Forte queda no mês; CSN é o destaque negativo.
O mês de outubro foi bastante volátil para os papéis de siderurgia e mineração, com um recuo desfavorável no final do período. Os dados setoriais e as perspectivas para 2015 dos representantes do setor – cada vez menos otimistas – têm pressionado os mesmos de modo superior ao índice doméstico.
Segundo os dados do IABR*, apesar da queda nas importações em outubro (que atribuímos à forte desvalorização cambial), no acumulado do ano as mesmas avançam 9,4%, ainda prejudicando o setor. Além disso, o desaquecimento do mercado automotivo que vem se arrastando desde o período da Copa do Mundo também pressiona as vendas de aço, que já acumulam uma queda de 10,3% na de laminados em relação a 2013, sendo -13,6% em planos e -6,6% em longos.
Na mesma direção, o INDA** também vem apresentando dados desfavoráveis em 2014. A queda nas compras da distribuição soma 10,3% no acumulado do ano até outubro, enquanto nas vendas o recuo é de 3,5%. Segundo o presidente da entidade, a expectativa atual é de que as vendas encerrem 2014 com queda entre 5% e 6%, versus recuo de 3,5% na última projeção (junho). Diante dos fracos dados econômicos no mercado doméstico, a expectativa para os últimos meses do ano é de queda ainda maior, principalmente após o anúncio de férias coletivas em algumas montadoras atingindo a indústria fortemente nesse ano.
Após a onda de resultados fracos, destacamos a queda mais expressiva nos papéis da CSN que, após a divulgação do resultado do 3T14, seguiu uma tendência de descendente ainda mais forte.
No dia 24 a companhia divulgou a assinatura de um acordo com os sócios asiáticos na Namisa para segregação dos ativos de mineração e logística, que ajudou a impulsionar o papel naquele dia.
Apesar do alívio do fim do impasse com o consórcio asiático, e o respectivo cancelamento da opção de venda dos ativos à CSN, a ausência (neste momento) de informações mais profundas sobre a participação de cada um na nova empresa, e do valor avaliado dos ativos que estão no acordo, fez com que as ações voltassem a cair e encerrassem o mês cotadas a R$ 6,06 (-26,5% no mês).
Enquanto isso, a Vale segue pressionada pela queda no preço do minério, pois, além de ter prejudicado seus resultados no 3T14, já registra uma desvalorização de quase 50% no ano.
A China também tem apresentado dados macroeconômicos que firmam a desaceleração no país e ratificam as perspectivas de números mais fracos em 2015.
O PMI manufatura preliminar do HSBC, por exemplo, registrou 50,0 em novembro, menor nível desde maio de 2014.
No último dia 21, o Banco Central Chinês anunciou corte na taxa de juros de curto prazo, em 0,4 p.p., para 5,6%, sendo este o primeiro corte desde julho de 2012.
Apesar de positiva, essa medida deve ajudar a impulsionar apenas as empresas de grande porte e que não necessariamente movem o PIB daquela economia, já que ainda há muitas empresasmenores que acabam sendo financiadas pelo mercado paralelo (shadow banking).
Confira no anexo o relatório setorial, na íntegra, SIDERURGIA & MINERAÇÃO, assinado por VICTOR PENNA, analista de investimentos do BB INVESTIMENTOS