Diário do Mercado na 3ª feira, 31.08.2017
Bolsa resiliente mesmo com questões domésticas
Resumo.
A PGR (Procurador Geral da República) levantou suspeitas sobre a delação da JBS. O fato em verdade foi entendido pelo mercado como atenuante da possibilidade de uma nova denúncia sobre a presidência da república.
Ademais, existiu uma percepção de um provável avanço das reformas estruturais propostas pelo governo. A isso se seguiu uma nova queda do dólar, bem como novas retrações nos juros futuros, mas a bolsa pouco se alterou.
Ibovespa.
Pela manhã, o Ibovespa chegou a operar significativamente no positivo. No entanto, à tarde, a tração foi perdida, e a bolsa enfim aderiu-se ao mercado norte-americano e cedeu.
No ponderado, a alta da Petrobras e a queda da Vale praticamente se anularam, e por fim o Ibovespa fechou estável, aos 72.150 pts (+0,03%). Embora divida opiniões entre analistas, com uma vertente entendendo que está próximo o momento de uma realização de lucros mais forte, reiteramos a nossa visão de uma manutenção do cenário de alta para o curto prazo.
O giro financeiro preliminar da Bovespa foi forte, de R$ 11,10 bilhões, sendo R$ 10,60 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa. A Bovespa apresentou ingresso de capital externo de R$ 430,83 milhões no dia 1º de setembro (último dado disponível), e passou a acumular saldo líquido de R$ 11,41 bilhões em 2017.
Agenda Econômica.
Em divulgação pela manhã, o IBGE informou aumento na produção industrial brasileira de julho ante junho, em 0,8%. O resultado superou as expectativas dos analistas, que previam, em média, um aumento de 0,4%. No acumulado do ano, o índice teve alta de 0,8%. Em comparação ao mês de julho de 2016, registrou-se aumento de 2,5%, também acima das expectativas, que tiveram consenso de 1,80%. No detalhamento do índice, o destaque fica para o grupo Bens de Capital, com crescimento de 1,9% no mês.
Nos EUA, a última prévia dos pedidos de bens duráveis para o mês de julho demonstrou queda de -6,8% em relação ao mês anterior, bem abaixo da expectativa do mercado, que registrava -2,9%.
Câmbio e CDS. Impactado positivamente pela melhora da atmosfera política com a possibilidade de anulação da delação da JBS, o dólar cedeu firme perante o real. Houve o importante rompimento do patamar dos R$ 3,12 findando a paridade a R$ 3,1182 – o menor nível em pouco mais de um mês.
Risco País. O Risco Brasil medido pelo CDS brasileiro de 5 anos, analogamente, perdeu o nível dos 190 pontos, fechando a 189.
Juros.
A leitura dos agentes, de alívio da atmosfera política com a suspeita acerca da delação da JBS tombou os juros, em especial na ponta longa da curva a termo, mais sensível a melhorias vistas como estruturais. Na ponta curta, viu-se também retração, em posicionamentos de última hora antes da definição da Selic pelo Copom.
Para a quarta-feira.
O evento mais relevante do dia (e da semana) no Brasil, a definição de juros pelo Copom acontecerá após o fechamento do mercado. Embora surpresas possam se materializar, de acordo com o comunicado passado e observado a evolução das variáveis envolvidas, existe, em nossa visão, pouco espaço para outra decisão que não aquela que permanece como consensual pelo mercado: corte de 100 pontos-base, levando a Selic a 8,25%.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 3ª feira, 05.09.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, analista senior, e RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, analista, ambos da equipe do BB Investimento.