EDITORIAL
FariaLimers impõem ao BC nova alta da Selic
Mercado determina elevação da Selic em 1 ponto percentual em cada uma das reuniões do Copom, a de hoje, 28-29.01, e a de18-19.03.2025
por Wilson Roberto Correa
O COPOM Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC) iniciou na 3ª feira, 28.01, a 1ª reunião sob o comando do novo presidente do BC, Gabriel Galípolo. Os trabalhos seguem esta 4ª feira, 29.01.2025, quando será divulgada a nova taxa Selic, após o término do expediente bancário e nas bolsas de valores.
Mecanismo de pressão dos bancos contra o BC, a edição de 2ª feira, 27.01, do Boletim Focus -- pesquisa semanal com analistas de mercado realizada pelo próprio BC Autônomo --, revela que a Selic está fadada a subir 1 ponto percentual nesta reunião do Copom, de 12,25% para 13,25% ao ano, em 28 e 29.01.2025; e também em mais 1 ponto percentual na próxima reunião, em 18 e 19.03.2025.
O mercado financeiro tem como líquida e certa essa nova elevação da Selica, o legado espúrio de Roberto Campos Neto, contra o desenvolvimento do País.
Com isso, diante da chantagem manifesta em operações cartelizadas de escalada do dólar no mercado futuro e no mercado à vista, além de paralizações das operações de crédito e escalada de juros pelos bancos, a FariaLima terá atendida sua pretensão e sua escancarada busca persistente de dominação anti-democrática exercida sobre o BC.
Diante da subida no preço dos alimentos -- derivada da seca e quebra na produção -- e o agravamento da alta do dólar até o primeiro decêndio de janeiro -- sorrateiramente provocado pelo próprio mercado financeiro para barrar a instauração de Imposto de Renda sobre receitas a partir de R$ 50.000,00 mensais, defendido pelo Ministério da Fazenda -- a diretoria do BC poderá decidir lastimavelmente em favor dos usurpadores do orçamento público. Contudo, a subida da Selic não tem qualquer efeito sobre aqueles fatores no sentido da redução de seu impacto inflacionário.
Para memorização das circunstâncias, após ter alcançado 10,5%aa no período junho-agosto/2024, a taxa começou a ser elevada em setembro com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto e uma de 1 ponto percentual, alcançando 12,25%aa em dezembro/2024. Naquele momento, o Comunicado ao mercado do último encontro do Copom, então sob o comando de Campos Neto, buscando criar situação irreversível, informara que elevaria os juros básicos em 1 ponto percentual nas reuniões de janeiro e de março/2025.
Na ata da reunião do Copom, publicada na semana seguinte, a confirmação do constrangimento ao novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, para que o Comite realize as novas elevações pretendidas pelo mercado financeiro. Assim, naquela Ata o Copom alertou o mercado para o prolongamento do ciclo de alta da Taxa Selic: duas elevações de 1 ponto na Selic seriam assim realizadas nas reuniões de 28-29.01 e 18-19.03.2025. A alegação foi a de que o cenário econômico exigiria política monetária ainda mais contracionista. E nesta 4ª feira, 29.01, ao fim do dia, o Comite irá formalizar a decisão sob constrangimento.
Para elevar o constrangimento, o boletim Focus do BCm da última 2ª feira, aponta que os farialimers estimam a inflação de 4,96% para 2025, indicador acima do teto da meta estabelecida pelo CMN Conselho Monetário Nacional, de 3% para este ano, podendo chegar a 4,5% por causa do intervalo de tolerância de 1,5 ponto.
Desse modo, farialimers buscam induzir o BC a provocar um movimento recessivo da economia brasileira por conta de sua expectativa tendenciosa de inflação estar 0,46 pp acima o teto de inflação estabelecida pelo CMN para os 12 meses do presente ano; e estamos em janeiro.
Sem qualquer compromisso com o desenvolvimento do País, o bando de oportunistas farialimers não tem pé na realidade. Pois, de
Merece destaque que a ausência de bases técnicas para nova elevação da Selic se expressa em indcadores importantes:
a) considerado o conjunto de 25 das mais importantes economias do planeta (1), o panorama é de queda da taxa de juros básicos; pois, do total dessas 25 economias, 19 baixaram suas taxas básicas de juros nos últimos 3 meses, isto é, 76% delas; 3 reduziram em janeiro/2025; 9 delas, em dezembro2024; 5, em novembro/2024. Dessas 25 economias nacionais, 15 reduziram sua taxa básoca de kirps em 0,25pp; 3, em 0,50pp; e 1 país, em 2,5pp. Os EUA reduziram em 0,25pp em dezembro/2024; o Reino Unido, também em 0,25pp, e o Canadá, em 05pp em novembro/2024; a China, em 0,25pp em outubro/2024; e o BCE Banco Central Europeu, em 0,25pp, em dezembro/24.
b) a cotação do dólar estadunidense tem caído seguidamente, após superado o ataque especulativo conduzido pelo mercado financeiro para derrubar a proposta de instauração do tributo de 15% sobre as rendas acima de R$50.000,00 mensais, que atingiria os próprios farialimers, defendida pelo Ministério da Fazenda. A cotação do dólar chegou á máxima de R$ 6,3144 em 18.12.2024, no auge do ataque especulaltivo, e vem caindo desde então até ter alcançado nesta 4ª feira, 29.01.2025, a cotação de R$ 5,8715, nível médio de novembro/2024, antes do ataque especulativo pelos farialimers.
Embora tenha efeitos fiscais danosos e devastadores para toda a economia, suguando recursos biliardários do orçamento público -- cerca de R$ 60 Bilhões ao ano para cada ponto percentual da Selic --, limitando os investimentos produtivos públicos e privados e atuando como perverso instrumento de concentração de renda, o BC Autônomo utliza a Selic como instrumento predominante para manter a inflação sob controle, quase exclusivo, descomprometido com o crescimento do País, sujeito às pressões dos agentes do mercado financeiro, os quais têm (1º) o exclusivo interesse de valorizar suas carteiras de fundos investimento oferecidas a sua clientela, (2º) expandir as taxas de gestão desses fundos cobradas pelas instituições financeiras e notadamente (3º) elevar seus bonus pessoais por desempenho.
Brilhantes economistas brasileiros e internacionais têm observado o quanto o mecanismo exclusivo de controle da inflação pelo gerenciamento da Selic tem sido utilizado erradamente.
O economista Delfim Neto fez severas críticas, na coluna que mantinha do jornal Valor Econômico, ao boletim Focus classificando as expectativas ali delineadas pelos agentes de mercado como "Expectativas Auto-Realizáveis", exprimindo a tese de que elas levam, induzem e impõe ao BC o caminho de elevaçao da Selic expresso no Focus.
Também o economista André Lara Rezende, que foi presidente do BNDES e um dos proeminentes pais do Plano Real, teceu severas críticas à elevação da Selic, o que classificou como mecanismo de promoção acelerada de déficit público, porquanto eleve o endividamento público; e, porisso, meio errado para combater inflação, pois, ao contrário, promove inflação. É sempre bom lembrar que cada ponto percentual da Selic custa aos cofres públicos cerca de R$ 60 Bilhões ao ano, que devem ser cobertos pela Secretaria do Tesouro Nacional por meio do lançamento de títulos que o próprio mercado financeiro chantegeia o Tesouro exigindo juros elevados para sua compra e rolagem da dívida pública federal.
Passa da hora de o País livrar do cabresto imposto pelos bancos privados. A correlação de forças políticas é grandemente desfavorável para uma transformação revolucionário e também meramente reformista. A despeito disso, Para isso, algumas medidas podem ser guardadas em um portfolio para implementação em ocasião mais favorável. Enfim, sete medidas poderiam ser paulatina e oportunamente implementadas, a medida que se fizerem necessárias e em conformidade com o avanço do quadro político e econômico-financeiro do País, as duas primeiras delas, pelo próprio Povo Brasileiro em um grande movimento nacional, a saber:
A primeira medida seria o próprio Povo Brasileiro, de forma paulatina, solicitar resgate de seus investimentos em títulos públicos junto aos bancos privados e aplicá-los diretamente no Tesouro Direto.
A segunda medida seria a migração em massa pelo Povo Brasileiro de suas contas correntes, poupança e investimentos para os bancos públicos e o abandono dos bancos privados, em retaliação pelo bloqueio aos empréstimos a pessoas fisicas e jurídicas, a estas últimas na modalidade de capital de giro e capital de investimentos, em carteira própria ou em carteira com recursos públicos, supensão que bancos privados impõem a sua clientela todas as vezes que buscam pressionar o governo federal para obtenção de benesses.
A terceira medida seria a tributação com IOF das operações especulativas no mercado futuro de câmbio.
A quarta medida seria o BNDES, o Banco do Nordeste e o Banco da Amazônia, deixarem de fazer uso da rede privada de bancos para repasses de suas linhas de crédito; e repassarem-nas por meio exclusivamente de bancos públicos, Caixa Econômica, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia, que tem expertise de décadas em tais operações, além de ampla rede de agências.
A quinta medida seria a instauração de processo judicial contra bancos privados por indicio de manipulação do mercado cambial e crime contra a economia popular, segundo a lei e normas em vigor, a saber: artigo 4, item IV da Lei 6.385, de 07.12.1976; artigo 2, item III, alíne a da Lei 9.613, de 03.03.1998; além de outras normas e portarias da CVM Comissão de Valores Mobiliários, do Banco Central e do CADE.
A sexta medida seria a suspensão da autorização de funcionamento de bancos privados comandantes e participantes do boicote, da chantagem e manipulação do mercado cambial.
A sétima medida, no limite, esgotadas no tempo as tentativas de solução antes aplicadas, poderia ser a suspensão das atividade de câmbio dos bancos e instituições financeiras privadas e a atribuição das operações cambiais exclusivamente aos bancos públicos.
(1) Austrália, Canadá, República Checa, Chile, China, África do Sul, Arábia Saudita, Coréia do Sul, EUA, Nova Zelândia, Israel, Dinamarca, Brasil, Hungria, Índia, Japão, México, Noruega, Polônia, Reino Unido, Rússia Suécia, Suíça, Turquia, além do Banco Central Europeu, que é responsável pela gestão da taxa de juros básicos da economia de outros 20 países, a saber: Alemanha, Áustria, Bélgica, Croácia, Chipre, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Portugal, Eslováquia, Eslovênia e Espanha.