SABESP - Resultado no 2º Trimestre/2023
Mix de consumo e bom desempenho de custos recorrentes garantem bom resultado; positivo.
por Rafael Dias, CNPI
14.08.2023
A Sabesp divulgou seu resultado referente ao 2T23, no dia 10/8, após o fechamento do mercado, mostrando mais uma vez resultado operacional favorecido por melhor mix de consumo, que cresceu em faixas mais rentáveis do segmento residencial, beneficiado ainda por bom controle de custos e variações cambiais positivas sobre o resultado financeiro.
A receita líquida, excluindo receita de construção, somou R$ 4,9 bilhões no 2T23 (+19,7% a/a), com crescimento de volume faturado total de 2,6% no 2T23 e efeito dos reajustes tarifários de maio de 2022 (+12,8%) e maio de 2023 (+9,6%), além de maior tarifa média apoiada em classes de consumo residencial com tarifas maiores. No 6M23, a receita ex-construção somou R$ 9,4 bilhões, alta de 17% na comparação anual, com crescimento de 1,9% no volume faturado total.
Os custos e despesas operacionais, excluindo depreciação e custos de construção, somaram R$ 3,1 bilhões no 2T23, alta de 22,3% na comparação anual devido a custos não recorrentes do PDI (programa de desligamento incentivado) no montante de R$ 529 milhões no trimestre, o que trará redução nas despesas com pessoal no futuro.
Excluindo esse custo não recorrente, o total de custos e despesas teriam sido apenas 2% superiores ao 2T22, uma dinâmica muito favorável e ritmo bem inferior ao da receita. Todas as linhas de custos e despesas contribuíram positivamente na comparação anual, tanto no 2T23 quanto no 6M23, crescendo em ritmo inferior ao da receita e em alguns casos até apresentando redução, como em materiais gerais e de tratamento e PCLD, que apresentou maior recuperação de créditos com realização de acordos. No 6M23, esses custos e despesas somam R$ 5,6 bilhões, alta de 16,8% a/a e, excluindo o PDI, uma alta de 6% na comparação anual.
Assim, o EBITDA somou R$ 1,7 bilhão no 2T23, alta de 15,2% na comparação anual, correspondendo à margem EBITDA de 35,4%. Excluindo o efeito do PDVI o EBITDA seria R$ 2,2 bilhões no 2T23, alta de 50% na comparação anual e margem EBITDA de 46,2% (+613 bps a/a). No 6M23, o EBITDA veio em R$ 3,8 bilhões, alta de 17,2% a/a e margem de 40%. Excluindo os custos com o PDI, o EBITDA no 6M23 seria R$ 4,3 bilhões, alta de 33,6% em relação ao mesmo período do ano anterior e a margem EBITDA seria 45,7% (+561 bps).
O resultado financeiro também favoreceu o resultado trimestral, sendo beneficiado por variações cambiais positivas este ano ante variações negativas no ano passado, mais que compensando o impacto de maior CDI sobre a dívida. O resultado financeiro líquido somou -R$ 14 milhões no 2T23, montante 95,7% inferior ao reportado um ano antes.
O lucro líquido do 2T23 somou R$ 744 milhões, em forte alta de 76% em relação ao 2T22, enquanto no 6M23 somou R$ 1,5 bilhão, em alta mais modesta na comparação anual (+6,6%).
Enxergamos as empresas de saneamento num bom momento de recuperação de receita e margens após restrições sobre suas operações causadas pela pandemia. No caso da Sabesp, há também bons direcionamentos para melhoria operacional e financeira pela nova diretoria executiva empossada no 1T23.
O programa de desligamento incentivado com adesão de 1.862 empregados contabilizado neste trimestre e a conquista de nova concessão no município de Olímpia são exemplos recentes desse momento favorável.
No entanto, após a forte alta das ações com a divulgação deste resultado e frente a incertezas ainda presentes em relação à sua privatização, alteramos nossa recomendação de Compra para Neutra, devido ao baixo potencial de valorização até o nosso preço alvo, que ainda mantemos em R$ 58,00 por ação.
Confira no anexo a íntegra do relatório a respeito, elaborado por
RAFAEL DIAS, CNPI, analista senior do BB Investimentos