"The Negress", Henri Matisse, 1952.
On Peace
por João Cabral de Melo Neto
Não é a paz o não mas o sim.
A paz é um silêncio, mas vivo.
Silêncio grávido de vida,
não o do deserto ou do vazio.
Silêncio vivo, porém não
de quem aceso na emboscada.
Silêncio da cana crescendo
ou o tão ruidoso da boiada.
Pode estar no siêncio em poças
de uma "glorieta" de Sevilha
ou na ladainha horizontal
do mar numa praia de Olinda.
Silêncio que pode ser ruidoso,
em sinal mais, não sinal menos.
Não o do gaguejo da metralha,
mas o do que madura em silêncio.