EDITORIAL
Concluir a Refinaria Abreu e Lima é imprescindível ao País
5ª feira, 18.01.2024
Nesta 5ª feira, 18.01, em cerimônia em Recife, o presidente Lula da Silva lançou o projeto de conclusão da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
A conclusão da Refinaria atende a uma necessidade econômica fundamental do País: após sua conclusão, o Brasil estará bem menos distante da auto-suficiência na produção de diesel S-10, cujo suprimento atualmente exige, do Brasil, importações que despedem divisas internacionais do País. Essas importações interessam às empresas caudatárias do processo de fatiamento e liquidação da Petrobras, pretendido e parcialmente conduzido pela direita internacionalista e patoliberalóide que tomou conta do País, de 2015 a 2022, mas tempestivamente contida em 2022, em seu projeto bandido.
A vulnerabilidade do País no suprimento de diesel esteve diante dos olhos de todos, durante governo do ex-presidente Bolsonaro, em junho/2022, quando, com a subida de seus preços no mercado internacional, as empresas importadoras brasileiras tiveram reduzidas as suas margens, reduziram suas importações e pleiteram ao governo federal que a Petrobras adquirisse diesel no exterior e o repassasse a elas, aqui no Brasil, a preços favorecidos.
Diante do absurdo da proposta, em face do perfil neo-liberal que o Estado ganhara após o golpe de 2016, o governo Bolsonaro pediu a Vladimir Putin a venda de diesel da Rússia às empresas importadoras brasileiras Brasil, a preços inferiores ao do mercado internacional. Putin concordou e, desde então, aquele país tornou-se fornecedor habitual e tem suprido cerca de 30% da demanda nacional de diesel -- em 2023 as compras totalizaram US$1,5 bilhão --, mesmo sob a circunstância do conflito bélico Rússia-Ucrânia, situação em que a manutenção de estoques elevados de diesel é fator de segurança de um país.
Se a vulnerabilidade do suprimento de diesel no Brasil já era elevada, tornou-se escandalosa ao surgir no horizonte a perspectiva de alastramento da guerra no Oriente Médio por afetar ainda mais negativamente o suprimento mundial dessa commodity imprescindível.
Assim, ao reativar o Projeto Abreu e Lima, o presidente Lula da Silva, na defesa do interesse público, age como estadista e enfrenta interesses norte-americanos, a quem interessa o Brasil como importador de diesel dos EUA, como ocorria até junho/2022; e exportador de petróleo bruto.
Lula da Silva contraria também os interesses do mercado financeiro internacional e dos farialimeres tupiniquins, aos quais interessa a venda das refinarias e a distribução imediata do resultado desse desinvestimento aos acionistas da Petrobras, para engordarem a rentabilidade dos fundos de investimentos em capital variável, oferecidos pelos bancos aos seus clientes.
Essa ação estratégica dos agentes do mercado financeiro é camuflada por uma retórica de tecnalidade e de pretenso caráter científico, que é a tese de que refinarias de petróleo apresentam menor rentabilidade relativa que a exploração e a venda do petróleo in natura. E que, por esse motivo, a Petrobras e o País deveriam concentrar-se na extração e venda o óleo bruto e deixar o refino.
Contudo, petróleo in natura não é energia. Ele precisa ser transformado em gasolina, diesel, gasolina de aviação, bunker oil para navios, lubrificantes e outros derivados, para, sob essa nova forma, produzir energia. E energia é essencial para o desenvolvimento da indústria, do comércio e da agropecuária, para a iluminação das cidades e para o acesso aos bens tecnológicos pelas famílias e pelas empresas, para a iluminação residencial e do comércio, de hospitais, universidades e escolas, para a pesquisa científica, para o transporte e para a vida em todos os aspectos.
E, no quadro bélico internacional dos dias atuais, é essencial para o estado de alerta e de manutenção da capacidade de dissuasão das Forças Armadas e de defesa do País, o suprimento de diesel para tanques de guerra (MBT) e veículos blindados para transporte de tropas e de seus suprimentos, além de carros de artilharia autopropulsada, bunker para os navios, diesel para os submarinos, gasolina de aviação para caças e bombardeiros etc.
Assim, depender do suprimento de fontes energéticas provenientes de outro país é perda de soberania, é subalternalidade internacional, seja para geração de energia para a vida civil e empresarial, quanto para a vida militar.
Contudo, a retórica dos agentes do mercado financeiro e organizaçõs lobistas é a de que refinarias apresentam menor rentabilidade e por estarem associados exclusivamente ao seu interesse privado, não querem refinarias de petróleo no Brasil. O mesmo ocorre no México e em toda América Latina. A estratégia é a dependência das importações de díesel norte-americano, produzido a partir do petróleo bruto que lhes exportamos.
Ao mercado financeiro interessa a venda das refinarias e a distribuição imediata, aos acionistas, da receita total dessa operação de desinvestimento, seja sob a forma de dividendos, principalmente, pois isentos de IR no Brasil, seja sob a forma de juros sobre o capital próprio da empresa petroleira de economia mista, que no caso brasileiro conta como recolhimento de imposto de renda na fonte, com alícota de 15%.
A muito bem vinda iniciativa do presidente Lula da Silva, de retomada do projeto da refinaria Abreu e Lima, já sofre o bombardeio da grande mídia, cuja mentalidade é subalterna a esses interesses do mercado financeiro e jamais irá reconhecer a importância da Abreu e Lima, acima de seus interesses pessoais, como jornalistas, e empresariais, como empresa de comunicação dependente da publicidade paga pelos bancos. E seguirão em sua pequenez antinacional, desenterrando até a operação lavajato, de triste memória, símbolo maior da corrupção, imoralidade, ilegalidade e da subserviência, no Brasil, aos interesses econômicos e geopolíticos do grande capital financeiro e dos EUA.
No México foi a mesma coisa: os agentes do mercado financeiro e seus portavozes na imprensa 'especializada' exigiam a venda das duas únicas refinarias nacionais de petróleo daquele país. Mas, o atual presidente do país, Manoel Lopez Obrador, ganhou as eleições em 2018, há 6 anos e, contrariando os interesses internacionalistas e financistas, respondeu: "Não temos de vender as duas refinarias. Temos de construir outras duas refinarias". A matéria a respeito foi publicada no jornal El Economista, da Cidade do México. Uma dessas novas refinarias prometidas, o presidente Lopez Obrador está entregando nesse momento, ao final de seu mandato presidencial de 6 anos, a concluir em junho/2024.
O nome disso é soberania, cuja visão em perspectiva tem sido ignorada pelo jornalismo brasileiro, majoritariamente dominado pelos interesses anti-nacionais, lamuriosos e bandidos do mercado financeiro ... com raríssimas e honrosas exceções.
Viva México, viva Brasil.