Home   |   Expediente   |   Publicidade   |   Cadastre-se   |   Fale Conosco             

Investimentos

07 de Março de 2023 as 01:03:21



AMBEV - Resultado 4T22 e Revisão de preço-alvo 2023e: Perspectivas pouco empolgantes


 
AMBEV - Resultado 4T22 e Revisão de preço-alvo 2023e
 
Desempenho no Brasil como destaque, mas perspectivas menos empolgantes; novo preço-alvo 2023e
Por Mary Silva, CNPI-P e 
Melina Constantino, CNPI
02.03.2023
 
A boa execução comercial no Brasil liderou a construção do resultado da Ambev, enquanto as operações internacionais enfrentaram ventos contrários ao longo do ano.
 
Em 2022, os volumes de cerveja e de não alcoólicos no Brasil atingiram recordes históricos e, no 4T22, mesmo com o verão mais ameno e chuvoso no país, a Ambev entregou o melhor quarto trimestre da história em termos de volumes, desempenho que foi apoiado pela realização da Copa do Mundo e do impulsionamento de ocasiões de consumo fora da residência.
 
Vale mencionar que a empresa cumpriu sua projeção de crescimento de cpv/hl (ex-D&A e vendas no marketplace não-Ambev) no segmento cervejas no Brasil, cuja estimativa era de um crescimento no intervalo entre 16% e 19%, e encerrou 2022 com alta de 16,6%.
 
Para 2023, a Ambev espera uma continuidade do incremento de receita/hl e de menor pressão de custos com insumos, com potencial para suportar um crescimento de EBITDA ajustado consolidado acima do reportado no ano anterior (+17,1%). No entanto, entendemos que, diferentemente de períodos anteriores, em que havia expectativa de forte incremento do consumo, desta vez há poucos impulsionadores para os próximos resultados.
 
Além disso, alguns desafios devem permanecer, tais como o ambiente de negócios desfavorável nas operações internacionais, o cenário macroeconômico ainda adverso ao consumo em diversos países de atuação da empresa, e a concorrência persistente na indústria. Combinados, esses fatores tendem a limitar uma valorização substancial do papel ao longo do ano. 
 
Incorporamos os resultados recentes e as novas estimativas divulgadas pela companhia em nosso modelo financeiro e apresentamos nosso novo preço-alvo para 2023 para ABEV3 de R$ 15,00 (antes R$ 17,00). No entanto, alteramos a recomendação para Neutra (antes Compra) em razão das perspectivas menos empolgantes de entrega de resultados e desempenho da ação ao longo de 2023.
 
Brasil.
 
No segmento de cervejas, o volume do 4T22 foi o maior registrado pela companhia em um trimestre, com crescimento de 4,0% a/a, impulsionado pelo contínuo retorno das ocasiões de consumo fora da residência e pela realização da Copa do Mundo. 
 
A receita líquida avançou 16,9%, com a receita/hl apresentando crescimento de 12,4% a/a, devido à gestão de um mix positivo de marcas – o volume das marcas consideradas premium cresceu acima de 20% a/a. 
 
O custo/hl excluindo depreciação e amortização teve alta de 18,3% a/a, ainda pressionado pelos altos preços de commodities e pela desvalorização do real em relação ao dólar. O EBITDA ajustado cresceu 9,8% a/a, de forma orgânica, com margem de 28,7%, queda de -1,8 p.p. na comparação anual, influenciada pelo avanço das despesas gerais e administrativas (+17,8% a/a).
 
No segmento de não alcoólicos (NAB), o volume e a receita cresceram 6,6% e 25,7%, respectivamente, na comparação anual. Assim como nos trimestres anteriores, o desempenho de NAB continua refletindo a volta consistente do consumo fora da residência, além da melhor distribuição com o auxílio da plataforma BEES, que têm permitido o ganho de participação de mercado da Ambev na categoria, segundo as estimativas da própria empresa.
 
Os custos totais e as despesas gerais e administrativas (ambas excluindo D&A) cresceram 23,4% a/a e 38,8% a/a, pressionando a margem EBITDA ajustada do segmento, que atingiu 23,8% no 4T22, queda de 1,1 p.p. a/a, enquanto o EBITDA ajustado cresceu 20,1% a/a.
 
No consolidado, o EBITDA ajustado das operações no Brasil totalizou R$ 3,6 bilhões, crescimento de 11,1% a/a, com queda de 1,8 p.p. na margem, pressionada pelo avanço dos custos e despesas acima do incremento da receita.
 
Destaques operacionais e financeiros
 
> América Central e Caribe (CAC).
 
O volume permaneceu em queda, apesar de apresentar alguma melhora sequencial. Na comparação anual, o volume retraiu 13,4% a/a, pressionado pelo fraco desempenho na República Dominicana e pelo Panamá.
 
A região enfrentou problemas com a ruptura na cadeia de suprimentos no primeiro semestre, e o mau tempo e a inflação elevada no segundo semestre não permitiram a retomada comercial completa.
 
Assim, a receita líquida do 4T22 retraiu 5,7% a/a, em razão da queda de volumes. O custo/hl teve crescimento de 9,8% a/a impactada pela pressão inflacionária de preços de commodities, fretes e combustível. Com isso, o EBITDA ajustado retraiu 10,6% a/a, e a margem ficou em 37,2% (-2,0 p.p.).
 
> América Latina Sul (LAS). 
 
O desempenho da região foi afetado pelo ambiente de inflação elevada na Argentina e, em menor grau, no Chile, além de temperaturas atipicamente baixas no Paraguai.
 
O volume teve queda de 1,6% a/a no 4T22, enquanto a receita/hl cresceu 54,0% (de forma orgânica – ajustada pela correção do poder de compra da moeda corrente em ambiente com inflação elevada) em razão das iniciativas de gestão de receitas e um mix favorável de marcas.
 
Mesmo com a alta expressiva de custos e despesas, o EBITDA ajustado cresceu 93,6% a/a (de forma orgânica), com margem de 42,2%, incremento de 8,7 p.p. a/a.
 
> Canadá. 
 
Apesar da queda de volume (-5,4% a/a), a receita líquida do 4T22 cresceu 1,9% a/a em razão de um crescimento de 7,7% a/a na receita/hl. O modesto incremento da receita foi mais do que compensado pelo aumento combinado de custos (+1,2% a/a) e despesas gerais e administrativas (+6,4% a/a), ambos excluindo depreciação e amortização, o que levou a uma queda de 4,2% a/a no EBITDA ajustado e retração de 1,3 p.p. a/a na margem, que atingiu 20,7% no trimestre. 
 
No consolidado, a receita líquida da Ambev somou R$ 22,7 bilhões no 4T22, crescimento orgânico de 21,5% a/a, impulsionado principalmente pelo avanço de 19,7% na receita/hl e, em menor magnitude, pelo aumento de volumes (+1,5% a/a).
 
O EBITDA ajustado atingiu R$ 7,1 bilhões, com crescimento orgânico de 27,4% a/a, em linha com o desempenho da receita. Os custos permaneceram pressionados por maiores preços de commodities em todos os mercados onde a companhia atua e também pelo câmbio desfavorável, além da inflação de combustíveis e fretes, em conjunto com investimentos comerciais adicionais no Brasil, que impactaram as despesas.
 
O lucro líquido ajustado totalizou R$ 5,3 bilhões, crescimento de 36,4% a/a, em razão do crescimento do EBITDA e da menor alíquota efetiva de impostos – como efeito da forte reversão de impostos pela dedutibilidade do pagamento de juros sobre capital próprio.
 
> Desempenho da ação e Perspectivas
 
As ações da Ambev sofreram intensa volatilidade no início deste ano em meio ao noticiário sobre supostas irregularidades fiscais, que foram refutadas pela companhia no mesmo dia.
 
Em 02/02, a Ambev comunicou ao mercado que foi acusada indevidamente por uma associação formada por cervejarias concorrentes de ter cometido evasão fiscal na utilização de créditos fiscais registrados pelas engarrafadoras que compram concentrados de refrigerantes produzidos na Zona Franca de Manaus.
 
De acordo com a Ambev, a empresa calcula seus créditos tribuTários de acordo com a legislação vigente, e os referidos litígios e os valores envolvidos estão devidamente informados em suas demonstrações financeiras. 
 
Vale mencionar que este noticiário ocorreu em meio aos ruídos com relação aos sócios controladores da Ambev (a empresa 3G Capital) ao mesmo tempo em que foram divulgadas inconsistências contábeis no balanço da Americanas, cujos sócios controladores são os mesmos. 
 
Em relação aos ruídos mencionados acima, ressaltamos que não vemos indícios de desconfiança em relação aos valores divulgados pela Ambev acerca de seus litígios tributários, com base nas informações disponíveis até o momento.
 
No entanto, acreditamos que, no curto prazo, os papéis ABEV3 seguirão com baixa atratividade em razão do efeito colateral do caso Americanas, que deve continuar trazendo preocupações dos investidores com relação à confiabilidade dos números não só da Ambev, mas também de outras empresas listadas. 
 
De volta aos fundamentos, a despeito da visão da companhia de continuidade do incremento de receita/hl e de menor pressão de custos com insumos em 2023, com potencial para suportar um crescimento de EBITDA ajustado consolidado acima do reportado no ano anterior (que cresceu 17,1% a/a, elevando a base comparativa), entendemos que, diferentemente de períodos anteriores, em que havia expectativa de forte incremento do consumo em razão da:
 
(i)    reabertura e aumento de ocupação de bares e restaurantes no pós pandemia, 
(ii)   realização da Copa do Mundo no verão e a retomada de confraternizações e eventos de grande porte, e 
(iii)  normalização das comemorações de carnaval, desta vez há poucos impulsionadores para os próximos resultados com o cenário macro inflacionário limitando o poder de compra dos consumidores.
 
Além disso, alguns desafios devem permanecer, tais como o ambiente de negócios desfavorável nas operações internacionais, o cenário ainda adverso ao consumo em diversos países de atuação da empresa, e a concorrência persistente na indústria. Combinados, esses fatores tendem a limitar uma valorização substancial do papel ao longo do ano.
 
Deste modo, após incorporarmos os resultados recentes e as novas estimativas divulgadas pela companhia em nosso modelo financeiro, apresentamos nosso novo preço-alvo para 2023 para ABEV3 de R$ 15,00 (antes R$ 17,00). 
 
No entanto, alteramos a recomendação para Neutra (antes Compra) em razão das perspectivas menos empolgantes de entrega de resultados e desempenho da ação ao longo de 2023, conforme comentamos acima.
 
Resumo
 
Tese de investimento. 
 
(i)  estratégia de crescimento focada em ganho de participação de mercado e preferência do consumidor através das inovações, tanto por meio de lançamentos de novos produtos em diferentes categorias, como através de novos meios de atender aos clientes e consumidores, alinhados às principais tendências de consumo; 
 
(ii)  capacidade de repasse dos maiores custos aos preços de venda sem perda de volumes, aproveitando-se do cenário da retomada das ocasiões de consumo fora da residência, bem como da sua posição de liderança no mercado; e
 
(iii)  execução comercial bem sucedida, com manutenção de margens operacionais positivas e geração de caixa robusta, mesmo ao longo de períodos desafiadores, quando da disparada nos preços de commodities e elevação de despesas com combustíveis, fretes e energia. 
 
Principais Riscos: 
 
(i)  aumento da competição e estratégia comercial de concorrentes se mostrarem mais bem sucedidas, resultando em perda de participação de mercado nos locais onde atua; 
 
(ii)  incapacidade de repasse de preços e deterioração das margens em magnitude maior do que o esperado, considerando o atual cenário macroeconômico com pressão inflacionária e limitado poder de compra da população; 
 
(iii)  menores níveis de confiança do consumidor; 
 
(iv)  falha na estratégia de lançamentos e retorno menor do que o esperado de novos investimentos e inovações; 
 
(v)  alterações nas regras tributárias vigentes, com impacto direto no resultado líquido da companhia, que tem se beneficiado da dedutibilidade de imposto de renda em razão do pagamento de juros sobre o capital próprio; e 
 
(vi)  perda de incentivos fiscais.
 
Confira no anexo a íntegra do relatório a respeito elaborado por MARY SILVA, CNPI-P, e MELINA CONSTANTINO, CNPI, analistas do BB INVESTIMENTOS.

Clique aqui para acessar o aquivo PDF

Fonte: MARY SILVA, CNPI-P, e MELINA CONSTANTINO, CNPI, analistas do BB INVESTIMENTOS





Indique a um amigo     Imprimir     Comentar notícia

>> Últimos comentários

NOTÍCIAS DA FRANQUEADORA E EMPRESAS DO SEGMENTO


  Outras notícias.
AES Brasil - Resultado no 2º Trimestre/2023: Positivo, Forte Geração de Caixa 09/08/2023
AES Brasil - Resultado no 2º Trimestre/2023: Positivo, Forte Geração de Caixa
 
ITAÚ UNIBANCO - Resultado no 2º Trimestre/2023: Boa Performance 09/08/2023
ITAÚ UNIBANCO - Resultado no 2º Trimestre/2023: Boa Performance
 
RAIADROGASIL - Resultado no 2º Trimestre/2023 Positivo; Forte Expansão e Alta Produtividade 09/08/2023
RAIADROGASIL - Resultado no 2º Trimestre/2023 Positivo; Forte Expansão e Alta Produtividade
 
PETROBRAS - Resultado no 2º Trimestre/2023: POSITIVO 04/08/2023
PETROBRAS - Resultado no 2º Trimestre/2023: POSITIVO
 
GUIA TÉCNICO DE AÇÕES, 25.07.2023. NOVO RELATÓRIO - Avalie se convém investir 27/07/2023
GUIA TÉCNICO DE AÇÕES, 25.07.2023. NOVO RELATÓRIO - Avalie se convém investir
 
GUIA TÉCNICO DE AÇÕES, 21.07.2023. CONHEÇA O NOVO RELATÓRIO DO MERCADO - Avalie se convém investir 24/07/2023
GUIA TÉCNICO DE AÇÕES, 21.07.2023. CONHEÇA O NOVO RELATÓRIO DO MERCADO - Avalie se convém investir
 
GUIA TÉCNICO DE AÇÕES, 24.07.2023. CONHEÇA O NOVO RELATÓRIO DO MERCADO - Avalie se convém investir 25/07/2023
GUIA TÉCNICO DE AÇÕES, 24.07.2023. CONHEÇA O NOVO RELATÓRIO DO MERCADO - Avalie se convém investir
 
VALE - Relatório de Produção e Vendas 2T23 21/07/2023
VALE - Relatório de Produção e Vendas 2T23
 
GUIA TÉCNICO DE AÇÕES, 19.07.2023. CONHEÇA O NOVO RELATÓRIO DO MERCADO - Avalie se convém investir 20/07/2023
GUIA TÉCNICO DE AÇÕES, 19.07.2023. CONHEÇA O NOVO RELATÓRIO DO MERCADO - Avalie se convém investir
 
GUIA TÉCNICO DE AÇÕES, 14.07.2023. CONHEÇA O NOVO RELATÓRIO DO MERCADO - Avalie se convém investir 17/07/2023
GUIA TÉCNICO DE AÇÕES, 14.07.2023. CONHEÇA O NOVO RELATÓRIO DO MERCADO - Avalie se convém investir
 
Escolha do Editor
Curtas & Palpites