento da economia mundial, em recuperação.
Segundo ele, a previsão é que haja uma crescimento do PIB mundial próximo a 2%, com os países europeus ainda abaixo deste patamar, mas em recuperação também. Mantega participou do balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).
A economia americana, na avaliação do ministro, é outro fator importante para o Brasil. Embora Mantega considere que a economia americana tem apresentado recuperação gradual, a China emite sinais contraditórias, com estimativa de manutenção da taxa de crescimento próximo a 7%, ou menor, com consequências para os emergentes, que exportam produtos básicos para o mercado chinês.
Outro problema para os países como o Brasil, que exporta grande quantidade de matérias-primas, é o fim dos estímulos adotados por várias países durante a crise global, sobretudo os Estados Unidos.
“Como estamos em um período em que os países estão desativando os estímulos, há as consequências. O Federal Reserve (Fed) começou a fazer isso em dezembro, retirando US$ 10 bilhões, e voltou [a agir] em janeiro deste ano, com o mesmo valor”,
disse o ministro.
Para o ministro, existe hoje uma transição da economia de crise para a de pós-crise. Segundo ele, a transição apresenta volatilidade, que termina abalando os mercados. Mantega disse que as turbulências afetaram todos os países.
“Trata-se de readaptação. As taxa de juros dos Estados Unidos tendem a ser mais altas e trazem mudanças nos fluxos cambias, com saída de recursos dos emergentes. Mas melhorou: nas últimas duas semana já temos uma tranquilização dos mercado”,
disse.
Na avaliação do ministro da Fazenda, existem turbulências passageiras e quando ocorrer acomodação haverá um “impulso no crescimento”. Durante a apresentação, Mantega fez um desabafo ante as críticas que a equipe econômica vem enfrentando:
“ O Brasil está bem posicionado para fazer essa transição. A economia está sólida e preparada para fazer a transição para a economia mundial. É um equívoco achar que a economia brasileira está vulnerável”.
Ele citou números para mostrar que o Brasil está em condições de acompanhar o ritmo de crescimento compatível com as mudanças mundiais. Citou as reservas internacionais brasileira, com US$ 376 bilhões, que servem para o país enfrentar a volatilidade internacional.
“É a quinta maior reserva do mundo. O Brasil tem uma dívida externa de curto prazo pequena, que permite o enfrentamento da situação. Se as empresas e o pais tivessem que tomar empréstimos no mercado externo, estaríamos tranquilos”.
Ele também voltou a dizer que os investidores continuam vendo o país como atraente, com fundamentos sólidos, inflação sob controle e com tendência a cair. A política fiscal é também sólida e consistente, segundo o ministro, mesmo em um momento em que foi necessário fazer estímulos na economia para enfrentar a crise.
“Nos últimos anos, tirando a Arábia Saudita, o país que mais fez superávit primário no G-20 [grupo que abrange as maiores economias do mundo] foi o Brasil. Reduzimos a dívida líquida e a dívida bruto”.
O ministro destacou ainda que, no ano passado, o crescimento dos investimentos foi maior do que os números da agricultura e da indústria. O crescimento, informou, mostra que o governo prioriza os investimentos.
Mântega observou que o investimento “é o carro-chefe do governo”, citando como exemplo os leilões de concessões, que devem elevar o emprego e crescimento do País.