PETROBRAS - Resultado no 3º Trimestre de 2024:
FORTE
A Petrobras apresentou um 3T24 forte, em linha com as expectativas do consenso, com EBITDA ajustado de R$ 64,4 bilhões (+3,4% t/t e -3,7% a/a), mesmo com a desvalorização do Brent (-6% t/t e -8% a/a).
O resultado foi beneficiado pelo aumento no volume de produção e maiores vendas internas, compensando a queda do Brent e as menores margens com derivados, especialmente diesel. As despesas operacionais caíram 24,6% t/t e 19,2% a/a devido à ausência de itens extraordinários (transação tributária).
O resultado financeiro foi beneficiado pela valorização do real frente ao dólar (final do período), com impacto positivo no lucro líquido de R$ 32,6 bilhões (7,1% acima do consenso).
A Petrobras seguiu com uma excelente geração de caixa operacional, de R$ 62,7 bilhões, incremento de 33% t/t e 11% a/a, e atingiu um fluxo de caixa livre de R$ 38,0 bilhões. A dívida bruta foi mantida em US$ 59,1 bilhões, enquanto a dívida líquida caiu 4,1% t/t, atingindo US$ 44,3 bilhões.
Com isso, a Companhia pôde anunciar o pagamento de R$ 17,1 bilhões em dividendos intercalares, com base na política de distribuir 45% do fluxo de caixa livre (quando a dívida bruta estiver inferior a US$ 65 bilhões).
O pagamento será dividido em duas parcelas, em fevereiro e março de 2025, e dado o volume de geração de caixa no ano e a atual política de dividendos, entendemos ser possível o anúncio de dividendos extraordinários quando da divulgação do novo plano de negócios, que deve ocorrer no final deste mês de novembro.
Olhando para cada segmento, vimos dinâmicas semelhantes ao 2T24, com números mais favoráveis em E&P, e impactos dos menores crack spreads globais influenciando o resultado em refino (RTC), que teve menores margens e elevação de 8% no custo unitário, parcialmente compensados pelo maior volume de vendas.
Resultado por segmento
> Exploração & Produção (E&P). O lucro bruto do segmento foi de US$ 9,4 bilhões, estável t/t, mas com elevação de 4% no lucro operacional graças à menor despesa tributária, um efeito da transação realizada no trimestre anterior. O lifting cost caiu 4,5% t/t e 2,3% a/a, com redução especialmente no pré-sal, influenciado pelo efeito cambial e aumento da produção.
> Refino (RTC). O lucro bruto veio 18% inferior t/t, com as menores margens de derivados (em especial diesel e QAV), ainda que o maior volume de vendas tenham compensado parcialmente a queda. O custo de refino subiu 8% t/t, devido a maiores despesas operacionais, principalmente custos de manutenção e ACT.
> Gás e Energia. O lucro bruto foi impactado por menores preços de gás, uma queda de 3,7% t/t e 5,5% a/a, e aumento na importação de GNL. A Petrobras adotou uma política de prêmio para manter competitividade no mercado não-térmico. As despesas operacionais foram reduzidas em 2,9% t/t pela desvalorização cambial e reversão de uma perda judicial, enquanto a variação anual foi de -4,7%.
Os investimentos totalizaram US$ 4,5 bilhões no 3T24, um aumento de 31,3% t/t, acumulando US$ 10,9 bilhões nos 9M24, 19% maior a/a. A elevação no volume de investimentos é importante para que a companhia consiga implementar as estratégias de crescimento previstas em seu plano de negócios, já que vem encontrando dificuldades em licitações de plataformas nos últimos trimestres, devido a uma escassez global de fornecedores e maiores preços.
Os investimentos foram concentrados em E&P (85%), com foco em projetos no pré-sal da Bacia de Santos (US$ 2,2 bilhões) e de Campos (US$ 0,8 bilhão). No segmento de RTC, foram investidos US$ 0,5 bilhão em refinarias, e em Gás e Energias de Baixo Carbono, US$ 0,1 bilhão, incluindo o projeto Rota-3 e aquisição de blocos na Bacia de Pelotas.
As expectativas em relação à bacia de Pelotas vêm aumentando, com especialistas apontando as semelhanças da região com descobertas recentes na Namíbia, na costa da África, onde são estimadas reservas de até 13 bilhões de barris de petróleo.
A aposta ainda leva um tempo considerável para ser confirmada, já que ainda é necessário fazer todo o levantamento sísmico, o que pode deixar uma eventual produção na região para meados da década de 30.
A Petrobras segue descolada para cima em relação ao Ibovespa, subindo 19,1% nos últimos 12 meses, ante +8,7% do índice, refletindo as boas condições operacionais e financeiras.
Os preços de petróleo têm enfrentado uma maior pressão de baixa, refletindo a oferta ainda limitada pelos cortes da OPEP+, com prêmio adicional por riscos geopolíticos compensando parcialmente a demanda mais fraca. O interessante da tese de investimentos da Petrobras é que, mesmo em um cenário de menores preços de petróleo, a companhia tem maior resiliência devido a seus menores custos de extração, que no pré-sal chegam a ser metade do custo exploratório das petroleiras independentes no Brasil.
Assim, seguimos vendo a boa performance financeira sustentada pelo crescimento da produção e baixos custos, mas também ressaltamos na tese o endividamento sob controle e uma política de dividendos e recompra de ações que deve seguir trazendo bons retornos para os minoritários.
Mantemos nossa recomendação compra e o preço-alvo de R$ 48,50 para 2025.
Confira no relatório anexo a íntegra da análise efetuada por
DANIEL COLBUCCI, analista senior do BB Investimentos