Afinal é possivel não colocar uma meta, deixa-la aberta, e quando atingir a meta, dobrar esta meta?
O discurso da presidente Dilma Rousseff sobre o PRONATEC, gerou uma enorme repercussão na mídia,tendo recebido várias críticas, quando ela disse:
“E nós não vamos colocar uma meta, nós vamos deixar uma meta aberta, quando a gente atingir a meta, nós dobramos a meta”.
Não é tema deste artigoavaliar performance da presidente Dilma, mas aproveitoeste polêmico discurso em que ela fala de metas, para fazer uma analogia ao mundo da criatividade e inovação, que hoje são considerados fatores essenciais ao desenvolvimento de novas empresas e também como fonte de geração de valor nas existentes. Seria então realmente um “nonsense”, a colocação da presidente?
A princípio faço algumas definições:
Criatividade é o processo no qual se desenvolvem novas idéias ou ainda segundo Steve Jobs a criatividade em arte e technologia é sobre a forma de se expressar de um indíviduo. Ou seja, uma invenção tende a ser uma ruptura, algo essencialmente novo, mas sem a preocupação imediata com resultados financeiros.
Inovação é tradução deste idéia em novo negócio/solução rentável e que venha criar valor agregado.
O tema criatividade e inovação vem recebendo uma atenção especial tanto de consultorias especializadas como de grandes gestores.
Segundo um relatório da consultoria Mckinsey, para se obter um inovador modelo de negócio, o criador deve formular uma hipótese radical que ninguém queira acreditar, ou que pelo menos ninguém dentro do seu setor acredite. Após esta criação transforme-o em um novo mecanismo de interação com o seu consumidor, e desenvolva um novo modelo negócio que gere valor.
Já Steve Jobs em sua forma de gestão da Apple pregava que:
“Não ouça seus consumidores eles não sabem o que eles querem”.
Steve não acreditava na estratégia de perguntar o que o consumidor queria e sim na idéia de criar algum produto que ele (consumidor) passasse a julga-lo como necessário. Ele perguntava:
“Pois como é possivel perguntar a alguém como um computador gráfico deve ser se ele não tem idéia do que é um computador gráfico ?”
Desta forma posso concluir que no mundo da criatividade e da inovação a frase da presidente faria sentido, além disto poderia dizer que ela traduz de uma maneira inusitada uma forma estratégica de pensar sobre o tema, conforme descrevo abaixo:
Podemos acreditar que para desenvolver um novo produto ou serviço que venha a mudar toda a forma de pensar ou agir do consumidor, ou proponha soluções para problemas existentes ou ainda crie um novo desejo no consumidor no início o mais importante é ter a idéia, e desenvolver toda a criatividade através da arte ou tecnologia, sem pensar em metas. Portanto a princípio NÃO VAMOS COLOCAR META VAMOS DEIXA-LA EM ABERTO, o foco é a criatividade.
Num segundo momento entra em campo o fator inovação, é nesta hora que o criador trasforma este novo negócio em uma nova solução, fazendo com que o consumidor tenha a experiencia do produto e passe a ter a necessidade dele, deseje-o. Nesta etapa podemos considerar que ATINGIMOS A META ou seja o consumidor passou a demandar o produto que foi criado.
Num terceiro momento a empresa passa a adicionar valor, pois seu produto hoje tem um público leal, que reconhece o valor de seu produto. Logo esta empresa tem uma noção do que é realmente seu mercado podendo traçar metas tangíveis e assim até DOBRAR A SUA META, que foi traçada inicialmente nesta fase do processo.
Podemos concluir que antes das empresas pensarem em metas sobre produtos ou serviços existentes elas devem fomentar a cultura organizacional que permita e valorize a criatividade, pois somente o sucesso desta estratégia é que torna capaz a construção de valor a partir de ativos intangíveis.
A principio não vamos colocar metas, foque na criatividade pois se atingirmos a meta do desejo de compra do consumidor de um produto que ele ainda não tinha experimentado, poderemos dobrar esta meta e nos tornarmos muito mais competitivos e gerando mais valor.
“Criatividade é conectar as coisas. Quando você pergunta a uma pessoa criativa, como ele fez aquilo, ele se sente um pouco culpado pois ele realmente não fez, ele apenas viu alguma coisa. ”
Steve Jobs
HAROLDO MONTEIRO
Sócio da Planning & Management Consultoria
Especializada em Gestão e Tendencias Economicas para o Varejo e
Consultoria em Finanças e Franchising
O autor é graduado em Administração de Empresas e Engenharia Econômica pela UERJ, além do MBA Business Administration pela Ohio University.
É professor convidado da COPPEAD para a disciplina Administração Financeira de Curto Prazo.
A publicação desse artigo no JORNAL FRANQUIA foi autorizada pelo próprio autor.