Crime de guerra, o ataque ao Campo de Refugiados de Rafah pela força aérea de Israel, após a CIJ determinar o cessar-fogo israelense.
Diplomatas europeus alertam que ataque de Rafah intensificará pressão sobre Israel para aceitar cessar-fogo
Embora a ordem da CIJ Corte Internacional de Justiça para limitar a ação israelense em Rafah, na semana passada, tenha sido "vaga o suficiente para que os países possam fechar os olhos", diplomatas europeus alertaram que o ataque mortal israelense a Rafah durante a noite de 2ª feira pode mudar o quadro
Diplomatas ocidentais alertaram na 2ª feira, 27.05, que os países europeus podem interpretar estritamente a decisão da CIJ sobre a operação das Forças de Defesa de Israel em Rafa, após o incidente mortal em que dezenas de civis morreram como resultado de um ataque israelense à cidade durante a noite da 2ª feira.
Os diplomatas que falaram com o Haaretz, que representam países que apoiaram Israel no início da guerra contra o Hamas, avaliaram que o incidente de Rafah levará a duras condenações a Israel e também afetará a maneira como seus países tratam a ordem da CIJ, que Israel esperava que fosse interpretada de forma relativamente leve.
"Na 6ª feira, parecia que Israel obteve um resultado relativamente razoável em Haia", disse um dos diplomatas. "A ordem limitava a ação em Rafa, mas sua linguagem era vaga o suficiente para que os países pudessem fechar os olhos."
De acordo com o diplomata, a linguagem que os juízes escolheram usar em sua decisão deixou a Israel considerável espaço para agir:
"A ordem proibiu ações que possam prejudicar significativamente civis, mas não proíbe toda atividade militar em Rafa. A decisão é semelhante à linha adotada pelo governo Biden e pelos países importantes da Europa."
Segundo ele, no entanto, a morte de muitos civis palestinos após um incêndio que eclodiu depois que as FDI Forças de Defesa Israelense atacaram Rafah pode mudar o quadro.
"É difícil ignorar o terrível momento deste incidente", disse um diplomata ao Haaretz.
"Dois dias depois que a CIJ disse a Israel: 'você pode operar em Rafa, mas não causar baixas civis em massa', um ataque aéreo causa baixas civis em massa. Isso aumentará a pressão por uma interrupção completa da ofensiva, em Rafah e da guerra em geral."
O presidente francês, Emmanuel Macron, expressou esse sentimento em uma resposta que publicou poucas horas após o incidente, na qual escreveu que não há como proteger os civis em Rafah enquanto a operação lá continuar, e pediu um cessar-fogo imediato.
O chefe de política externa da UE, Josep Borrell, que é altamente crítico de Israel, acusou o país de violar as ordens da CIJ.
O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha disse em um comunicado que as fotos que saíram de Rafah eram "insuportáveis" e pediu a Israel que investigue imediatamente as circunstâncias do incidente e proteja melhor a população civil no local.
Outro diplomata sênior que conversou com o Haaretz foi o mais cético sobre as desdobramentos legais do 'incidente'. Segundo ele, os juízes de Haia não são influenciados por eventos que ocorrem no prazo imediato, mas consideram o quadro mais amplo ao longo de um período de meses. Ele, no entanto, descreveu as fotos como uma "catástrofe de relações públicas" para Israel.
"Israel está perdendo cada vez mais apoio no Ocidente, e este incidente explica o porquê". ... "Mesmo para governos que realmente apoiam Israel, é difícil apoiá-lo diante de tais imagens",
disse o diplomata.
Em uma conferência de ministros das Relações Exteriores da UE na 2ª feira, vários países pressionaram para adotar uma postura mais dura em relação a Israel à luz da decisão da CIJ e da guerra em curso.
Sanções Diretas a Israel e líderes do governo
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Irlanda - um dos três países que anunciaram na semana passada que reconheceriam um Estado palestiniano - disse no final da conferência que os ministros dos Negócios Estrangeiros de todos os países discutiram a imposição de sanções diretas a Israel se este não cumprir a decisão do tribunal.
Autoridades israelenses acreditam que, se tal proposta for colocada em votação, haverá países individuais na Europa que se oporão a ela, mas estão preocupados com a possibilidade de que os países adotem tais políticas de forma independente.
Os ministros das Relações Exteriores da UE também discutiram a imposição de sanções a líderes dentro do governo que apoiam a violência de extremistas de direita e colonos contra palestinos. Eles aparentemente estão se referindo aos ministros e membros do partido de extrema direita Otzma Yehudit.
Até agora, a UE impôs sanções a extremistas de direita envolvidos diretamente em atividades violentas e à organização racista Lehava, mas não a líderes políticos em Israel.
Tal proposta precisaria do consenso de todos os Estados da UE para ser aprovada.
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