BTG Pactual - Resultado o 4º Trimestre2022
Impacto de Americanas não ofusca bom resultado
O BTG Pactual entregou no 4T22 um resultado que consideramos positivo, com lucro líquido recorrente de R$ 1,76 bilhão, equivalente a um ROAE de 16,7%.
Seguindo a tendência dos principais bancos, o grande impacto negativo do trimestre foi decorrente de despesas com provisões não recorrentes por conta do que imaginamos se tratar de Americanas, que no BTG totaliza R$ 1,2 bilhão (R$ 1,12 bi em provisões para crédito e aproximadamente R$ 77 milhões em instrumentos no segmento sales and trading) , que após contabilização de benefícios tributários, penalizaram o lucro líquido em R$ 580 milhões.
Momento.
Sem considerar as provisões extraordinárias, vimos majoritariamente um trimestre de evolução, dando continuidade ao bom momento do BTG. Com exceção da área de banco de investimentos, cuja receita recuou 7,6% t/t devido a um trimestre mais fraco nos segmentos de fusões e aquisições e ações, vimos bom avanço em praticamente todas as linhas, com destaque para gestão de patrimônio e ativos, que cresceram 5,3% e 4,7% t/t e 19,1% e 53,4% a/a respectivamente. Além disso, observamos expansão importante em Empréstimos Corporativos, que se desconsiderada a provisão de R$ 1,1 bilhão, teria tido um resultado de 1,23 bilhão, um recorde trimestral no segmento, reflexo de uma carteira que totaliza R$ 144 bilhões, e se expande 35% no ano – mais do que o dobro do mercado de crédito (14%).
Perspectivas.
Uma de nossas Top Picks para o ano de 2023, o BTG vem mostrando um desempenho na bolsa que não reflete a qualidade da entrega do seu core business, na nossa opinião. Entendemos que tal dinâmica se deve principalmente por três fatores:
(i) ruídos políticos, que de uma forma ou de outra mantém investidores reticentes, possivelmente impactando diversos segmentos do BTG graças a um provável esfriamento do mercado de capitais,
(ii) O caso Americanas, de alta sensibilidade, no qual o BTG não apenas possui exposição relevante, mas se tornou um dos principais interlocutores dos credores no apontamento de uma possível fraude contábil e
(iii) maior aversão ao risco de forma geral, este último fator refletido em nossa modelagem na atualização do preço-alvo.
Acreditamos que à medida que estes elementos vão sendo dirimidos ou caindo em relevância, a continuidade de bons resultados do BTG deve se sobressair, e permitir um nível de cotação da ação mais elevado.
Americanas.
A exposição do BTG em Americanas, no documento enviado por essa no pedido de Recuperação Judicial, era de R$ 3,5 bilhões. Destes, o BTG reduziu: R$ R$ 1,2 bilhão através da liquidação com recursos da Americanas na instituição, e R$ 400 milhões através de contratos de resseguros, permanecendo R$ 1,9 bilhão. Deste volume, o BTG provisionou R$ 1,12 bilhão, aproximadamente 60%, segundo nossas estimativas.
Preço-alvo e recomendação. Incorporamos os números do 4T e do ano de 2022, além de elevar o custo de capital próprio no modelo, refletindo condições mais árduas do mercado, e reduzimos nosso novo preço-alvo a R$ 30,70 (R$ 34,00 anteriormente) para o final de 2023. Mantemos nossa recomendação de Compra graças ao potencial de valorização de 43,9% frente ao preço atual.
Confira no anexo a íntegra do relatório a respeito, elaborado por
RAFAEL REIS, CNPI, analista senior do BB INVESTIMENTOS